Parasyte – Editora JBC – Vol.1

Cuidado! Os parasitas estão invadindo o planeta e eles vão literalmente dominar a sua cabeça! Venha conhecer Parasyte, essa obra sensacional pela Editora JBC.

Alguém sobre a Terra pensou: Se a quantidade de habitantes do planeta diminuísse pela metade, quantas florestas deixariam de ser queimadas? Se a quantidade de habitantes do planeta diminuísse para um centésimo, a poluição despejada sobre ele também diminuiria para um centésimo? Então, esse alguém pensou: Precisamos defender o futuro de todas a criaturas…

É com essa premissa e mesmo ideologia que Parasyte inicia. Em uma noite, pequenas criaturas desconhecidas caem dos céus e começam a entrar nas casas das pessoas para invadir suas mentes. Um desses parasitas tenta invadir a mente de Shinichi Izumi, um simples estudante do ensino médio japonês, mas falha miseravelmente ao conseguir apenas controlar sua mão direita. A princípio tentando cortar a própria mão em negação à existência dessa criatura, Shinichi se vê obrigado a aceitá-lo ao ter a própria vida ameaçada, pois uma vez que se apossam de um corpo, esses parasitas conseguem assumir a forma que desejarem desde a flexibilidade de uma borracha até uma dureza do aço. Assim começa uma relação bastante a contragosto entre humano e parasita, que mais tarde será denominado “Miggy”, derivado de “migi” que significa “lado direito” em japonês.

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A forma inicial do Miggy é bastante desagradável e amebácea, sendo que ele ainda está se desenvolvendo mentalmente, mas possui um instinto natural de autopreservação. A medida que ele vai buscando cada vez mais conhecimento, os diálogos dele com o Shinichi se tornam mais interessantes e a figura do próprio parasita é mais aceitável e até cativante. O interessante desse primeiro volume de Parasyte é que ele aborda várias questões sobre a existência dos parasitas as quais eu já estava me fazendo antes mesmo de surgirem: Qual a origem deles? Eles são alienígenas ou uma criação humana? Uma pessoa de quem eles invadem o cérebro, tem chances de voltar ao normal ou não?

Uma peculiaridade da história é que eles só possuem liberdade de se mexerem na parte do corpo que eles dominam. Por exemplo, mesmo que um parasita invada o cérebro de uma pessoa, ele só pode manipular a cabeça da pessoa, o restante do corpo se mantém intacto, pois eles dependem das funções orgânicas do hospedeiro para se manterem vivos. O foco da história é a função desses seres que rapidamente se mostra ser mitigar os humanos da face da Terra. Obviamente, como todo ser vivo, esses parasitas também tem que se alimentar de alguma coisa e é ai que entra o subplot de Parasyte, com uma onda de homicídios inexplicáveis e extremamente chocantes que passam a acontecer.

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Mesmo com toda essa explicação, acreditem, esse primeiro volume tem muita mais coisas que são abordadas, mas nem sempre fechadas. O manga não decepciona na forma como trabalha suas questões filosóficas porque ele não é apenas uma história sobre a invasão de criaturas irracionais que espalham o terror pelo planeta sem razão alguma. É uma história sobre conscientização da preservação do planeta que utiliza como meio para atrair um público geral, os parasitas. E o mais interessante de tudo isso é que essa mentalidade já existia há vinte e sete anos atrás e pessoas maduras de 20 a 30 anos liam e comentavam para a revista do manga.

Parasyte, ou originalmente Kiseijuu, é um manga criado por Hitoshi Iwaaki em 1988, finalizado em 1995 com 10 volumes publicados pela editora Kodansha. Em 2014 ganhou uma adaptação para anime de 24 episódios, fazendo muito sucesso e trazendo a oportunidade da obra ganhar novamente um brilho ao sol nas terras tupiniquins vindo pela editora JBC. O manga está muito bonito com capa fosca, papel offset com um pouco de transparência, mas que não me incomodou na leitura. A tradução está boa, mas o preço R$16.90 acaba sendo salgado.

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O estilo do traço clássico do manga é muito bonito e esmerado. Por ser um manga relativamente antigo, a ambientação da história é agradável de acompanhar por não ter exageros tecnológicos e as relações familiares são mais valorizadas, mostrando que as pessoas mais próximas notam e se preocupam com quem está ao seu lado. Um detalhe que eu achei peculiar da história é que as estampas das camisetas do Shinichi sempre descrevem uma palavra ou frase que condiz com o que acontece com ele na cena correspondente. No começo do volume mesmo, ele usa uma camisa escrito “Dream and Vision” que condiz com o momento em que ele está dormindo e o parasita entra dentro do braço dele e ele acredita que teve uma alucinação.

Parasyte é muito instigante, certamente é um manga que eu vou acompanhar, porque o enredo me surpreendeu e ele promete ser muito mais do que parece. Então se você procura uma trama distinta que tenha ação, drama, terror e ficção científica bem trabalhados e que traga mais do que um simples passatempo, tenha uma mensagem, um conteúdo simbólico, recomendo! E mais, deixo minha sugestão pessoal para a JBC trazer um manga de tema semelhante e que praticamente é da mesma época de Kiseijuu: Please Save My Earth. No mais, boa leitura!

Sobre Karina Herbsthofer

Artesã, fotógrafa, escritora, otaku, comilona, amante de gatos e dança. Viciada em cheirar livros! Mora no estado de São Paulo. Escreve no blog do Gyabbo! desde 2014.

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7 thoughts on “Parasyte – Editora JBC – Vol.1”

  1. Não li o mangá, mas o anime é bem bacana.

    E tomou certas liberdades como a aparência do protagonista que reforçam a evolução por que ele passa no decorrer da história.

    1. Eu tenho vontade de assistir o anime, mas meu medo é ver e perder o interesse no mangá!

      Assistindo algumas cenas, eu percebi essa diferença no protagonista. No anime pode ser uma fórmula eficiente, mas eu não deixo de gostar do traço do personagem no mangá. Gosto como ele é, e me agrada muito ele não utilizar tanto essa fórmula a lá Homem Aranha que ao meu ver é bastante manjado. Ganhar habilidades extras não precisa ser sinônimo de mutação visual.

  2. Ah, Karina, as estampas! Parabéns pela perspicácia, mocinha!! Achava que era só eu! Rsss!
    Muito boa a resenha. Equilíbrio perfeito em mostrar o suficiente pro interesse, sem ser spoiler grosseiro. Muito bom!

    Se permite uma sugestão, assista a “O Enigma do Outro Mundo”, o original do John Carpenter. Ambas obras acentuam o sabor uma da outra.
    Bom fim de tarde! Té más

    1. Obrigada Flávio! Eu achei interessante essa relação das estampas com as situações na história. E que bom que mais alguém notou rs

      Opa, vou procurar pra assistir, valeu!

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