Yo!

É um anime cheio de testosterona. Pronto. Ah, tá, bora ver!

Gifu Dodo é feito para um público mais velho, mas não necessáriamente é um material inteligentão e cheio de sarcasmo e referências. É uma história para o adulto comum, buscando alguma coisa para assistir tomando uma cervejinha no fim do dia. Mais: é pro adulto japa. Assim como o mangá original, de criação de Tetsuo Hara, que era um mero executor de arte em Hokuto no Ken e depois fez várias histórias desse tipo, inclusive o Souten no Ken, prequel completamente diferente de Hokuto. O peso que Buronson aplicava no original sai para um clima galhofa entrar, se aproveitando do background de Hokuto no Ken para fazer um mangá até de certa forma mais bem humorado. Sem perder o clima dos filmões antigos do Schwarzeneger ou do Stallone.

Não sei como era o original deste Gifu Dodo, que é o Hana no Keiji, também da Shonen Jump como Hokuto. Não li. Mas Gifu Dodo é galhofa como o anime de Souten no Ken. Personagens caricatos, heróis de peito estufado e confiança inabalável, com habilidades impressionantes e com o sentido do brucutú ligado 24 horas por dia.

Se você não é um machão, daqueles que usam Aviator espelhado, falam pouco e só batem antes de entrar se for com a sola da bota, talvez alguns conceitos sejam estranhos e antiquados. Algumas coisas também são bem específicas da cultura japonesa também. Então, um anime pra poucos, ainda mais se levar em conta que nem é lá um clássico da porradaria.

Na trama, depois das batalhas de Hana no Keiji, anos se passam. Keiji continua sendo temido e adorado por suas habilidades e força e um antigo rival, o Kanetsugu do título, o reencontra e começa a relembrar o passado, em um papo regado à sakê e luz da lua. Cenas de luta, sangue e violência, sem poesia, sem divagações, sem culpa. Homens cumprindo seu papel de diminuir a densidade demográfica de canalhas no mundo.

Uma bunda logo na primeira cena acabou sendo o motivo de todas as discussões sobre o anime. Sei lá por que colocaram uma bunda, mas por uma ótica japonesa, não tem nada de mais. A cultura ocidental e cristã tem uma tendência a demonizar ou erotizar esse tipo de coisa, mas os japas tem uma certa tradição de bundas masculinas de fora, seja no “Otoko Matsuri”, o Festival do Homem, onde os homens exibem sua força e auto-controle saindo só de fundoshi (aqueles cuecões antigos deles) no frio abaixo de zero do inverno, seja por causa do “Hadaka no Tsukiai”, que seriam os momentos de banho coletivo, comum para os japoneses e que, obviamente, separa homens de mulheres. Aliás, macho, dentro da cultura japonesa, não tem vergonha de seu corpo nu em pele. Explicar mais que isso já seria sair do tópico.

Resultado:

Gifu Dodo é uma anime simples, de gestos simples e ideais simples. Não precisa reinventar nada, nem ter firula nenhuma. A animação é quase ruim, meio triste até. Parece feito com a raspa da panela, poucos frames, poucos efeitos de ambiente. Mas tá ok, isso é frescura demais pra um anime tão macho!

A arte no geral, assim como na animação de Souten no Ken, é ruinzinha, simplifica muito a arte de Hara e tem até alguns problemas de anatomia em cenas estáticas, que deixam tudo mais óbvio. No geral, é até passável, mas não retrata nem um pentelhésimo da fodacidade da arte do mangá.

É uma boa história? Hmmm… Não. Pelo menos esse primeiro episódio não. Parece uma demonstração gratuita de machitude, sem muitas cerimônias e confuso, com tantos flashbacks e mudanças de cenário. Mas é legal? É legal, porra! O cara é muito estúpido, tem que fazer todo mundo se cagar e enfiar a machadada no pilar principal da casa? E aquela flecha voando lá da casa do carvalho? Por motivo nenhum! Então eu vou assistir por causa de um monte de babação de ovo nos culhões de outros homens? É bem por aí, é pelo mesmo motivo que você deve assistir a trilogia Poderoso Chefão uma vez por ano, é um daqueles materiais que lhe permitem ser um homem sinceramente idiota, sem culpa.

Não procure uma resposta. Só assista e volte pra sua vida, pedindo desculpas quando esbarram em você.

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Ainda não tem. Fui o primeiro!

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