Endride – Primeiras Impressões

As sombrancelhas e a calça ao contrário meio que incomodaram um pouco, mas…

Endride é um projeto de anime e jogo para smartphone com design de personagens feito por Kazushi Hagiwara (Bastard!!) e Nobuhiro Watsuki (Samurai X). O estúdio Brain’s Base produz o anime, que tem previsão de 24 episódios, onde narra as aventuras de Shun, um garoto de 15 anos que, ao tocar em um estranho cristal, é magicamente transportado ao reino de Endras. Lá ele encontra Emílio, um jovem príncipe que busca vingar seu pai.

Para quem quer um bom divertimento e não se importa muito com uma produção menos caprichada, Endride pode ser um anime bem legal, o passatempo ideal para um domingo chuvoso. Entretanto, o primeiro episódio da série não foi dos mais impressionantes.

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No geral, a história segue num ritmo bom, apenas demorando um pouco demais na apresentação de Shun. A cena inicial na loja de cristais e a interação dele com a família já teriam sido mais que suficientes para conhecermos o necessário de sua personalidade e motivações para o episódio. O resto poderia ter ficado para depois. As cenas na escola ficaram deslocadas e meio redundantes (ok, ok, já entendemos que o Shun é um garoto bonzinho, amigável, etc…). Só um pequeno detalhe estranho que talvez seja explicado mais para frente no anime: o pai do Shun nunca volta para casa, mesmo trabalhando a apenas algumas estações de metrô dali? Do jeito que o menino e a mãe falavam parecia até que o homem estava em outro país. De resto, Shun consegue despertar simpatia apesar de ser um protagonista bem estereotipado.

Já na apresentação do Emílio faltou justamente o que sobrou na do Shun. Ficamos sabendo sobre suas habilidades (ou falta) de luta, e seu desejo de vingança, mas praticamente nada sobre sua personalidade, o que dificulta a empatia com o público. Talvez um flashback um pouquinho mais longo, mostrando mais como ele era antes que sua admiração pelo rei caísse por terra pudesse ter dado mais peso ao seu ódio no presente.

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Por outro lado, a interação entre Emílio e Shun ficou divertida e simpática, conseguiu nos fazer querer ver mais deles discutindo e lutando juntos. Tirando o excesso na apresentação do Shun, a narrativa teve ritmo de aventura, sem momentos arrastados e tediosos. 

A animação de Endride está bastante fraca, até as lutas, que são um importante atrativo para o público que gosta de aventura e fantasia, não ficaram muito boas. Os movimentos são quebrados, sem fluidez, e o desenho fica visivelmente distorcido em vários momentos. Embora o conceito do design geral seja interessante, a arte final ficou bastante comum, sem nada que chame muito a atenção. O design original dos personagens, que teve destaque por causa da fama de seus autores, está condizente com a proposta do projeto e visualmente bacana, mas perdeu um pouco da personalidade ao ser “animificado”.  Além disso, as exóticas sobrancelhas do Emílio e do rei Delzaine, e as calças do Shun, que parecem estar ao contrário incomodam um pouco. Mas isto, claro, pode ser apenas um estranhamento inicial que irá passar com o tempo.

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Nenhum dos defeitos apontados seria, isoladamente, um problema. Uma animação não tão boa pode ser compensada por um roteiro bem escrito, personagens carismáticos ou um excelente trabalho de dublagem. O que acontece com Endride é que seus pontos positivos conseguem, no máximo, anular e não superar os negativos. É um primeiro episódio bem mediano. Resta aguardar os próximos para ver se melhora.

Sobre liviasuguihara

Instrutora de inglês, "arteira", amante de animes e mangás. Você também me encontra no Twitter (@lks46), no Behance (https://www.behance.net/lksugui7ac5), e no Instagram (liviasuguihara).

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