Hiroshima – A cidade da calmaria – Editora JBC

Hello guys! Estamos de volta aqui no Gyabbo!, praticamente de férias, faltam basicamente seis dias! Por isso podem esperar uma quantidade de posts bem grande por aqui, ainda mais com a temporada de inverno logo aí.

Mas hoje irei comentar sobre um manga; Hiroshima – A cidade da calmaria.

Em 1945, a Segunda Grande Guerra caminhava para o seu final, a Alemanha já havia sucumbido, os Aliados já haviam decidido o que fazer com ela e esperavam o rendimento japonês de maneira imediata, sendo a única outra alternativa para o país “uma rápida e extrema destruição”. Ignorando as ameaças dos aliados e conjuntura militar que já estava desenhada na época, o Japão não se rendeu. Assim, em 6 de Agosto de 1945, o presidente dos EUA, Harry Truman, ordenou o bombardeio de duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki com as primeiras bombas atômicas usadas em um guerra. A chamada “Little Boy” atingiu Hiroshima e a “Fat Man” Nagasaki”. Seis dias depois o Japão aceitava a sua derrota, dando fim à Segunda Guerra Mundial.

Este manga lançado pela JBC no seu selo “Graphic Novel”, Hiroshima – A cidade da Calmaria, por Fumiyo Kouno, vem mostrar as consequências que os sobreviventes aos ataques sofreram, não somente os que foram diretamente atingidos, mas as gerações que viveram e vivem em Hiroshima e sempre ficarão marcados por esta sombra.

Lançado originalmente entre 2003 e 2004 pela editora Futabasha, o manga é divido em duas partes, com três capítulos. A primeira, chamada “A cidade da calmaria”, se passa em 1955, 10 anos após a tragédia, tendo como protagonista a jovem Minami Hirano. Apesar de ter uma vida normal, morando com sua mãe (única sobrevivente da família junto com seu irmão menor), trabalhando e procurando aproveitar as pequenas coisas da vida cotidiana pós-guerra, Minami, mesmo tendo se passado uma década, não consegue esquecer dos horrores que presenciou.

Na sua mente ela não consegue entender por que sobreviveu, sentindo-se culpada por tal fato. Apesar dos seus esforços para viver feliz, as imagens de sofrimento sempre voltam, marcando sua vida.

Com uma narrativa incrível, remodelando quadrinhos, misturando imagens, utilizando quadros com apenas falas (ou mesmo nada), Fumiyo Kouno consegue em pouquíssimas páginas emocionar o leitor com a história de Minami. Não contarei o final dessa parte, mas tenham em mente que as consequências podem durar muitos anos.

Já em sua segunda parte, dividida nos dois últimos capítulos do volume, temos “A terra das cerejeiras”. Sua primeira parte se passa em 1987, em Tóquio, com a pequena Nanami Ishikawa, filha do irmão de Minami, logo, apesar de não morar em Hiroshima, Nanami faz parte da segunda geração da bomba. Essa primeira parte é muito singela, mostrando um pouco do cotidiano de Nanami e sua amizade com sua vizinha, Toko Tone. Ambas são muito próximas, mas por necessidade, a família de Nanami acaba se mudando para um distrito mais próximo do hospital onde seu irmão, com pneumonia, recebe tratamento.

17 anos se passam, estamos em 2004, quando o pai de Nanami começa a sumir, passar dias foras de casa, sem dar esclarecimentos. Preocupada com o pai, Nanami resolve segui-lo e por coincidência reencontra Tone, agora uma enfermeira. Ambas se juntam como se nunca tivessem se separado e Tone ajuda Nanami na busca do que acontece com seu pai.

Aqui temos uma história muito mais reflexiva, o pai de Nanami não tem problemas de saúde causados pela bomba atômica, mas seu coração continua preso de certa forma à Hiroshima, especialmente por causa do que aconteceu com sua irmã (aquilo que eu não contei e pode ser visto na primeira parte).

O traço de Fumiyo Kouno é um pouco rústico, utilizando-se bastante de traços irregulares e rabiscados. Tudo isso encaixa-se perfeitamente com o teor das histórias. Como diz o título, o traço da autora passa um certo ar de calmaria, contrastando com a realidade horrorizante que esse fato histórico causou.

O trabalho da editora JBC está muito bem feito, como podem ver a cima as páginas são bem coladas e possuem uma gramatura mais forte, um pouco áspero, gostosa de folhear. Uma crítica que eu faço ao trabalho da editora está no excesso de asteriscos e colchetes. Como os quadros são muito cheios de placas em japonês, a editora resolveu traduzi-los em outro espaço, a fim de não modificar a arte, o que é louvável. Porém, as traduções caem em outras partes dos quadros, poluindo e atrapalhando a experiência da leitura. Outra crítica que faço é quanto ao uso de selos, caixa de resumo e repetição do título no que seria a contra-capa. Como vocês podem perceber na primeira imagem desse post as duas “capas” formariam uma imagem única, mas isso acaba sendo destruído pela “intrusão” excessiva feita pela JBC. Em mangas comuns onde as imagens são simplesmente repetidas, essa tática ainda é válida, mas em um manga de R$19.90 e com um selo de “Graphic Novel”, seria de esperar que o tratamento à arte fosse maior.

No final ainda temos um pósfacio da autora explicando o processo de criação deste manga, sendo ela mesmo de Hiroshima, mesmo que nunca tenha tido alguma ligação com esse caso da história antes de começar a escrever o manga. Como ela mesmo afirma, obras assim são necessárias para mostrar ao grande público o que houve, o terror, o desprezo onde a humanidade pode chegar, servindo como uma forma das futuras gerações evitarem repetir o mesmo erro.

Hiroshima – A cidade da calmaria é um manga simples, mas com essa simplicidade consegue ser brilhante. Com certeza uma necessidade no mercado brasileiro de mangas, não pode ser dispensado, compre assim que puder.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Fumiyo_K%C5%8Dno

http://en.wikipedia.org/wiki/Town_of_Evening_Calm,_Country_of_Cherry_Blossoms

http://en.wikipedia.org/wiki/Atomic_bombings_of_Hiroshima_and_Nagasaki

http://en.wikipedia.org/wiki/World_War_II

http://myanimelist.net/manga/1487/Town_of_Evening_Calm_Country_of_Cherry_Blossoms

Hello guys! Estamos de volta aqui no Gyabbo!, praticamente de […]

8 thoughts on “Hiroshima – A cidade da calmaria – Editora JBC”

  1. Pronto, li.

    No dia que fui ler online, troquei de aba e vi que a JBC ia lançar. Deixei para comprar.
    Também só reclamo do preço e esses selos na capa, pois de resto está excelente.

    Gostei muito também, muito bonito.
    Também teve uma frase que foi uma das mais tristes que já li, e na hora deu uma daquelas “porradas emocionais”. “Alguém decidiu que tínhamos que morrer e… spoiler”.

    Tenso.

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