Os 100 filmes de 2016 do Kitsune

Mais uma lista, e mais uma meta batida! Ano passado o atingi o (pífio) número de 70 filmes; este ano, cheguei a 100 (um pouco menos pífio)! Mais uma vez, consegui uma certa diversidade, e assisti clássicos que há muito queria assistir, mas tirei algumas conclusões daqui:

  1. Preciso estabelecer uma meta separada para curtas-metragens, para conhecer também essa forma de cinema.
  2. Assisto quase nada de filmes nacionais, e preciso corrigir isso, pois o cinema nacional é muito mais rico do que a Globo Filmes faz parecer.
  3. Assisti poucos animês! Apesar de um trecho desta lista cheio deles, preciso fazer uma lista de clássicos que ainda não vi.

Enfim, ano que vem a meta aumenta de novo. Espero que curtam e tirem boas recomendações mais uma vez!

Confiram também a lista de 2013, 2014 e 2015.

Filmes 2016

  1. Drive (Nicolas Winding Refn, EUA, 2011) 4/5
    Winding Refn parece gostar de protagonistas misteriosos. Quanto menos falarem, melhor. Eu gosto, também. O mistério ajuda a criar uma aura pro personagem. Ryan Gosling é perfeito para esses papéis. Mas o destaque é a fotografia, o ritmo e a trilha sonora. Ouço várias dessas músicas todo dia e nem sabia que estavam no filme.
  2. Nocaute – Southpaw (Antoine Fuqua, EUA, 2015) 3/5
    A luta final é ótima. Mas ainda assim, é um filme onde um não-personagem “dá a volta por cima”, superando conflitos forçados e apressados. Absolutamente previsível. Mas a luta final é ótima, pelo menos.
  3. Macbeth: Ambição e Guerra – Macbeth (Justin Kurzel, Reino Unido/França/EUA, 2015) 5/5
    Linda adaptação da peça de Shakespeare, utilizando apenas o texto original, com prosódia, métrica e rimas, para os diálogos – o que já é um desafio à parte.  Lindas imagens, com cores fortes e contrastes, muita câmera lenta (o que alonga o filme, mas funciona) e performances marcantes de Michael Fassbender e Marion Cotillard.

  4. O Regresso – The Revenant (Alejandro Gonzales Iñárritu, EUA, 2015) 2/5
    Às vezes a gente tem que deixar de tentar ser o cinéfilo esnobe cheio dos termos técnicos e dizer o que pensa. Que filme chato do caralho! Nossinhora! Tem coisas boas, claro, principalmente na composição das tomadas, com ângulos que formam uma perspectiva forçada como se a natureza fosse maior e mais forte que tudo. Mas, fora isso, são quase 3 horas do DiCaprio se arrastando. Ruim e vazio. E CHATO PRA CARALHO.
  5. A Grande Aposta – The Big Short (Adam McKay, EUA, 2015) 3/5
    Eu não entendi o que o filme queria ser. Por um lado, algumas cenas engraçadas com o personagem/narrador de Ryan Gosling  e as explicações criativas do processo econômico, com cara de documentário didático. Bacana. Do outro, os núcleos de Christian Bale e Stephen Carell, com histórias dramáticas e pesadas. Também muito bom. Mas… as partes quase não se comunicam. Importantíssimo do ponto de vista histórico, mas um pouco esquizofrênico em sua narrativa.
  6. As Sufragistas – The Sufragette (Sarah Gavron, Reino Unido, 2015) 5/5
    No começo, achei apressado, com os acontecimentos se atropelando. Mas é necessário, para que a personagem de Carey Mulligan (ótima) e nós, que assistimos, sintamos a avalanche de injustiças que ela, como representante das mulheres no começo do século 20 em Londres, viveu, e entendamos o quão necessária e árdua era sua luta. Ótimo filme.
  7. Ex Machina (Alex Garland, Reino Unido, 2015) 5/5
    Eu não tinha sacado a genialidade do filme até ler esse texto: http://birthmoviesdeath.com/2015/05/11/film-crit-hulk-smash-ex-machina-and-the-art-of-character-identification, então vou dar todo o crédito da argumentação pro Film Crit Hulk e dizer (juro que é verdade) que, ao fim do filme, não me incomodei, porque não SENTI que havia qualquer motivo para um final diferente. Mas não sabia por quê. Só leiam o texto do Hulk, é genial.
  8. Rede de Intrigas – Network (Sidney Lumet, EUA, 1975) 5/5
    Tal é a magia do cinema. No momento mais clássico de Network, o âncora enlouquece e exorta o público a sair nas janelas e gritar “Eu estou muito puto, e não vou mais aceitar nada disso!”. E eu me emocionei. Eu me deixei levar. Eu achei (e mantenho a opinião) uma das melhores cenas que eu já assisti em um filme em toda a minha vida. Eu me vi tocado e movido… por um “panelaço”. O cinema é mágico.
    E é esse o filme. A mídia manipulando e criando ídolos (e os derrubando) para que movimentem as massas em direção a revoltas vazias e depois à sua dissuasão. Que filme, amigos. Que filme.

  9. Mortal Kombat (Paul Anderson, EUA, 1995) 3/5
    O roteiro é pedestre. Nem explicar as regras de um simples torneio de luta ele explica direito. É muito, muito brega. Mas… cara, como eu ADORO Mortal Kombat. Apesar de algumas lutas decepcionarem agora que revi mais velho (Johnny Cage vs. Goro era bem melhor na minha memória), quando o filme acerta, ele ACERTA. Destaque pro design de produção, realmente caprichado e, claro, pra trilha sonora. Melhor música eletrônica putz-putz da história!
  10. O Guarda – The Guard (John Michael McDonagh, Irlanda, 2011) 4/5
    Uma dupla inusitada, formada por Don Cheadle e o irlandês Brendan Gleeson, num inusitado “buddy cop movie” que, além de muito engraçado (Gleeson é ótimo fazendo o irlandês turrão preconceituoso) acaba também emocionando.
  11. Chi-Raq (Spike Lee, EUA, 2015) 5/5
    Um dos filmes mais injustiçados dos nossos tempos. Um musical brilhante, em que todas (todas!) as falas são rimadas em ritmo de rap, além dos ótimos números musicais. Além de hiper relevante para os nossos tempos, já que trata da violência policial contra os negros nos EUA. Um dos melhores filmes que vi este ano.

  12. Yojimbo – O guarda-costas – Yojimbo (Akira Kurosawa, Japão, 1961) 5/5
    Infelizmente, primeiro Kurosawa que vi na vida.  Além da história intrigante e do personagem principal carismático (Toshiro Mifune é ótimo), as lutas são, obviamente, muito bem coreografadas, e cada tomada é um quadro. Preciso ver mais Kurosawa.
  13. Plano Perfeito – The Inside Man (Spike Lee, EUA, 2006) 5/5
    Eu simplesmente adoro “heist movies” (filmes de assalto). Esse é um dos meus preferidos. Primeiro, não dá pra errar com Denzel Washington. Segundo, toda a tensão e a genialidade do plano (além do twist no final) fazer a experiência sempre empolgante. Recomendadíssimo.
  14. Deadpool (Tim Miller, EUA, 2016) 4/5
    Surpresa positiva! Deadpool é um dos personagens Marvel que mais me irritam, e eu realmente fui assistir com má vontade, mas o filme é ótimo. Metalinguagem e Ryan Reynolds finalmente fazendo algo que presta.
  15. Kill Bill vol. 1 (Quentin Tarantino, EUA-Japão, 2003) 5/5
    Eu adoro Kill Bill. E a primeira parte continua sendo a minha preferida. A combinação da luta ao estilo dos velhos filmes de kung fu que eu assistia na Band junto à trilha sonora inusitada (que nada tem a ver com o que está na tela) fazem a mágica aqui. Meu destaque vai para o discurso de O-Ren Ishii na reunião da Yakuza.

  16. Kill Bill vol. 2 (Quentin Tarantino, EUA, 2004) 5/5
    Não é minha parte favorita, mas ainda é impecável. Aqui, o tom é menos de loucura metalinguística (que, obviamente, continua aqui) e mais de uma certa melancolia, conforme a vingança se aproxima. Sai a plasticidade dos Crazy 88, entra a brutalidade da cena do trailer.
  17. American Ultra: Armados e Alucinados – American Ultra (Nima Nourizadeh, EUA, 2015) 3/5
    “Stoner movie” (“filme de maconheiro”, o que, aparentemente, é quase um gênero) sobre um maconheiro que na verdade é um ex-agente secreto. Tem seus momentos (principalmente quando investe em violência exagerada), mas é só um filme médio.
  18. Comando Final – Sha Po Lang (Wilson Yip, Hong Kong, 2005) 3/5
    Ah, o bom e velho filme policial chinês de kung fu. O roteiro não faz o menor sentido, e o detetive vivido por Donnie Yen, que representava o único bastião de honestidade em meio à filosofia dos fins-que-justificam-os-meios na polícia acaba fazendo exatamente o contrário. Mas, tem Donnie Yen vs. Sammo Hung. Vale a pena, sempre.
  19. Bastardos Inglórios – Inglorious Basterds (Quentin Tarantino, EUA, 2009) 4/5
    Gostei menos do que queria. Claro, é um Tarantino, então é plasticamente impecável, mas é mais um filme de vingança com homenagens ao cinema (neste, o próprio cinema é parte da trama) em que o diretor se alonga em diálogos que ele acredita serem geniais apenas por estilo. O Tarantino que menos gosto.
  20. Tropas Estelares – Starship Troopers (Paul Verhoeven, EUA, 1997) 3/5
    Na mesma pegada de RoboCop, Verhoeven mais uma vez usa o filme como comentário para o hipermilitarismo e a propaganda de guerra, além da alienação da massa pela mídia. Ao que parece, a obra original é sincera, mas Verhoeven, genialmente, usa um livro sério e subverte seu sentido para a sátira. Mas, claro, é um filme bem menos interessante que RoboCop.

  21. Na Mira do Chefe – In Bruges (Martin McDonagh, EUA/Reino Unido, 2008) 5/5
    Comédia de humor negro, que aposta num estilo seco, pessimista e quase melancólico, até por tratar de temas fortes, como culpa e morte. Collin Farrell e Brendan Gleeson estão ótimos (Gleeson é simplesmente genial no papel desses irlandeses turrões). Um ótimo exemplo de humor através do desconforto.
  22. Highlander – O Guerreiro Imortal – Highlander (Russel Mulcahy, EUA/Reino Unido, 1986) 2/5
    Achei que nunca tivesse visto, mas na verdade sempre vi aos pedaços na Sessão da Tarde. Agora vendo como um filme… não se sustenta. Christopher Lambert é péssimo, as lutas são muito mal coreografadas, e a história é rasteira. Pode ser clássico, mas não é intocável.
  23. O Homem de Aço – Man of Steel (Zack Snyder, EUA, 2013) 1/5
    Revi para tentar pegar alguma coisa que me fizesse gostar do filme. Mas continua uma bagunça sem tom nem tema, cheia de personagens que são só superfície, que não sabe o que quer dizer. Ainda absolutamente péssimo.
  24. Snatch – Porcos e Diamantes – Snatch (Guy Richie, Reino Unido, 2000) 4/5
    Então, com um filme e diretor de verdade, Jason Statham pode atuar? Quem diria! Um filme divertido, que conta com uma vasta coleção de gente bizarra (impossível não destacar Brad Pitt aqui), em situações absurdas.
  25. Amnésia – Memento (Christopher Nolan, EUA, 2000) 5/5
    Eu tenho pra mim que os filmes do Nolan são sobre cinema. Não como o Tarantino, que faz homenagem, mas mais no sentido de serem estudos sobre técnica cinematográfica. Para mim, em Amnésia, Nolan estuda como manter a estrutura clássica e criar um clímax para uma história mesmo contando-a de trás pra frente. E é só genial.
  26. Batman vs. Superman: A Origem da Justiça – Batman v. Superman: Dawn of Justice (Zack Snyder, EUA, 2016) 1/5
    Pior filme de 2016? Partindo de um filme que não construiu seu personagem principal, esse arremedo de continuação cria uma oposição vazia e os faz se enfrentarem numa trama sem sentido onde todos os personagens são ou hipócritas ou simplesmente não importam. Absolutamente péssimo. Pior filme de 2016. Review aqui no Video Quest.
  27. Team América: Detonando o Mundo –  Team America: World Police (Trey Parker e Matt Stone, EUA, 2004) 5/5
    Dos mesmos criadores de South Park. É hilário, é atual (ou era bem mais na época, pelo menos), e tem uma cena sensacional de sexo entre bonecos de ventríloco com as linhas aparecendo. É só sensacional.
  28. A Sacada – The Trust (Alex e Ben Brewer, EUA, 2016) 1/5
    Um filme de assalto (coisa que eu adoro) para o qual a única palavra pra defini-lo é “esquisito”. Nicolas Cage (sendo Nicolas Cage) e Elijah Wood (sendo… alguma coisa) são policiais que planejam um roubo, e as coisas ficam muito esquisitas no fim. Não sei por que esse filme existe.
  29. Operações Especiais (Tomás Portella, Brasil, 2015) 3/5
    Filme de ação brasileiro! Com Cléo Pires! E bom! Ou quase. Metade dele é a história de uma policial que, como mulher, sofre para ser respeitada. Bem interessante. A outra é uma operação contra policiais corruptos. Menos interessante.
  30. Ave, César – Hail, Caesar (Ethan e Joel Cohen, EUA, 2016) 4/5
    Divertida homenagem dos irmãos Cohen ao cinema clássico americano, os velhos filmes épicos e os musicais, tudo numa estranha trama de suspense recheada de atuações divertidas. George Clooney é sempre sensacional.

  31. The Death of “Superman Lives”: What Happened? (John Schnepp, EUA, 2015) 3/5
    Falei sobre ele aqui: É o filme 40 dos 70 Filmes de 2015 do Kitsune.
  32. Jodorowsky’s Dune (Frank Pavich, EUA/França, 2013) 5/5
    Falei sobre ele aqui. É o filme 17 dos 70 Filmes de 2015 do Kitsune.
  33. Tropa de Elite (José Padilha, Brasil, 2007) 3/5
    Sou um cidadão brasileiro e não gosto de Tropa de Elite. Pronto, já era, é isso. Acho que o filme tinha que ter se decidido entre ser uma coletânea de “causos” sobre a corrupção da polícia OU a história da operação no morro, com foco no Capitão Nascimento. Achei um filme perdido. Mas… COMO alguém “admira” o Nascimento? O filme deixa bem óbvio que ele é um maluco e que o BOPE é uma unidade eficiente-porém-ultraviolenta que só serve pra formar psicopata. Caramba, gente.
  34. O Imperador – Outcast (Nick Powell, EUA, 2015) 1/5
    E vocês acham que eu perderia a chance de ver um filme medieval com NICOLAS CAGE??? Mas é óbvio que não. E vocês acham que o filme tem chance de ser BOM? Mas é óbvio que não.
  35. Que Horas Ela Volta? (Ana Muylaert, Brasil, 2015) 5/5
    Vejo pouco cinema nacional (erro que pretendo corrigir, mas, como pode ver pelo resto da lista, ando falhando), mas este deve ser o melhor filme brasileiro que já vi. A realidade crua do que há de pior na nossa classe média e sua relação esquisita com a empregada doméstica (mais sobre isso no fim da lista), com a atuação simplesmente perfeita da Regina Casé. Vejam, é lindo.

  36. Capitão América: Guerra Civil – Captain America: Civil War (Anthony e Joe Russo, EUA, 2016) 5/5
    A Marvel dificilmente erra. Pode ser um filme igual a todos os outros que eles já fizeram, mas se todos os outros são bons, logo… Guerra Civil não supera Soldado Invernal, mas é um filme redondo, que conta com o fato de que os personagens já estão formados e os coloca em um conflito que faz sentido para cada um deles. E tem o Aranha e o Pantera. Logo: Foda.
  37. Réquiem for The American Dream (Peter D. Hutchison, Kelly Nyks, Jared P. Scott, EUA, 2015) 5/5
    Meio discurso, meio apresentação de Power Point, mas mesmo assim, ótimo documentário, no qual Noam Chomsky alerta sobre os perigos do nosso atual sistema econômico, feito pra gente como eu, que não entende nada e precisa de tudo desenhadinho.
  38. Los Angeles: Cidade Proibida – L.A. Confidential (Curtis Hansen, EUA, 1997) 5/5
    Ótimo neo noir sobre o crime e o trabalho policial nos anos 50, que conta com Guy Pierce, Russel Crowe e Kevin Spacey vivendo três tipos bem diferentes de policial e de aplicação da lei. O clima é de suspense, mas a ambientação e a trilha sonora são sexies e charmosas, nos envolvendo enquanto juntamos as peças da trama sem percebermos.
  39. Millenium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres – The Girl with the Dragon Tattoo (David Fincher, EUA, 2011) 5/5
    Primeiramente, NÃO, eu não vi a versão sueca, então não vou (nem quero) comparar). Mas essa versão é ótima. Acho que o final, a resolução da trama do personagem do Daniel Craig, acabou sendo meio que um apêndice “desnecessário” depois da resolução da trama principal, mas nada que prejudique esse ótimo thriller.

  40. Butch Cassidy – Butch Cassidy and the Sundance Kid (George Roy Hill, EUA, 1969) 3/5
    Um western charmoso, que conta com Paul Newman e Robert Redford no auge, mas muito, muito mais longo do que deveria ser. Começa bem, mas parece que não sabe o que fazer por um bom trecho em seu meio, quando os protagonistas vão à Bolívia. Pelo menos o final, violento, é um show à parte.
  41. Reza a Lenda (Homero Olivetto, Brasil, 2016) 2/5
    Nosso Mad Max! E é… é bem ruim. A trama não chega a ser o problema, mas o filme consiste de 40% de Cauã Reymond numa moto em slow motion no meio do agreste, com péssimas escolhas de trilha sonora. Podia ser doido, mas é só chato.
  42. X-Men Apocalipse – X-Men Apocalypse (2016, EUA, Bryan Singer) 1/5
    Pior filme de 2016? O filme é um enorme nada: Apocalipse surge. Aprende sobre o mundo sugando uma TV de tubo. Reúne 4 mutantes porque sim. Mística vira Katniss Everdeen e reúne os X-Men. Luta cafona com areia em CGI. Fim. Nem a cena do Mercúrio correndo faz sentido aqui. É tudo horrível. E cafona. Pior filme de 2016.
  43. Mike Birbiglia: My Girlfriend’s Boyfriend (Seth Barrish, EUA, 2013) 5/5
    Falei sobre ele aqui. É o filme 05 dos 70 Filmes de 2015 do Kitsune.
  44. Django Livre – Django Unchained (Quentin Tarantino, EUA, 2012) 5/5
    Depois de não gostar tanto assim de Bastardos Inglórios, fiquei feliz que adorei Django Livre! Às vezes falta um fio emocional aos filmes do Tarantino, mas a história do Django é facilmente identificável, além de muito forte. Mesmo assim, ainda consegue tempo para ser um filme divertido (a cena do KKK discutindo sobre os gorros é impagável).

  45. Invocação do Mal – The Conjuring (James Wan, EUA, 2013) 1/5
    Eu tenho muita preguiça de filme de terror, e Invocação do Mal tem todas as bobagens típicas de um filme de terror. Tem sustinho, tem luz piscando, tem diálogo expositivo sobre bobagem sobrenatural… enfim, um filme qualquer.
  46. Voices of a Distant Star – Hoshi no Koe (Makoto Shinkai, Japão, 2002) 3/5
    Aqui ainda sem orçamento, mas já se virando como dava pra criar as belas imagens pelas quais é conhecido, Shinkai já conta o tipo de história que gosta: A dor do amor e da distância. Os elementos de sci-fi lembrar Gunbuster e Interestelar.
  47. Secret Life of Babies (Barny Revill, Reino Unido, 2014) 3/5
    Sabe aqueles documentários da BBC com um narrador explicando tudo com voz suave? Então, é isso. Eu como pai aprendi bastante, até porque, é um documentário educativo mesmo. Então, missão cumprida.
  48. Chris Rock – Never Scared (Joel Gallen, EUA, 2004) 3/5
    Outros tempos. Parece ser uma constante dos comediantes negros americanos (pelo menos de uns anos atrás) que, quando falam sobre o racismo crônico dos EUA, são perfeitos e precisos e hilários; mas sempre tem machismo e homofobia em algum momento. Mas… outros tempos. Ainda assim, bem engraçado.
  49. Patton Oswalt – Talking for Clapping (Patton Oswalt, EUA, 2016) 3/5
    Não é porque eu concordo com o que ele diz (na maior parte do tempo) que o stand up é BOM. Patton Oswalt usa seu show para “dizer umas verdades”, e na maior parte do tempo acerta… mas às vezes deixa de ser comédia pra ser só uma palestra.
  50. The Fundamentals of Caring (Rob Burnett, EUA, 2016) 4/5
    Filme sensível e ainda assim bem humorado, que brinca com depressão e problemas de mobilidade com respeito e empatia. Paul Rudd é super carismático, mas é Craig Roberts quem rouba a cena. Palmas também para Selena Gomez.
  51. Como Enlouquecer Seu Chefe – Office Space (Mike Judge, EUA, 1999) 3/5
    Um comentário preciso sobre o trabalho (principalmente o trabalho em escritório, em cubículos) como forma de opressão ao indivíduo. Mas, como no show acima citado, é uma comédia que, por vezes, se esquece de ser comédia. Bom, relevante, mas meio sem graça.
  52. Fogo contra Fogo – Heat (Michael Mann, EUA, 1995) 5/5
    A única crítica que eu consigo fazer é… longo demais (?). E, claro, o fato de Pacino e De Niro não, de fato, contracenarem durante o filme (a conversa no restaurante é um plano composto, eles não estavam no mesmo lugar). Mesmo assim, brilhante estudo de personagem e ótimo filme de ação. Um clássico.

  53. You Laugh But it’s True (David Paul Meyer, África do Sul, 2011) 4/5
    Documentário sobre Trevor Noah (atual apresentador do The Daily Show), a comédia stand-up, a questão racial e como tudo se interliga na África do Sul atual. Menos uma cinebiografia, mais um estudo sobre a complexidade da questão racial no pós-Apartheid.
  54. Showdown: A Hora de Vencer – Showdown (Robert Radler, EUA, 1993) 1/5
    Sabe aqueles filmes de artes marciais americanos, com história e atuações horríveis, e só um cara (o protagonista e provavelmente produtor do filme) sabe lutar direito? Que passa na Sessão da Tarde e você “assiste” enquanto, sei lá, passa roupa? É isso. E é bem ruim.
  55. Baahubali: O Início – Baahubali: The Beginning (S. S. Rajamouli, Índia, 2015) 4/5
    Como é que eu não tô assistindo mais Bollywood, hein? Imagine um musical indiano romântico épico com batalhas ao estilo Sengoku Basara e você tem Baahubali! Tirando a cena em que o Baahubali ensina a mulher a ser “mais feminina”, o fato de ser, talvez, longo demais, e a computação gráfica ser horrível, é uma história clássica interessante e de proporções absurdas. Muitas imagens plasticamente impactantes. Além dos números musicais. Enfim, assistam, vale pelo menos para ter a experiência.
  56. Bigger, Stronger, Faster* (Chris Bell, EUA, 2008) 4/5
    Documentário sobre como o culto ao corpo deu origem à onda de abuso de anabolizantes que não só destrói vidas e carreiras esportivas como, por vezes, acaba sendo usada como bode expiatório de casos que deveriam ser melhor estudados. Acerta ao não só ficar nos esportes, mas também ampliar o escopo e estudar a raíz social disso nos Estados Unidos.
  57. Esquadrão Suicida – Suicide Squad (David Ayer, EUA, 2016) 1/5
    Pior filme de 2016? O filme tenta ser tudo: “Dark”, “cool”, engraçado, épico… E consegue errar tudo: A ameaça é vazia, os personagens são forçados, a comédia não funciona, e a batalha é igual a tudo que você já viu. Um filme tão desesperado por atenção que dá preguiça. Pior filme de 2016. Review aqui no Video Quest.
  58. Donnie Darko (Richard Kelly, EUA, 2001) 4/5
    Eu quase entendo o filme virar cult, já que é, de fato, um filme muito bom, mas ainda acho que não seria tudo isso se não fosse pelo final “mal explicado”. O que não é demérito. Acho que a intenção é deixar ambíguo (eu prefiro pensar em esquizofrenia que em viagem no tempo). Gosto da “confusão” e de como ele pode ser interpretado de várias formas.
  59. Julieta (Pedro Almodóvar, Espanha, 2016) 4/5
    É um melodrama, mas é um BOM melodrama, sobre maternidade e sobre afogar o outro em suas próprias neuroses. Não sou versado em Almodóvar, então não sei se é o caso para este filme, mas a linguagem visual tem, apenas às vezes, lampejos de beleza rara. Mas, em geral, apenas um bom filme.
  60. Um Conto Chinês – Un Cuento Chino (Sebástien Borensztein, Argentina/Espanha, 2011) 4/5
    Nunca tinha visto nenhum filme com o Ricardo Darín (ou seja, nunca tinha visto nenhum filme argentino), mas o cara é bom mesmo, hein! Uma história sensível cujo ponto de partida é algo absurdo. A atuação do Darín carrega o filme.
  61. Tenshi no Tamago (Mamoru Oshii, Japão, 1985) 5/5
    Animação do mesmo diretor de Ghost in the Shell, esse maravilhoso filme quase não tem falas, mas é uma ode à vida que resiste em meio à guerra e à civilização. A arte é lindíssima (o design, assim como o roteiro, é de Yoshitaka Amano, famoso pelas belíssimas artes de Final Fantasy), e a atmosfera faz mergulhar em um mundo misterioso, para que cada um sinta e interprete a história como quiser. É lindo.

  62. Anjos da Lei 2 – 22 Jump Street (Phil Lord/Chris Miller, EUA, 2014) 4/5
    Dos mesmos diretores de Uma Aventura Lego (que é sensacional), o filme acerta na paródia dos filmes de ação, acerta ao tirar sarro de sequências caça-níquel (“Nós vamos fazer a mesma coisa, porque já deu certo uma vez!”), e acerta ao brincar com a cultura do machão, do “broder”, e do homem que nunca cresce. Além de ser, claro, muito engraçado.
  63. Mobile Suit Gundam (Yoshiyuki Tomino, Japão, 1981) 5/5
    Primeiro filme-resumo da série clássica da franquia Gundam. A edição desses filmes (até por serem resumo) é a pior parte, mas a história de um mundo em guerra e seu protagonista, Amuro Ray, confrontado constantemente com o fato de que ele mesmo é uma arma, em contraste com a implacabilidade do principal antagonista e ícone dos animês, Char Aznable, é uma ótima maneira de começar a conhecer Gundam.

  64. Doutor Estranho – Doctor Strange (Scott Derrickson) 4/5
    Mais um filme médio da Marvel, com um personagem médio, mas que ganha por, pelo menos, não se levar a sério e tentar inovar um pouco em suas cenas de ação. A cena do confronto final com o vilão é a melhor parte. Review aqui no Video Quest.
  65. Mobile Suit Gundam: Soldiers of Sorrow (Yoshiyuki Tomino, Japão, 1981)  4/5
    No segundo filme, um foco maior em espionagem, com uma subtrama um tanto intrusiva, mas que mesmo assim denota o tipo de sacrifício que pessoas fazem durante a guerra. Perde pontos por não focar no Char, mas Ramba Ral, o novo antagonista, ainda tem seu carisma.
  66. Mais Forte Que O Mundo: A História de José Aldo (Afonso Poyart, Brasil, 2016) 3/5
    Apesar de algumas cenas muito inventivas, e de momentos que realmente emocionam (principalmente no começo do filme), a cinebiografia do lutador do UFC pesa a mão no dramalhão demais. Além disso, o que deveria ser um ponto forte, as lutas, por vezes decepciona. Mas ainda assim, vale a pena.
  67. Um Cadáver para Sobreviver – Swiss Army Man (Daniel Kwan/Daniel Schneibert, EUA, 2016) 5/5
    Um filme sobre um cadáver cujos peidos são como um canivete suíço de tão úteis (é), e que consegue ser um estudo sobre o que nos bloqueia na relações humanas e como nos sabotamos. É lindo, é emocionante, é inteligente, é muito, muito criativo, e ainda é muito engraçado. Paul Dano e Daniel Radcliffe estão ótimos. Uma das melhores surpresas do ano.

  68. Mobile Suit Gundam: Encounters in Space (Yoshiyuki Tomino, Japão, 1982) 5/5
    Com maior foco em Char e nos Newtypes, o trecho final de Mobile Suit Gundam (apesar de mais uma vez desviar para uma subtrama romântica esquisita) é uma baita loucura. Um encerramento que eleva Gundam de ótima série de mecha para um ícone indiscutível da cultura pop japonesa.
  69. Mobile Suit Gundam – The Origin I: Blue-Eyed Casval (Yoshikazu Yasuhiko, Japão, 2015) 4/5
    Os primeiros filmes da série “The Origin” contam a história de Char Aznable (ou Casval), o absurdamente icônico vilão da série Gundam original. E, nesse sentido, é eficientíssimo, pois Casval já mostra as raízes do ótimo personagem que será; ao mesmo tempo em que o filme o contrasta com Artesia e sua repulsa à guerra.

  70. Mobile Suit Gundam – The Origin II: Artesia’s Sorrow (Yoshikazu Yasuhiko, Japão, 2015) 3/5
    Este perde alguns pontos por focar apenas no drama familiar (o que, sim, é necessário) e pesar a mão no dramalhão e na cafonice, principalmente nas cenas em que Artesia recebe a notícia da morte de sua mãe.
  71. Mobile Suit Gundam – The Origin III: Dawn of Rebellion (Yoshikazu Yasuhiko, Japão, 2016) 5/5
    Char finalmente mostra a que veio neste filme, e a história ganha fôlego por conta de sua ousadia e crueldade. A política espacial também é o foco, assim como o desenvolvimento dos mobile suits. Um dos melhores da série, justamente por estar mais próximo ainda do clássico.
  72. Haikyuu!! Movie 1: Owari to Hajimari (Susumu Mitsunaka, Japão, 2015) 3/5
    Filme-resumo de parte da primeira temporada de Haikyuu!!, que vi porque precisava relembrar o mangá. Esses filmes-resumo sempre dão (obviamente) a sensação de faltar algo, então a ótima coleção de personagens do mangá não brilha tanto. Mas vale por ser um bom recorte, focando nos primeiros treinos, no primeiro jogo, e na primeira derrota.
  73. Haikyuu!! Movie 2: Shosha to Haisha (Susumu Mitsunaka, Japão, 2015) 3/5
    O começo do campeonato, um pequeno momento de ascensão, e mais uma derrota. O segundo filme-resumo tem as mesmas qualidades (inerentes a Haikyuu!! em si) e os mesmos defeitos do anterior (inerentes a filmes-resumo de animê).
  74. Mobile Suit Gundam – The Origin IV: Eve of Destiny (Yoshikazu Yasuhiko, Japão, 2016) 5/5
    Mais da cruel determinação de Char, entrecortada pela movimentação da revolução zeônica, fazem da série  The Origin uma das melhores coisas que assisti este ano. Aqui, o projeto dos mobile suits continua a evoluir, e sensação de que algo grande vai acontecer fica cada vez maior. Recomendadíssimo.
  75. A Chegada – The Arrival (Denis Villeneuve, EUA, 2016) 4/5
    Apesar do tom excessivamente pesado, e de trechos expositivos meio vergonhosos (o diálogo do telefone, com o general chinês), a ideia central é genial: Usar o encontro com alienígenas para estudar como funciona nossa linguagem, e como ela nos une, nos separa e define o modo como pensamos. Inteligentíssimo e intrigante.

  76. Creed: Nascido para Lutar – Creed (Ryan Coogler, EUA, 2015) 5/5
    Como todo (bom) filme da franquia Rocky, Creed emociona e empolga sem dificuldade. O personagem principal, vivido por Michael B. Jordan, um dos maiores talentos dessa geração, é (claro) a melhor parte: sua jornada em busca da própria identidade é cheia de camadas e nuances, nos fazendo torcer por ele e reprovar suas ações na mesma medida. Merece entrar para a história.
  77. A Qualquer Custo – Hell or High Water (David McKenzie, EUA, 2016) 4/5
    Aparentemente na corrida por prêmios ano que vem, este neo-western é bem dirigido, conta com boas atuações (principalmente Jeff Bridges) e belas tomadas, mas não chega a contar nenhuma história diferente do que vimos. Destaque para a crueza da sequência final, do tiroteio com a polícia no deserto.
  78. Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro (José Padilha, Brasil, 2010) 4/5
    Este, sim! Depois de um primeiro filme bem intencionado porém bagunçado, este conta uma história com começo, meio e fim, com uma intenção muito clara: o caminho da perda da fé do Capitão Nascimento no sistema. Polícia, mídia, governo; tudo é esmiuçado e exposto como o problema que é. Também ganha pontos por sua narração em off ser menos intrusiva. Um filme muito melhor.
  79. Louis C. K.: Hilarious (Louis C.K., EUA, 2010) 5/5
    C.K. está no seu melhor quando analisa o mundo atual e suas hipocrisias, se colocando na posição do pior ser humano do mundo, centro de tudo que há de errado. Todo o trecho em que ele expõe a própria imaturidade como pai é perfeito.
  80. Demônio de Neon – The Neon Demon (Nicolas Winding Refn, França/Dinamarca/EUA, 2016) 4/5
    Winding Refn é daqueles diretores que criam mensagens com imagens (que é, bem, o objetivo do cinema em si) e menos com texto. Aqui o foco é a moda e a indústria da beleza, e o canibalismo (hehe) de uma sociedade de competição. Belíssimas imagens, e um final que vai fazer você acabar o filme e pensar nisso por dias.

  81. A Espada Era A Lei – The Sword In The Stone (Wolfgang Reitherman, EUA, 1964) 2/5
    Um clássico da Disney, lindamente animado e desenhado, mas… sério, não faz o menor sentido. A maior parte do filme é o Merlin ensinando lições da vida ao pequeno Artur transformando-o em animal e cantando uma canção. Quando Artur se torna rei e poderia fazer uso das lições, o filme acaba. Clássico ou não, é muito ruim.
  82. A General – The General (Buster Keaton/Clyde Bruckman, EUA, 1926) 4/5
    Enquanto Chaplin costumava fazer um malandro apaixonado e sensível, Buster Keaton fazia um “man in a mission”, e sua expressão sempre impassível, mesmo com tudo à sua volta dando errado, era simplesmente inacreditável. Aqui, Keaton consegue fazer uma perseguição de trem (sim, dois trens, um atrás do outro, óbvio) ser emocionante e criativa, sempre criando obstáculos e soluções inusitadas.
  83. Sherlock Jr. (Buster Keaton, EUA, 1924) 5/5
    GENIAL é a palavra, aqui. Keaton é um projecionista de cinema que se dá mal, e quando tenta solucionar seu próprio caso, tem um sonho no qual ele entra no filme e se torna “Sherlock Jr.”, um brilhante detetive. Sua interação com a tela é uma das homenagens mais lindas que já vi ao cinema. Seu trabalho corporal nesse filme é incrível (uma das inspirações de Jackie Chan!). Um documento histórico, e um filme divertidíssimo.

  84. Nem Tudo É O Que Parece – Layer Cake Matthew Vaughn, Reino Unido, 2005) 4/5
    Muito parecido com Snatch, este filme britânico de crime não é só uma sucessão de loucuras; é uma sucessão de loucuras com o objetivo de mostrar que, no crime, sempre existe uma camada acima. Daniel Craig (no papel que deu a ele James Bond) é perfeito na posição do criminoso preso no redemoinho de algo muito maior que ele mesmo.
  85. O Babadook – The Babadook (Jennifer Kent, Austrália/Canadá, 2014) 4/5
    Eu disse acima que não tenho paciência para terror. Mas esse deve ser o melhor filme de terror que já vi (…eu não vi muitos). O “Babadook” do título é uma grande metáfora para a depressão, uma maneira que ambos, mãe e criança, acabaram lidando com a perda do pai. O verdadeiro monstro passa a ser a mãe, e as cenas em que ela ameaça o filho são desesperadoras.
  86. Rogue One: Uma História Star Wars – Rogue One: A Star wars Story (Gareth Edwards, EUA, 2016) 2/5
    Talvez eu me importasse com essa “História Star Wars” se algum personagem realmente me cativasse. Mas é só um filme bem feitinho, com uma coleção de personagens-frase-de-efeito sem quase nenhum peso dramático. Pelo menos a escolha de fazer aquele final é interessante, mesmo que apenas por ser a mais lógica.
  87. O Gabinete do Dr. Caligari – Das Cabinet des Dr. Caligari (Robert Wiene, Alemanha, 1920) 5/5
    Filme mudo expressionista alemão (sim, eu precisava falar isso, só pra me sentir inteligentão), cujo uso de cenários nada realistas, distorcidos, pontiagudos e claustrofóbicos (refletidos até mesmo nas telas de texto) são a maneira perfeita de contar essa história sobre obsessão e loucura que ajudou a conceber o que chamamos hoje de cinema de terror. Importantíssimo e ainda genial.

  88. Nosferatu – Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens (Friedrich Wilhelm Murnau, Alemanha, 1922) 5/5
    Contemporâneo de Doutor Caligari, Nosferatu (que é a história do Drácula de Bram Stoker, mas sem os direitos autorais) não tem seus cenários, mas conta com Max Schrek numa composição perfeita do vampiro original, um homem monstruoso e assustador. Outro clássico ainda atual do cinema mudo.
  89. Hora do Rush 3 – Rush Hour 3 (Brett Ratner, EUA, 2007) 3/5
    Acho triste um filme que tem Jackie Chan e não sabe usá-lo direito. E nem falo do fato de ter poucas cenas de ação: as que existem são pouco criativas, meio secas, não permitindo que Chan seja tudo que pode ser. Pelo menos é um filme engraçado (Chan contando no trapézio é lindo), apesar das várias piadas batidas e preconceituosas. 2007, né…
  90. Shin Godzilla (Hideaki Anno/Shinji Higuchi, Japão, 2016) 5/5
    Godzilla ataca o Japão! Acompanhe… a burocracia do governo japonês! Eu JURO que é um filme genial. Juro! Usar Godzilla para demonstrar problemas da cultura japonesa é, talvez, o melhor uso possível para o Rei dos Monstros nos nossos tempos. Nem o péssimo CG estraga essa obra-prima.

  91. Selvagens da Noite – Warriors (Walter Hill, EUA, 1979) 3/5
    Um retrato do problema das gangues nos anos 70 nos EUA (como Akira para o Japão, por exemplo), conta com um começo brilhante e um conceito central interessantíssimo, mas acaba se repetindo demais do meio pra frente.
  92. Sob a Pele – Under the Skin (Johnathan Glazer, Reino Unido/EUA/Suíça, 2013) 4/5
    Não posso dizer que GOSTEI. Já estava de saco cheio do meio pra frente. Mas é inegável que este filme, uma viagem abstrata com pouquíssimas falas, tem muito a dizer, com sua representação metafórica do papel relegado à mulher na nossa sociedade patriarcal. Plasticamente impactante e muito inteligente.
  93. Sicario: Terra de Ninguém – Sicario (Dennis Villeneuve, EUA, 2015) 3/5
    Villeneuve sabe criar tensão como ninguém, e o filme é uma ótima representação de como o crime organizado é um problema praticamente sem solução definitiva, mas, no fim, o plot principal empalidece perto da história da agente Macer (Emily Blunt, perfeita) tentando se impor ao ser usada pelo mundo masculino da polícia.
  94. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro, Brasil, 2014) 3/5
    Seria um ótimo filme. A história (sobre um menino cego que se apaixona pelo novo amigo de escola) é boa, e trata com sensibilidade uma série de temas complicados: preconceito com deficientes físicos, homofobia, bullying, sexo e sexualidade na adolescência. Mas os atores são TÃO ruins… e os diálogos são TÃO mal escritos… que fica difícil terminar de assistir.
  95. Doméstica (Gabriel Mascaro, Brasil, 2012) 5/5
    Documentário cru e necessário, no qual adolescentes de famílias, na maior parte, de classe média, entrevistam a empregada da família. Uma exposição interessante da relação esquizofrênica da nossa classe média alta com as empregadas domésticas que são “praticamente da família, sabe…” (o último caso é o mais esquisito), além da vida sofrida e dos problemas que fizeram com que essas mulheres (e um senhor) acabassem se tornando domésticas (Spoiler: homem. O problema são homens. Sempre.)

  96. O Grande Lebowsky – The Big Lebowsky (Joel Coen/Ethan Coen, EUA, 1998) 5/5
    Como em Fargo (também ótimo), o humor está em criar situações cada vez mais absurdas, em que pessoas incompetentes fazem cagadas cada vez maiores. Jeff Bridges é genial, John Goodman está ótimo. E ainda acredito ser um comentário sobre como as classe dominante está envolta em bobagem o suficiente para que as classes mais baixas nunca a alcancem.
  97. Superbad: É Hoje – Superbad (Greg Mottola, EUA, 2007) 5/5
    Humor de improviso que acaba acertando quase 100% das vezes, essa comédia é um retrato de como a adolescência masculina é um emaranhado de expectativas exageradas criadas pelo próprio machismo (a grande redenção final é quando os moleques finalmente se permitem não serem babacas e dizerem que se amam). E tem o McLovin!
  98. Platoon (Oliver Stone, EUA, 1986) 5/5
    Assim como filmes de terror, filmes de guerra também não me atraem. Mas esse é brilhante. Retrato não só da crueldade, como também da total falta de sentido da guerra em si (ou, especificamente, da Guerra do Vietnã), do total despreparo das tropas americanas para a batalha na floresta vietnamita, e dos pontos de vista conflitantes entre os soldados. Perfeito.
  99. Rashomon (Akira Kurosawa, Japão, 1950) 5/5
    A honra é uma desculpa esfarrapada para nosso próprio egoísmo. Uma fábula genial, contada em quatro pontos de vista diferentes, cada um defendendo sua própria honra e escondendo seus interesses. Kurosawa é um gênio da composição de tomadas, Toshiro Mifune é um ator brilhante e ultraexpressivo, e eu quero ver Kurosawa sem parar agora.

  100. O Silêncio dos Inocentes – Silence of the Lambs (Johnathan Demme, EUA, 1991) 5/5
    Só a trama do assassino em série Buffalo Bill já valeria o filme, claro. Mas O Silêncio dos Inocentes brilha e se torna o inquestionável clássico que é por todas as cenas em que Clarice (Jodie Foster) e Hannibal (Anthony Hopkins) interagem. O jogo de poder é a dinâmica de seus diálogos e, em parte, o tema do filme: poder, gênero, misoginia, dominação, loucura. Mais um filme brilhante para fechar 2016.

 

Mais uma lista, e mais uma meta batida! Ano passado […]

15 thoughts on “Os 100 filmes de 2016 do Kitsune”

  1. Como mencionei esses dias, fazer essa lista deixou meu ano muito mais agradável e isso foi graças a você e ao Diogo (Só vou publicar a minha em Janeiro). É legal perceber seus gostos, como apreciar toda prepotência exibicionista do Nicolas Winding Refn e ver que você se divertiu ao conhecer o cinema Argentino (Veja também “Relatos Selvagens” e “o Segredo dos Seus Olhos”).

    Enfim, o melhor das listas é sempre acrescentar, então espero que você consiga ver mais filmes no próximo ano (:

    Ademais, compactuo com sua opinião sobre Tropa de Elite; o segundo é muito melhor!

  2. Aí sim, pra mim é um dos momentos que mais curto do fim de ano!

    – Engraçado como “Pior filme de 2016” vai se repetindo ao longo da lista haha

    – De indiano só assisti “3 Idiotas” e é MUITO divertido, apesar de ser bem novelesco vários momentos.

    – Poxa Kitsune, se não me engano falei isso ano passado: Você precisa conhecer Woody Allen.

    – Adicionei 5 filmes pra minha lista, a maioria assisti ou também está na minha lista pra ver. Curioso que a maioria das suas impressões coincidem com as minhas (mas não sou fã de Stand-ups e documentários).

    – Podia rolar um vídeo de Gundam! Esses filmes vc viu em ordem cronológica? Precisa ter conhecimento de fora? Eles são versão resumida de temporadas? Muitas dúvidas rs

    – Minha meta é 10 filmes por mês, pra tentar fecha com uns 120 no ano. Aparentemente fecharei com 125 ou 126 esse 2016.

    Abraços e bom fim de ano!

    1. 1) SIM, não dá pra decidir, hahaha
      2) Como eu disse, preciso ver mais Bollywood.
      3) Poxa, eu adoro documentário. Preciso ver MAIS também.
      4) QUERO fazer um (UNS) vídeo de Gundam. Os filmes-resumo do clássico se bastam sozinhos, e são o primeiro, então dá pra começar por lá. Os The Origin são um prequel do clássico, então é melhor ver depois do clássico
      5) 10 por mês é uma boa conta! Vou tentar aplicar.

  3. Eu pensei que era o único que achava o primeiro filme do Highlander uma merda. Prefiro o anime do Highlander (Sim, tem um anime do Highlander, um filme de animação chamado Highlander: Search for Vengeance do Yoshiaki Kawajiri, e é surpreendentemente bom).

  4. Ótima lista, gostei que esse ano você acrescentou notas, muito mais dinâmico para ver quais os pontos negativos apontados realmente importam para a qualidade do filme. Poderia ter uma lista com animes, talvez algo como “As 10 recomendações do ano”?

  5. A cada vez que essa lista sai me dá um desespero de assistir tudo oq vier pela frente suhauhsauh Apenas um comentário: Se vc não gostou dos diálogos em Bastardos Inglórios veja Hateful Eight, eu adoro o Tarantino, mas deu pra notar que ele tava “jerking off” pra si mesmo enquanto escrevia as falas.

  6. Achei meio meh Doctor estrange. É mais uma histórica genérica de um personagem “babaca” que vai tornando “alguém bom”, com algumas piadas que funcionam e outras que dão vergonha aleia (aquela ultima do monge rindo mds). Também me incomodou o fato de ter vários “artefatos e magias proibidas”, mas ae o personagens do filme vão la e usam, sem que ocorra alguma consequência real.

  7. Saudações joviais.
    Lista bem bacana Kitsune, achei bem diversificada, certos filmes me surpreenderam. Alguns deles são bem panfletários em relação a questões ideológicas, como as sufragistas, geralmente você não fala muito sobre seus posicionamentos políticos/ideológicos, mas entendo que nesse momento do país não é muito frutífero expor certas coisas.
    Assisti boa parte dos filmes que foram citados, tenho que ver alguns dos clássicos que foram comentados. Eu sei como é legal citar que já viu um filme do movimento expressionista alemão, já dei essa cartada em algumas conversas e é sempre legal ver a reação das pessoas. huehueheu
    Sobre Akira Kurosawa, vi pouca coisa dele, acho que uns seis filmes, uma das coisas que me deixa boquiaberto com ele é o seu trabalho com iluminação, as sombras são personagens aparte em seus filmes. O melhor Kurosawa que vi até agora foi o Akahige/Barba Ruiva, ele tem três horas de duração, mas você não percebe o tempo passar, não vou entrar em detalhes pra não estragar o filme, acredito que seria uma boa aquisição pra sua possível lista de 2017.
    Um nome que me chamou bastante atenção na lista foi o do John Michael McDonagh, acredito que você vai curtir bastante o trabalho dele em Calvary, que também tem o Brendan Gleeson, dessa dobradinha só sai coisa boa.
    Pra concluir faço a mesma ressalva que acredito ter feito em sua lista anterior, tente se possível ver mais coisas da Corei do Sul, desse mato sai bons diretores como o Bong Joon-ho e Kim Jee Woon.
    Espero que você possa manter esse pegada no ano que vem, tendo em vista o seu trabalho, Vídeo Quest e o Augusto, não deve sobrar muito tempo pra ver uma quantidade significativa de filmes, porém o que importa não é a quantidade de filmes, mas sim a forma que você aproveita essas obras.

  8. Poxa. Que desperdício, kitsune. Alguns filmes aí mereciam uns parágrafos a mais. Enfim. Sobre seus comentários a respeito de dois filmes acima:

    Invocação do Mal:

    Não querendo ensinar algo ou bancar o chato, já falo que, talvez, assistir a “filmes de terror” enquanto “filmes de terror” seja um tremendo de um desperdício do nosso tempo, noutras palavras, uma armadilha. Digo isso pelos seus comentários.

    Ora, antes dele ser um “filme de sustinho”, aquilo ali é um drama humano, os conflitos estão claros. Isso é o que importa. A possiblidade de um pessoa se enxergar numa circunstância que não compreende, desesperadora até, onde o que ela conhece não lhe ajuda a solucionar o problema, é algo real, é um drama humano possível. E é essa a fonte de tensão das personagens. Agora se existem espíritos ou não, se o filme dá sustinho ou não, é outra história. Se ficar nisso, nessa camada de absorção, vai acabar não aproveitando o que aquilo ali tem haver com a sua própria vida, afinal, a ficção é sobre possiblidades.

    Sicario:

    Sim. Ela está num meio de homens, mas, no meu ver, ela não tem nada de diferente dos outros, exceto o corpo (óbvio) e o bom senso (coisa que amigo dela – o do filme Corra! – também tem). Se há um diferença maior, mais profunda, simbólica e até espiritual, não é o foco.

    Daí eu achar que a sua afirmação sobre o que filme poderia ser seja algo que você impôs ali, algo que, por algum motivo, você acha interessante (mulheres no mesmo cenário social que homens), que em 90% das obras feitas até hoje é uma camada acidental (todo ser humano tem um sexo (tem uma renda, fala uma língua, possui tais valores etc, etc.)), mas que só em algumas poucas obras é o foco do realizador. .

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