Gen’ei wo Kakeru Taiyou – Primeiras impressões

A luz que penetra a ilusão.

Cópia ou sucessor? Conheça Gen’ei wo Kakeru Taiyou, o primo pobre de Madoka Magica.

Depois de uma temporada longe por motivos de saúde e posteriormente para focar nas novidades do nosso mercado de mangas, o Gyabbo! retornar para os animes da temporada de verão e suas primeiras impressões. Apesar da demora isso acaba sendo positivo pois terei em minhas mãos pelo menos três episódios para julgar o início de cada série, algo que muitos consideram como número mínimo para isso.

Para o post de hoje devemos retornar ao ano de 2011 quando sucesso de Madoka Magica tomou os fãs de anime de surpresa (principalmente após seu terceiro episódio) para ao seu fim tornar-se um clássico. No entanto, para algumas pessoas esse status só poderia ser dado à Madoka se no futuro pudéssemos ver realmente que a série marcou a indústria dos mangas, principalmente ao influenciar uma sorte de outras séries apoiadas no mesmo estilo de mistura entre o mundo bonitinho e fofo das mahou shoujo e o sofrimento inerente a esse serviço.

Pois bem, após três episódios de Gen’ei wo Kakeru Taiyou podemos dizer que sim, ele é obviamente influenciado pela obra do estúdio SHAFT. Possivelmente um dos primeiros de muitos que ainda virão.

Akari Taiyou é uma pequena garota que após o falecimento de sua mãe vai morar com seus tios e sua prima, Fuyuna, vivendo normalmente entre a escola, sua nova casa e um lugar onde “trabalha” meio que brincando lendo a sorte das pessoas através das cartas do tarô. Um dia Akari é surpreendida por um incêndio no lugar onde trabalhava e corre até lá preocupada com suas colegas.

Ao chegar no local ela se depara com um monstro, o que acaba por acordar nela seus poderes enquanto detentora legítima da carta sol do tarô, transformando-a em uma garota mágica que irá ser preparada pela instituição Sephiro Fiore para defender o mundo dos Daemonia, monstros que consomem o corpo e a alma humana se aproveitando dos seus sentimentos negativos como tristezas, mágoas, rancores, inveja e outros.

Para não correr o risco desnecessário de dar spoilers que tiraria o impacto dos acontecimentos que permearam esses três primeiros episódios ficaremos com essa sinopse breve, mas que apresenta bem a primeira camada da série. Sim, a primeira, pois assim como Madoka, Kakeru Taiyou vai muito além de criar garotinhas com character designs fofinhos recebendo poderes estilosos para lutar contra o mal do dia. Sim, temos tudo isso, mas todo o glamour de ser uma mahou shoujo é quebrado já na primeira metade do primeiro episódio com acontecimentos que, se não chocam pela  direção algo confusa Keizo Kusakawa, surpreende.

Mais do que anime sobre batalhas entre garotas defendendo o bem e monstros demoníacos colocando em perigo a paz do mundo, temos episódio após episódio um desenvolvimento crescendo nas angústias que cada uma das personagens principais carregam em suas histórias. Além disso, a entrada de Akari naquele universo aperta o gatilho para a discussão se é realmente válido exterminar aqueles demônios da forma como é feito se isso acaba custando vidas humanas. Aqueles humanos que em situações de desespero intenso aceitaram realizar contratos com os Daemonia em busca de uma solução para suas vidas não devem mais ser vistos enquanto seres humanos cujo sofrimento é óbvio? Até que ponto matar é válido?

Pessoalmente Kakeru Taiyou conseguiu me surpreender por sair do lugar comum das séries de garotas mágicas, mas ainda assim não ser uma tentativa frustrada de imitar Madoka. Sua história é rápida – alguns podem até dizer que rápida demais -, dinâmica, sem tempo para enrolação. O que não significa que as reflexões exigidas pelo roteiro não se encaixem tranquilamente no que é mostrado. A série consegue equilibrar de forma positiva a exigência de cenas de ação interessantes com as personagens sendo cool com toda a dúvida que paira entre todos.

Apesar da sua animação mais pobre – parece que a maior parte do dinheiro foi investido em alguns momentos de animação que se repetem nas cenas de ação – e um acabamento menos fino, além de não se sentir segura o bastante para se aventurar em águas realmente profundas, Gen’ei wo Kakeru Taiyou é uma ótima pedida para essa temporada de verão – e sem fanservices!