Guerreiras Mágicas de Rayearth – #MêsDoShoujo

Um mundo belo e trágico, robôs gigantes, muita magia e uma salpicada de nostalgia. Tudo isso e muito mais no clássico Guerreiras Mágicas de Rayearth do grupo CLAMP!

Tudo começa durante uma excursão escolar onde a jovem Hikaru Shidô está visitando a famosa Torre de Tóquio. Curiosamente, outras duas escolas decidiram fazer a mesma excursão no mesmo local e horário e, durante a visita, Hikaru conhece mais duas garotas, uma de cada escola, Umi Ryuzaki e Fuu Ho-oji. Assim que as três ficam frente a frente, todo o cenário começa a ficar embaçado como se a realidade estivesse se distorcendo! Quando as três se dão conta, estão caindo do céu em um mundo completamente diferente e prestes a serem esmagadas pela queda até que um pequeno ser as salva e explica o que aconteceu: Ele se chama Guru Clef e elas foram convocadas para este mundo, o mundo de Cefiro, para salvá-lo, porque elas são as lendárias guerreiras mágicas!

No final da década de 80 e início dos anos 90, o grupo CLAMP teve sua primeira obra publicada, ganhando visualização de grandes editoras com a belíssima história de RG Veda. Com o seu sucesso, a editora Kodansha tinha vontade de ver uma história nova nas mãos do grupo e aproveitar a popularização da marca CLAMP no Japão, então encomendaram uma história de magia que acabou por vir a ser as Guerreiras Mágicas de Rayearth. Publicado na mesma época de Sailor Moon, o título fez parte da chamada revitalização do gênero “mahou shoujo” que é tão popular hoje em dia na terra do Sol nascente e também foi o primeiro da CLAMP que se tornou visível aos olhos do mundo inteiro, fazendo um sucesso imprescindível com games, bonecos e utensílios em geral.

Rayearth 2

As Guerreiras Mágicas de Rayearth tiveram o início de sua vida na revista Nakayoshi da editora Kodansha em novembro de 1993 e em menos de um ano após seu início, ganhou um anime para televisão e diversos jogos criados pela Sega. Mesmo com todo o sucesso, o manga foi finalizado em fevereiro de 1995, mas para alegria geral da nação, logo foi anunciado que aqueles três volumes eram apenas a Fase 1 do título e que a Fase 2 teria início quase que imediatamente após, no mês de março de 1995. Essa segunda parte marcou o retorno das garotas ao mundo de Cefiro e teve a duração de mais três volumes, com o seu final definitivo acontecendo em abril de 1996 e fechando a série com seis volumes encadernados.

Falar de CLAMP é entrar em um universo ímpar e se maravilhar com toda a criação de novos mundos e a incrível e complexa ligação que cada um deles nos oferece. Quem já leu mais de duas obras do grupo deve entender o que isso quer dizer, afinal, praticamente todas as obras  do grupo se passam no mesmo universo (ainda que em diferentes realidades) e são alvos de crossovers entre personagens com Sakuras por aqui, Shaorans por ali e Mokonas pra todo lado. E é exatamente isso que deixa a imersão nesse universo mais divertida! Ver aquele personagem que foi vilão em um mangá, sendo o mocinho em outro ou aquele bichinho de estimação que parece um bolinho de arroz sendo um beberrão sarcástico em outra história.

Rayearth 3

O mangá pode ser encarado por muitos como um shoujo clichê e até não parecer muito interessante. Apesar do mundo CLAMP ser extremamente complexo, o roteiro de Guerreiras Mágicas é claramente simples, pelo menos até certo ponto. As três garotas são convocadas para livrar o mundo do mal e o motivo principal disso é… “porque sim”. É assim que tem que ser, elas chegam, fazem amizade umas com as outras, arriscam suas vidas por um mundo que nem conhecem e aceitam tudo isso numa boa apenas porque são pessoas boas e tem um coração cheio de esperança e bondade. O mangá é de uma pureza tão simples que questões como “por que elas estão fazendo isso?” ou “como se tornaram tão amigas em tão pouco tempo a ponto de arriscarem suas vidas uma pela outra?” são totalmente deixadas de lado. Simplesmente não interessa, desde que elas tenham corações fortes para vencer as batalhas que são impostas para elas. É isso que torna Guerreiras Mágicas de Rayearth tão especial, a pureza inocente do roteiro, bem executada, coisa que quase não vemos hoje em dia.

Sem falar do sentimento extremo de nostalgia que o título deve causar em grande parte dos fãs mais velhos de manga. Para os mais novos que não sabem do que estou falando, o anime de Guerreiras Mágicas de Rayearth passava em TV aberta (Sim! Antigamente tínhamos animes na TV aberta!) nas manhãs de Sábado Animado e a criançada adorava! Cantava o tema de abertura junto e torcia para que as meninas conseguissem salvar Cefiro! O anime fez a infância de muito marmanjo por aí que com certeza viram na recente republicação da Editora JBC, uma oportunidade de reavivarem sua nostalgia e relembrarem um pouco de suas infâncias, mesmo que hoje a história pareça clichê e boba demais. Naquela época “era o bicho”!

Rayearth 4

Falando da arte do mangá, muita gente costuma fazer algumas reclamações sobre a grande confusão que são as cenas de luta envolvendo magia. É tudo tão cheio de riscos e fumaça e espirais. Alguns olhos menos atentos podem deixar passar a beleza das cenas em uma leitura mais dinâmica, mas mangás como Guerreiras Mágicas de Rayearth e Tsubasa Chronicles, que possuem bastante desses recursos, são para serem lidos com calma, como se cada página fosse uma obra de arte a ser admirada e entendida. Para muitos é um aspecto negativo, mas para o grupo CLAMP, a experiência de se ler um manga vai além de simplesmente ler as falas dos balões e virar a página como muitos fazem. É necessário apreciar as cenas após a leitura de cada balão. Mesmo que as de luta percam um pouco do seu dinamismo, com certeza ganharão muito mais qualidade se você conseguir assimilar realmente o que está acontecendo ali.

Não é necessário ler correndo, o mangá não vai voar de suas mãos como o Mokona sempre faz.

Ah, e o nosso querido Mokona, hein? Foi nessa história que teve início a saga do mascote oficial do universo CLAMP e foi em grande estilo. Aquele bichinho branco e fofo que todos amam tem um significado crucial para o desenvolvimento de Guerreiras Mágicas de Rayearth, mesmo não parecendo. Sendo enigmático durante todo o andamento da história, Mokona consegue atrair grande parte das curiosidades dos leitores e ao final, surpreende de uma maneira impressionante, principalmente para quem já o tinha visto nas outras obras do grupo.

Rayearth 5

Para finalizar, não poderia deixar de comentar a qualidade que a Editora JBC nos entregou com o relançamento dessa obra recentemente. Após uma publicação em meados dos anos 2000 em formato de meio-tankohon, num total de 12 volumes, a editora resolveu relançar em edição de luxo com direito a especiais, páginas coloridas, capa cartonada com orelhas e papel off-set. O retorno das guerreiras se deu em grande estilo e ficou muito bonito! Até o acréscimo no preço valeu a pena para ter a coleção na estante. A Editora JBC está de parabéns por trazer novamente essa grande obra para os nostálgicos de plantão e para aqueles que não a conhecem ainda, ta aí uma grande oportunidade de entrar no magnífico universo da CLAMP!

Um mundo belo e trágico, robôs gigantes, muita magia e […]

One thought on “Guerreiras Mágicas de Rayearth – #MêsDoShoujo”

  1. Adorei o post. Quando pequena eu ganhei um vhs desse anime e viciei. E, 15 anos depois, estou correndo atrás dos mangás agora que voltei com a minha paixão por animes e afins. A nostalgia não tem fim quando se fala das guerreiras!

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