Zero Eterno – análise do mangá

O mangá Zero Eterno chega ao Brasil apresentando um novo ponto de vista sobre os pilotos mais famosos da segunda guerra mundial: os kamikazes.

Na história acompanhamos Kentaro Saeki, um jovem de 26 anos, que não trabalha, não estuda e está procurando algo que o motive. Sua vida muda, e começa a tomar rumo, no dia em que sua irmã o contrata para descobrir quem foi seu avô Kyuzo Miyabe, um piloto de caça que morreu em missão pelo Tokkotai, a esquadra de pilotos suicidas japoneses da Segunda Guerra Mundial.

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Sucesso em diversas mídias

Zero Eterno (Eien no Zero) é originalmente um livro publicado em 2006 pelo escritor Naoki Hyakuta e se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas no Japão. Com os milhões de cópias vendidas, claro que não demorou para que a obra fosse levada para outras mídias e assim surgiram uma adaptação para o cinema feita em 2013, uma série de TV lançada em 2015 e o mangá escrito por Souichi Sumoto que abordaremos nesse review.

A edição da JBC foi lançada em 2015 dividida em 5 volumes, assim como no Japão, e conta com um trabalho bem caprichado da editora em todos os aspectos: impressão, tradução, acabamento e capas. Se fosse pra reclamar de algo só diria que me senti incomodado com o vai e volta que precisa ser feito para entender todos os termos históricos, já que ao invés de colocar observações na própria página, a editora optou por um glossário ao final de cada volume. Isso acaba quebrando um pouco a experiência, mas nada que inviabilize a leitura ou desmereça o trabalho editorial.

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Zero Eterno e o conhecimento fragmentado

Aconstrução da narrativa é muito bem conduzida, quanto mais o Kentaro se envolve em descobrir pistas que esclareçam o passado, mais personagens vão surgindo para compor o mural de retalhos que são as informações sobre seu avô. Vamos conhecendo o piloto através de fragmentos do seu passado, que são os depoimentos dos seus companheiros e é engraçado ver a maneira como cada um desses “amigos” possui uma visão bem diferente sobre ele.

Essas diferenças de visão são tão importantes que nos primeiros volumes o protagonista só consegue enxergar coisas ruins e possui até vergonha de saber que seu avô foi um Tokkōtai. Mas com o passar dos volumes o jovem vai conhecendo um outro lado do piloto Miyabe e vai entendendo que em uma guerra nem tudo é tão preto no branco como os livros de história tentam contar.

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A abordagem que o autor deu para os kamikazes também é outro ponto bem interessante, descobrir que nem todos eles tinham aquela visão cega de apenas servir aos desejos do imperador e que muitos provavelmente não queriam nem fazer parte do Tokkōtai é um dos momentos mais emocionantes da história.

Se isso foi 100% verdade? Não sei, mas acho relevante essa outra ótica sobre a guerra, esse esforço do autor em trazer um pouco do orgulhoso japonês à tona novamente, mesmo que ele acabe entrando numa linha tênue que pode mitificar de forma positiva pessoas que no final das contas tiveram atitudes horríveis. Afinal, não conseguimos entender o horror de uma guerra e ficar apenas criticando não leva a lugar nenhum, é sempre bom considerar e refletir sobre todas as possibilidades.

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Considerações finais

Se você leitor tem curiosidade em entender um pouco mais sobre a segunda guerra mundial e principalmente quer ver um outro lado dessa guerra, o lado como muito dos japoneses a enxergavam, fica aqui a recomendação desse belíssimo mangá.

Acredito que desde o seu lançamento ele tenha ficado fora do radar de muitos fãs de quadrinhos japoneses, mas é importante que ele seja lido, primeiro para nunca esquecermos as atrocidades de uma guerra e segundo para que mais obras como essas sejam publicadas no Brasil.

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Ficha Técnica

Total de Edições: 05 volumes
Formato: 13,5 x 20,5 cm
Páginas: cerca de 200
Preço: R$ 23,90
Classificação etária: 14 anos
Distribuição: livrarias e lojas especializadas

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Sobre Wagner

Wagner é o manda chuva do Troca Equivalente. Formando em algo sem relação alguma com o universo dos animes e mangás, está sempre por aqui dando seus pitacos. Pelo nome do blog já dá para imaginar qual é o seu mangá/anime favorito.

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