Crunchyroll Manga e o Brasil nessa história

crunchyroll-manga-shingeki-no-kyojinDepois de revolucionar a forma como vemos animes no ocidente, o ataque dos titãs agora é aos mangas!

No último dia 31 de outubro, marcando coincidentemente o aniversário de um ano do Crunchyroll no Brasil, a matriz americana anunciou de vez sua nova empreitada no universo do entretenimento pop japonês; depois de garantir acesso fácil e oficial a um grande catálogos de animes e alguns doramas de maneira simultânea com seu lançamento no Japão, dessa vez o alvo são os mangas.

O Crunchyroll Manga funciona mais ou menos como todos os sites de leitura online de mangas, com a diferença crucial de ser oficial, onde os fãs pagam não somente para terem um produto de qualidade nas telas dos seus computadores, televisões, smartphones, tablets, video games etc, mas terem esse produto com poucas horas de diferença em relação ao lançamento japonês e sabendo que estão pagando (pouco em relação ao benefício) diretamente às editoras e autores responsáveis por suas obras favoritas.

crunchyroll-manga-line-up

Inicialmente o acordo de distribuição se limita à Kodansha e tem no repertório inicial 12 títulos: Ataque dos Titãs – Shingeki no Kyojin, Fairy Tail, UQ Holder!, A Town Where You Live, Yamada Kun and the Seven Witches, Fort of Apocalypse, As the Gods Will, My Wife is Wagatsuma-san, Space Brothers, Mysterious Girlfriend X, Coppelion e The Seven Deadly Sins.

Como vocês podem ver, apesar da limitação própria de um novo projeto, o Crunchyroll Manga já começa com títulos fortes como Shingeki no Kyojin, Fairy Tail e o novo manga de Ken Akamatsu, UQ Holder!. Na seleção temos comédia, terror, slice of life, aventura, fantasia, certamente um bom equilíbrio, incluindo títulos que estão sendo publicados nos EUA e outros que não. No total são 170 países com o novo serviço e é justamente aí que nós do Brasil não entramos.

Quando soubemos da notícia, alguns dias antes do lançamento, havia sido adiantado que alguns países não fariam parte, como França e Alemanha por exemplo, mas nada falava do Brasil. No dia 28 de outubro, poucos dias antes do lançamento oficial, Deb Aoki do Publishers Weekly revelou que além desses, entre outros grandes mercados deixados de fora estava justamente o brasileiro. Buscando entender melhor essa situação comecei a conversar com Aoki pelo Twitter e ela me explicou que tanto o Brasil quanto a França ou a Alemanha não conseguiram estabelecer o Crunchyroll Manga pela dificuldade em adquirir os direitos de publicação digital dos títulos da Kodansha em razão do que ela chamou de “maturidade” desses mercados. Eles sabem da demanda brasileira por um serviço assim, mas o momento atual de fortes publicações no país deixa tudo mais difícil.

Porém, não impossível.

Já que o assunto pedia um maior aprofundamento na questão, fui conversar com Jose Faria, gerente da divisão em língua portuguesa do próprio Crunchyroll. A primeira coisa dita por ele foi que estão acontecendo negociações para que o Crunchyroll Manga também venha para o Brasil – seja com o conteúdo em inglês ou português -, sem nenhuma estimativa de tempo, no entanto.

Mas o interessante foi a posição passada por Faria de que o serviço não vem para rivalizar com o mercado em papel, mas sim se revelar uma alternativa interessante às licenciadoras e distribuidoras como uma forma não somente de lucrar mais ao expandir seus títulos a novos mercados, mas também “como uma maneira de saber o interesse num determinado país, assim retirando em grande parte a variável “incerteza“. Por fim, também foi revelado que as negociações vão além da Kodansha e que a ideia é aumentar o catálogo com mangas da diferentes editoras japonesas.

crunchyroll-manga-fairy-tailSe antes da chegada do Crunchyroll ao Brasil muitos apregoavam um fracasso certo quando hoje o serviço apenas cresce com qualidade e cada vez mais solidez, não consigo deixar de ser otimista mais uma vez e ver a chegada do Crunchyroll Manga como uma questão de tempo em nosso território. O quadrinho digital é uma realidade que não pode mais ser negada por nenhuma editora ou autor do mundo, aumentando de importância todos os anos, principalmente pela maior difusão de tablets e smartphones. Explorar tanto o físico quanto o digital deixará logo (se é que já não deixou) de ser um capricho para ser uma necessidade.

Isso significa uma mudança de paradigma na forma como nos relacionamos com os mangas oficiais que está acontecendo nesse exato momento e o Crunchyroll é apenas mais um que acordou para essa nova realidade. É claro e mais do que esperado que inicialmente as editoras que trabalham apenas com distribuição física não vejam essa situação com bons olhos, mas mesmo elas terão – uma hora ou outra – que começar a pensar estratégias para isso. Como disse Jose Faria, o Crunchyroll Manga além de gerar lucros para todos envolvidos também serve como uma grande exposição, mais ou menos como os fansubs e scanlators eram pensados no início (Leia aqui no Gyabbo! o artigo “O de “fã para fã” criou e matou a possibilidade de um mercado de animes no Brasil” sobre o tema), que retorna essa visualização para aqueles que querem ter seus títulos favoritos guardados na estante.

O futuro é incerto quanto ao tempo, mas acredito que logo veremos mais e mais ações como essa chegando tanto ao ocidente como um todo quanto ao Brasil.

Deixe seu comentário abaixo sobre a possibilidade da distribuição digital de mangas no Brasil. Daria certo? Sim, não? Por quê?

FontesPublishers Weekly | Crunchryoll

Depois de revolucionar a forma como vemos animes no ocidente, […]

27 thoughts on “Crunchyroll Manga e o Brasil nessa história”

  1. Saudações

    Conseguistes falar com o responsável pelo Crunchyroll português, jovem Denys? Ótimo. Isto agrega muito no que tange ao escopo de mercado e divulgação do mesmo. Engrandece vosso trabalho, nobre.

    Quanto publiquei a matéria sobre este fato (http://www.netoin.com/2013/11/dossie-crunchyroll-um-ano-no-brasil-e-maiores-informacoes.html) eu já estava à imaginar algo realmente neste nível de mensuração.

    Para os diversos Países nos quais o serviço de mangás do Crunchyroll ainda não chegou (incluindo o brasileiro), há realmente a prerrogativa da espera para que o mesmo chegue até nós.

    Pergunto, unicamente, sobre a que passos tem andado a questão.

    Até mais!

    1. Que gramática linda O.O (Desculpa o elogio sem nexo, mas é um tipo de coisa que me atrai, mesmo eu não sendo tão bom no mesmo… -_-‘)

  2. caro amigo gyabbo, daria muito certo, principalmente como você sou de manaus, e você sabe como é difícil comprar mangas que não seja com atraso ou as vezes que nem vem aqui pra manaus. E os scans brasileiros são muito arrogantes nas traduções, não pode cobrar nada que já se ofendem alegando que estão fazendo de graça e blablalba, um manga online oficial resolveria muito meus problemas

    1. Saudações

      Cento e setenta nações receberam o serviço em sua inauguração, mas infelizmente outras dezenove (entre as quais estão Brasil, México, Alemanha, França, Espanha e Portugal) ficaram de fora…

      Aguardemos novidades.^^”

      Até mais!

        1. Saudações

          Na verdade o Crunchyroll tem alcance em quase (todo) o globo, nobre Angélica. O diferencial está no fato do site ter as suas “regiões principais”, o que supostamente podemos chamar de “filiais” ou “localizações” específicas para o mesmo.

          Tem a sede do Crunchyroll, nos EUA. Na sequência parecem as localidades do site para a Grã-Bretanha e para o Japão. Aí surgiu, sequencialmente,a versão para a América Latina espanhola (filiada no México). Depois surgiu a localidade para o Brasil, Espanha e, por fim, a França..

          À rigor, de acordo com cada licenciamento de animes/doramas, o Crunchyroll pode trabalhar com até seis idiomas diferentes, mas a abrangência acaba sendo muito maior.

          Nesta esfera é que mora “o problema” do Crunchyroll Mangá. Mas anseio para que o mesmo apareça para os usuários brasileiros em breve, nobre.

          Até mais!

  3. Não irei responder a um nível generalizado, mas apenas com o que eu faria.
    Gosto muito de mangás, animes, LN ou VN e considero colecionar estes objetos o meu hobby.
    Para mim, essa venda da mídia digital não iria mudar em nada a forma como vejo a mídia física, muito pelo contrario, ela me serve sempre como uma forma de “test drive” antes de comprar um mangá licenciado no Brasil, até porque na realidade do nosso país, é complicado sair pagando R$12 para ver se vou gostar da história.

    Muitos do mangás que acompanho têm scanlators traduzindo os mesmos, o que nunca vi como motivo para não comprar o mangá em uma banca/livraria, até mesmo pela “mágica” de ler com o papel na mão ao invés de um desconfortável e cansativo tablet.

    Imagino que essa Crunchyroll Manga possa vir a ser uma boa ferramente para as editoras, uma vez que as mesma poderão ter uma base do que está sendo apreciado e que não tenha ainda a venda licenciada, e não sair fazendo contratos as cegas.

    Caso esse serviço chegue ao nosso país, não irei deixar de assiná-lo, muito menos de comprar os mangás, pois mesmo com a grande quantidade de fansubs que temos aqui, não parei de acompanhá-los e nem deixei de assinar o serviço de streaming da Crunchyroll, o qual acaba me salvando muitas vezes quando estou entediado e longe do meu acervo no PC.

  4. Ótimo texto.

    Quanto ao Crunchyroll, eu uso de um truque através do proxy pra ler tudo apesar de ser brasileiro. Tenho all-acess lá no CR e sou capaz de ler tudo. Rezando pra eles licenciarem Baby Steps xD

  5. Acho esse serviço de mangá online uma ótima pedida, por vários motivos. Para mim, os dois motivos principais são:
    1) Poder apoiar os autores sem que, para isso, eu tenha que comprar os volumes físicos: Eu sei que a maioria dos leitores realmente curte colecionar, mas, pessoalmente, eu só gosto de ter em volume físico aquelas obras que me tocam de um jeito especial, e que eu sei que eu irei reler algum dia. Tanto é que a minha coleção de mangás é relativamente pequena, pois vira e mexe vendo ou troco algum título que não me interessa mais. Um serviço de leitura online seria perfeito para apoiar aquelas séries que eu me divirto lendo, mas não quero ter na estante.
    2) A possibilidade de títulos “diferentes” chegarem por aqui: Há muitos mangás que eu gosto, mas que não tem a menor possibilidade de aparecerem por essas bandas. É o caso de Space Brothers, que inclusive já está nesse line up inicial do Crunchy. Outra coisa que também acontece muito é séries do meu interesse nem ao menos terem scanlations, ou serem abandonadas pelos grupos que começaram a traduzi-las. Esse serviço de leitura online seria uma boa oportunidade para essas séries “diferentonas” entrarem no nosso mercado, e talvez até cativarem um novo público.
    Enfim, torço muito para essas tais negociações irem de vento em popa, e para esse novo serviço também ficar disponível para o Brasil, ^^.

    1. Saudações

      O caminho para que o serviço de mangás esteja disponível para o Crunchyroll no Brasil será um pouco mais longo, e isto é quase uma certeza.

      Mas é bem como tu ressaltaste, nobre Angélica. As possibilidades são boas e, na balança, os ganhos são bem maiores e mais recompensadores, tanto para o site como também para os usuários do mesmo.^^

      Até mais!

  6. The Seven Deadly Sins (Nanatsu no Taizai), Yamada e UQ Holder de cara? Shut up and take my money! Se cosneguir trazer no futuro, mangás da Jump, ou melhor, AssClass e Shokugeki, eu pago uma prostituta para visitar a casa do dono dessa bagaça, como presente ¬¬’
    Caraca, eu realmente gostei dessa parada. Vou apoiar com certeza!

  7. Eu sou um grande “consumidor” de sites de mangá online. Inclusive, prefiro acompanhar pelos sites de manga online, doque pela versão impressa (mas, cabe uma observação, eu tenho um forte problema de vista, e para mim é mais facil dar um zoom no PC doque no papel hehe). Mas, mesmo lendo online, não deixo de colecionar os mangas via papel. Mas, no meu caso, eu coleciono os mangas via papel mais por respetio ao autor e a editora doque como preferencia em ter o papel na estante. One Piece, por exemplo, tenho acompanhado pela internet e ainda assino a versão da Panini, mas varios volumes ainda nem tirei do plástico.

    Eu só leio mangas via papel, mas quando eu não comecei a ler pela internet, ou nem mesmo sabia de sua existencia. Soul Eater é um bom exemplo. Não conhecia este mangá, por isto, mesmo ele estando mais avançado nos sites online, prefiro acompanhar a versão da JBC.

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