Guest Post – De Fate/Stay Night a Fate/Zero – A História Não Contada da Quarta Guerra do Santo Cálice – Por Daniel Raijenki

No campo de batalha, não há lugar para esperança. O que lá jaz é apenas o frio desprezo e um pecado chamado vitória construído em cima da dor do derrotado.
O mundo do jeito que é, e a natureza humana como sempre, fazem ser impossível eliminar as batalhas. No fim, matar é um mal necessário – e, se tanto, é melhor finalizá-los com a melhor eficiência e ao menor custo, menor tempo. Não fale que isso é vil ou detestável. Justiça não pode salvar o mundo. É inútil.

Não acho que alguém aguente ler isso até o fim. Mas, em aulas de oratória, é comum ensinarem que a forma mais elegante de se iniciar um discurso ou texto a um público é com a frase: “Vou contar uma história”. E é isso que farei, contarei três histórias. Não uma, nem duas. Mas três.

A primeira história refere-se a minha infância. Creio que eu tinha doze anos quando ganhei de aniversário um livro chamado “A Espada na Pedra”, de T.H. White. Fiquei surpreso, eu conhecia a história: tal livro tinha originado o filme “A Espada Era a Lei” da Disney. Mas esse era o primeiro volume dentre cinco e, somente seis anos depois, comprei os outros quatro livros restantes. Independente disso e mesmo sabendo que não teria os volumes restantes tão cedo, reli aquilo exaustivamente. Sobre o que ele falava? A história de um homem que, em uma lenda, governou toda a Grã-Bretanha.

Baseado no livro “Le Morte d’Arthur”, que nada mais é que a primeira versão escrita sobre o ciclo Arthuriano, o “Espada na Pedra” trata da educação do Arthur junto ao seu tutor, o mago Merlin, que vivia o tempo do futuro para o passado e já sabia que Artur seria o futuro rei. A mensagem mais evidente que se nota é a existência de um apelo fortíssimo pela paz: na educação do jovem, temos que ele era constantemente transformado em animais para poder entender um pouquinho mais a humanidade. Coisas como o fato de seres humanos serem os únicos animais da natureza a guerrear, no sentido de matar seus semelhantes por outros motivos senão a sobrevivência, são bastante evidenciados. E mais: o fato de ter sido deixado a porta de Sir Ector e sentindo sempre um pouco inferior a Kay, seu irmão de criação que de fato era o dono das terras, Arthur cresce com duas virtudes básicas: inocência e humildade. A própria Caladbolg, a espada de seu pai, foi retirada de uma pedra, a qual dizia que quem o fizesse seria rei, porque Kay, ao ir em uma competição, esqueceu sua própria espada e pediu para Wart (apelido de Arthur) procurar uma. Inocentemente retirando-a, sem saber que isso o faria rei de toda a Grã-Bretanha, deu a Kay que, após pensar em dizer que ele quem havia retirado a espada da pedra, nobremente anunciou a todos que a espada não era dele.

Já como rei, ainda haviam muitos senhores feudais que se recusavam a aceitá-lo como seu superior. E não só isso, eles oprimiam as pessoas e cometiam o que Arthur chamava de Força Maior. Em busca de unificar todo o reino e lutar contra essa Força, Arthur juntou os melhores cavaleiros de seu reino. Entretanto, ele queria algo que os fizesse se sentir iguais entre si nas reuniões. Merlin sugeriu para que ele se casasse com Guenevere, cujo pai, o Rei Leodegrance, deu de casamento uma enorme mesa redonda. E, dessa forma, todos os cavaleiros que Arthur considerava como sendo bons e justos eram chamados posteriormente para ser um cavaleiro da Távola Redonda.

Entretanto, a mesma ingenuidade com que ele via o mundo quando criança fez com que seu reino fosse destruído. Mesmo tendo êxito em conseguir seus objetivos, com a Excalibur e a bainha da imortalidade, três motivos levaram a sua própria ruína. O primeiro resume-se a perda da tutoria do mago Merlin, que havia se apaixonado (e logo raptado) por uma bruxa chamada Nimue. Aliás, essa bruxa, também conhecida como A Dama do Lago, foi quem concedeu a Excalibur ao Arthur. De qualquer forma, o segundo foi um capricho do passado: ele acabou por ter um filho com sua meia irmã-chamada Morgause, que havia sido fruto de um relacionamento entre o pai de Arthur, Uther Pendragon, e a mãe de Morgause.

“Foi por isso que Sir Thomas Malory chamou seu longo livro de ‘Morte de Arthur’. Embora nove décimos da história pareça ser sobre justas de cavaleiros e buscas pelo Santo Graal e coisas desse tipo, a narrativa é um todo e trata das razões pelas quais o jovem fracassou no final. É a tragédia, a completa e aristotélica tragédia do pecado regressando a casa para repousar. É por isso que devemos prestar atenção na linhagem de Mordred, filho de Arthur, e lembrar, quando chegar a hora, que o rei dormiu com sua própria irmã. Ele não sabia que estava fazendo isso, e talvez tenha sido por culpa dela, mas parece que, nas tragédias, a inocência nunca é suficiente”. (T. H. White)

Apesar de ter demorado para conhecer o filho, o terceiro motivo para o desfecho da história desse rapaz chamado Arthur foi um jovem chamado Lancelot, conhecido também como o “Cavaleiro Imperfeito”. Lancelot era um admirador fervoroso do Rei Arthur e aspirava, desde cedo, ser um membro da tal Ordem da Távola Redonda. Ele era inacreditavelmente feio, mas competente no manejo de armas ao ponto de ser considerado o melhor cavaleiro do Rei. E apesar dessa feiura, a mulher de Arthur acaba por se apaixonar por ele, dando início ao triângulo amoroso que permeia o ciclo. Tal paixão fazia com que Lancelot ficasse atormentado por um devastante conflito interior e, envergonhado pelo que considerava um pecado, tenta se redimir prometendo se tornar o melhor cavaleiro do mundo, buscando, desta forma, ficar o mais longe possível de Camelot. Em certo ponto, durante em uma de suas viagens, ele até teve um filho ilegítimo (Galahad) com uma moça chamada Elaine; mas a cada vez que ele retornava, a partida seguinte era mais difícil. Foi nessa época também que Arthur começou as buscas pelo Santo Graal, dito como sendo o recipiente que Jesus Cristo havia usado na última ceia e que foi usado para coletar o sangue e o suor dele enquanto estava na cruz e posteriormente encontrado por Galahad, mas isso não interessa agora.

O fato é que, posteriormente, o filho bastardo do nosso rei reaparece e, sentindo culpa por ter tentado matá-lo quando ele ainda era criança, Arthur o acolhe gentilmente. Entretanto, Mordred usa o sistema de justiça estabelecido pelo próprio Arthur, que flagrou Lancelot e Guinevere no ato de amor, contra ele próprio: e o Rei não tem outra alternativa se não estabelecer a traição da rainha e de seu melhor amigo. Lancelot fugiu, enquanto Guinevere foi sentenciada à morte, mas posteriormente resgatada pelo seu amante e levada ao seu reino. Isso fez com que Arthur declarasse uma guerra ao seu antigo cavaleiro e enquanto esteva fora da Grã-Bretanha, deixou Mordred responsável por tudo, que se rebelou e fez com que o Rei voltasse para depô-lo.

Velho e sábio, sem mais a inocência de criança, Arthur assiste seu reino começar a colapsar. Sentado sozinho em sua tenda na Planície de Salisbury, esperando na sua última batalha, na insolvência final de suas esperanças e chorando lágrimas lentas da velhice, seu antigo tutor reaparece para reatar o relacionamento. Merlin vê a extensão do sofrimento de Arthur e não tem a certeza se pode fazer isso tão tardiamente, mas acaba por devolver a inocência aos olhos do nosso Rei. Ele visita novamente os animais e lembra de tudo que aprendeu quando criança. E, então, com o coração mais leve, ele vai para a batalha final, conhecida como Batalha de Camlann.

Arthur pede uma trégua a Mordred após oferecer metade de todo o seu reino pela paz. Os dois exércitos se encontraram e o tratado foi concluído com uma facilidade maior que a esperada. Entretanto, uma cobra mexeu próximo a um oficial de Mordred e, o gesto feito por tal oficial para matar a cobra foi tomado pelos exércitos como uma traição e que desencadeou a guerra. Nela, pai mata filho, acaba gravemente ferido pela própria Caladbolg usada por Mordred, e com somente sete soldados, pedindo para que um deles, chamado Bedivere, jogasse a Excalibur em um lago para devolvê-la a Nimue.

Camelot começa a se desfazer e, desta forma, encerra-se a primeira história que eu queria contar.

Minha segunda história refere-se a uma guerra que ocorreu há duzentos anos por três magos, também chamados de magi: Justizia Lizleihi von Einzbern, Nagato Tohsaka e Zouken Makiri, que desejavam criar um caminho para a Akasha: um local fora da dimensão temporal que é a fonte de todos os eventos e fenômenos do universo, e onde guarda e arquiva todas as informações do passado, presente e futuro. Tal ambição foi realizada através da criação de um ritual para a conjuração de um artefato mágico chamado “Cálice Sagrado”, ao qual cada Mestre, nome dado aos magi que participavam deste ritual, tinha o direito de convocar um herói do passado para batalhar por ele. Para a realização de tal ritual, cada família contribuiu um pouco:

  • Os Einzbern deram o recipiente físico para o Cálice Sagrado.
  • Os Tohsaka deram o local próprio para chamar os Servos.
  • Os Makiri criaram os Selos de Comando, ao qual cada Mestre tinha direito a três e permitia obediência absoluta por parte do herói a ordem dada pelo Mestre.

Com seus Servos, todos lutavam entre si em busca da posse do Cálice. O último a sobreviver teria acesso a ele e, por conseguinte, a qualquer desejo, mesmo que este seja impossível. No geral, um ciclo de sessenta anos é necessário para o Graal acumular energia o suficiente para chamar os heróis do passado; entretanto, devido a fatos da quarta guerra, o artefato já tinha poder o suficiente para conseguir se materializar em 10 anos. Somente na Quinta Santa Guerra houve um vencedor. Seu nome? Shirou Emiya.

Esse rapaz tinha uma história estranha. Em um incêndio que dizimou a todas as pessoas, ele foi o único sobrevivente. Ao ser levado para o hospital e, tempo depois, curado, ele recebeu a singela proposta da pessoa que o encontrou: “Eu sou um mago. E você pode ficar aqui e ir para um abrigo ou ir morar comigo”.  A segunda opção parecia mais interessante, e assim ele foi para casa com seu novo pai adotivo, Kiritsugu Emiya.

Na verdade, o Kiritsugu era mesmo um mago e até mais poderoso do que se normalmente pensaria, mas ambos mantinham uma relação mais distante graças as saídas constantes de Kiritsugu. Entretanto, em uma noite de luar, Shirou descobre que o sonho de Kiritsugu era ser um “herói da justiça”, um protetor dos fracos e inocentes, e acaba tomando esse sonho para si próprio. Por isso mesmo, insiste aprender magia, mas percebe que não tem talento em praticamente todos os elementos da magia, exceto um: projeção.

Após a morte de seu pai adotivo, Shirou continua a praticar projeção todos os dias e tentando mudar o mundo a sua própria maneira. Entretanto, uma série de eventos faz com que ele seja escolhido pelo Santo Graal para disputar a quinta Guerra do Cálice Sagrado. Ele não possuia talento para ser um mago. Ele não possuia nada. Mesmo assim, foi escolhido e ganhou um Servo da classe Saber: Arthuria Pendragon.

Sempre que o Cálice reestabelece seu poder, ele escolhe sete magos que conjuram um servo cada um. Tais servos podem ser das seguintes classe e foram designados aos seguintes mestres:

  • Saber: Shirou Emiya
  • Archer: Tohsaka Rin
  • Lancer: Kotomine Kirei
  • Berserker: Ilyasviel von Einzbern
  • Assassin: Caster
  • Caster: Soichirou Kouzuki
  • Rider: Sakura Matou (Makiri)

Assim como os Mestres, ao disputar e vencer a guerra, cada Servo tem direito a um desejo. Não explorarei o Fate/stay Night aqui, mas é óbvio que o desejo da Arthuria era ajeitar seu reino. Aliás, segundo Kinoko Nasu, escritor disso tudo, a história da Arthuria é bem similar ao do nosso Arthur: porém ela é mulher.

E mulheres não podiam governar um reino.

Não só isso: no momento que Arthuria tirou a espada na pedra, ela parou de crescer e o tempo estagnou para ela. Mas, como mulheres não podiam governar reinos, ela acabou tendo que jogar toda sua humanidade fora para que as pessoas a vissem como um Rei, não como humana. E assim foi feito. Quanto mais ela ajudava às pessoas, menos humana ela ficava e assim ela fez até a batalha de Camlann, ao qual ela viveu seus últimos minutos, assim como o Rei Arthur viveu. Era um ideal bobo, mas refletido na personalidade da Saber até no fato de ser virgem, pois preocupou-se tanto com seu reino que não conheceu homens ou fez outras coisas na vida.

Interessante notar que todos aí são relacionados ao Shirou, em geral graças a guerra anterior. Como falarei mais a frente, a Ilya, particulamente e desde criança, odiava os Emiya por algum motivo desconhecido. A Rin e Sakura eram irmãs separadas na maternidade que estudavam no mesmo colégio, o Soichirou era o professor e o Kotomine Kirei era o guardião da Rin – e tinha um interesse em especial pelo Shirou graças a seu sobrenome.

Isso a parte, para materializar os Servos, o Graal usa a Terceira Magia chamada “Heaven’s Feel” que nada mais é que a materialização da alma e tem a finalidade de parar a dispersão da alma, uma vez que esta, ao não ter mais um âncora no mundo, segue seu inevitável caminho e transcende para uma existência maior. Assim, o Graal copia as informações dos heróis que serão conjurados nesta guerra e os materializa. Não é uma ressurreição, é apenas a formação temporária da alma que não requer um corpo. Após um Servo ser morto, sua energia volta ao Graal e, quando seis Servos são derrotados, o Graal obtém energia suficiente para se materializar e realizar o desejo do vencedor.

O que não se contava é que, em certo momento da história, o Graal ficou corrupto graças aos Einzbern. Em tese, o Graal só poderia convocar bons heróis, porém regras foram quebradas e o Angra Mainyu, entidade negativa do Zoroastrismo, foi convocado como sendo da classe Avenger. O que não se esperava era que ele, na verdade, era apenas um ser humano normal que tinha sido aleatoriamente escolhido e torturado para carregar “todos os males do mundo” e foi facilmente derrotado. Entretanto, quando o Graal o absorveu, foi corrompido por tamanha energia negativa. Finalmente, ao perceber que o Santo Cálice havia sido corrompido e que ele não era uma coisa bom, Shirou o destrói ao custo de sua própria vida. Bom, mais ou menos: Ilyasviel usa uma versão incompleta da terceira magia para manter a alma do Shirou na Terra.

E desta forma encerrou-se a Quinta Guerra do Cálice Sagrado e minha segunda história.

Sei que, até aqui, já devo ter escrito demais, porém prometi três histórias e esta última nada mais é do que sobre uma conversa de bar. Lá, estavam dois escritores chamados Nasu Kinoko e Urobuchi Gen, onde este último tinha acabado de receber um convite para escrever a história sobre a Quarta Guerra do Santo Cálice e da forma que bem entender. Obviamente que, como o Fate original estava já sendo construído, o Fate/Zero (nome dado para a Quarta Guerra) teve que ter alguns eventos e personagens já determinados. E, na verdade, Fate/Zero ficou pronto antes do Fate/stay Night original, mas os dois resolveram esperar o original ficar pronto para poder lançar.

De qualquer forma, toda a trama do Fate/Zero tem início por causa dos Einzbern, uma família de longa linhagem de magos; neste universo, poderíamos até dizer que eles eram nobres. Nas três tentativas passadas, eles sequer tinham chegado perto de conseguir o Santo Graal. Estavam frustrados e tamanha obsessão fez com que eles cogitassem a aceitar alguém de fora daquela nobreza, alguém que não tinha uma linhagem como eles. Tudo em troca do Santo Cálice.

A pessoa que foi acolhida? Kiritsugu Emiya que, desde criança, queria ser um super-herói. Seu passado foi vivido numa ilha onde, em uma série de eventos, ele conheceu Natalia Kaminski, uma mercenária, e acabou matando seu pai e sua melhor amiga por si próprio, o que logo o frustrou ao perceber que não se pode salvar a todos: para salvar a maioria, alguns devem perecer e procurava o Graal para tornar seu desejo de salvar o mundo uma realidade. E então Kiritsugu seguiu os passos da mercenária que havia conhecido, até o dia que ela morreu.

Sendo acolhido pelos Einzbern, casou-se com a Irisviel, uma homunculus, e teve uma filha, a Ilya. O patriarca daquela família, chamado Acht, concedeu a bainha do Rei Arthur ao Kiritsugu, de forma a ele poder invocar o próprio, e assim foi feito.

Na batalha pelo quarto Graal, temos os seguintes Servos e Mestres:

  • Saber: Arthuria Pendragon / Kiritsugu Emiya
  • Archer: Gilgamesh / Tokiomi Tohsaka
  • Lancer: Diarmuid Ua Duibhne / Kayneth Archibald El-Melloi
  • Berserker: Lancelot / Kariya Matou
  • Assassin: Hassan-i-Sabah / Kirei Kotomine
  • Caster: Gilles de Rais / Uryuu Ryuunosuke
  • Rider: Alexandre / Waver Velvet

Apesar de ser um mago, Kiritsugu evitava ao máximo a magia, recorrendo sempre a formas mais drásticas de cumprir seus objetivos, e sempre a qualquer custo. O cerne de tudo começa no conflito entre Arthuria e Kiritsugu. Saber, como cavaleira, não conseguia aceitar a forma de pensar do Mestre, ao qual os fins compensam os meios. Assim sendo, Kiritsugu agia somente com sua companheira, Maiya, e deixou Saber como protetora de Irisviel. Mas o conflito entre Kirei e Kiritsugu fica mais evidente.

Kirei é o grande vilão da história. Ele era um Executor, uma espécie de padre que exterminava os hereges, chegou muito perto de ter várias coisas, mas sempre desistia quando estava muito perto. E isso intrigava Kiritsugu. O grande problema é que, na verdade, Kirei nunca aprendeu o que era bom ou ruim, ele apenas queria ter o que chamava de “diversão”. Ele chegou a ter uma mulher que sofria de uma doença, e apenas a tinha por perto para vê-la sofrer. Todas as vezes que se encontravam, os dois lutavam sem dar uma palavra. Seu servo, Hassan-i-Sabah que, na vida real, era o líder de um clã e tinha múltiplas aparências, e isso acabou por gerar várias personalidades para o (anti-)herói convocado. Independente de número, ambos foram facilmente exterminados.

“Como vocês podem ver, meu campo de batalha preferido é a planície. Desculpe, mas se falamos sobre vencer, creio que eu quem tenha a vantagem?”

As centenas de rostos entre os Hassans esqueceram sobre o Cálice Sagrado neste momento. Esquecendo vitória e a missão do Selo de Comando, eles já haviam perdido o senso de si próprios como Servos.

Alguns correram, enquanto outros gritaram estericamente. Outros ainda ficaram estupefatos em seus lugares. A aglomeração estarrecida de máscaras de caveira era de fato apenas um grupo disperso.

“Atropelem-nos!!”
Rider comandou sem hesitação.

“AAAALaLaLaLaLaie!”

O urro coletivo do Ionian Heitaroi ecoou em resposta. O inigualável exército que uma vez arrastou o continente mais uma vez lampejava pelo campo de batalha.

Isso não era mais uma batalha. Era um massacre.

Kayneth e Waver se conheciam, um era o professor e o outro, aluno. Kayneth, por ser fruto de uma longa linhagem de magi, desprezava Waver e a qualquer outro de família mais recente; o que fez com que Waver roubasse uma “encomenda” de Kayneth, que nada mais era que a túnica do grande Alexandre. Tentando provar que ele era “alguma coisa”, Waver acaba sendo escolhido pelo Santo Graal. Usou do recurso de hipnotismo em uma família simples – que depois descobre nunca ter sido hipnotizada, mas acolheu Waver – e vive naquela casa junto ao seu Servo, Alexandre. Aliás, a relação entre os dois é fantástica: o Servo era obviamente mais superior que o Mestre, porém o tratava como igual, e isso é fruto do carisma que ele tinha no passado, antes de ser revivido. O desejo do Alexandre, ao obter o Cálice, era óbvio: reviver e conquistar o mundo atual.

Kayneth fazia o tipo mais arrogante, e muito pouco é falado sobre ele na história. Ele estava na guerra do Santo Graal junto a sua esposa, Sola, mas é o Servo quem tem maior papel aqui. Na lenda irlandesa, Diarmuid era o melhor cavaleiro de sua época, mas por um capricho do destino, acaba sendo enfeitiçado e quem olhar para sua testa se apaixonaria. Isso faz com que ele entre em um triângulo amoroso e se lamente pelo resto da vida por isso. Assim como Saber, ele era um cavaleiro, e isso fica mais evidente na luta de ambos: na primeira, Lancer usou seu Noble Phantasm, que infligiu um ferimento que não se curava. Posteriormente, ambos precisaram se aliar e Lancer retirou tal maldição e, na luta final entre eles dois, Saber fez questão de lutar como se ainda estivesse com aquele ferimento do início. Mas Kiritsugu, se aproveitando do cavalheirismo de ambos, força Kayneth a usar seu Selo de Comando para forçar Lancer a se suicidar e mata o casal friamente, o que acaba por agravar a relação com a Saber.

Uryuu Ryounusuke era um ladrão meia-boca que se viu envolvido na guerra do Santo Graal. Seu servo era da classe Caster, o Gilles de Rais, que tinha uma obscessão pela Saber, achando que ela era, na verdade, Joana D’Arc que foi queimada viva. Em todos os encontros, ele insistia chamar Saber de “virgem imaculada”. Bom, Ryounusuke e seu Servo tem um papel pouco importante, sendo um dos primeiros mestres mortos. E, de qualquer forma, o Gilles parou de acreditar em Deus quando viu Joana morrer (só lembrando que ambos eram contemporâneos) e se dedicou ao estudo de magia negra, o que fez com que fosse executado por seus crimes. Como Ryounusuke não tinha talento para magia e nem um catalizador para conjurar um servo específico, o Graal escolheu alguém de personalidade próxima e, por isso mesmo, ambos saem pela rua torturando e matando pessoas, o que provoca indignação dentre todos os Mestres que se reunem para derrotá-lo.

É comum que as famílias Magi só tenham um filho para que todo o poder seja concentrado e, caso tenha mais, o segundo filho acaba sem saber sobre magia. Entretanto, Tokiomi Tohsaka foi abençoado com duas filhas talentosas – Rin e Sakura. Não querendo desperdiçar o talento, ele entrega Sakura para a família dos Matou (antigos Makiri) que tem decaído e perdido sua tradição magi ao longo dos tempos. Zouken, patriarca dos Matou, recebe e a cria como sucessora. O fato é que Kariya Matou havia abandonado a família e resolve voltar e lutar no lugar de Sakura para poupá-la do treinamento, mas não imaginava que ela já estava passando por tal. Mesmo assim, se ofereceu para ser o Mestre da família dos Matou e entrou no treinamento que envolve a inserção de vermes no corpo. Tudo isso faz com que Kariya fique debilitado e acabe por nutrir um enorme ódio por Tokiomi, sem entender o motivo dele ter abandonado Sakura, uma garota tão meiga. Por fim, Zouken faz com que Kariya, ao conjurar seu Servo, recite as palavras que o deixem como Berserker.

Tokiomi convoca Gilgamesh e se alia com Kirei, que inicialmente mostra não querer nada com a guerra. Entretanto, Gilgamesh se irritava com o fato de seu Mestre ser demasiadamente submisso e acaba fazendo um complô para assassiná-lo, aliando-se logo em seguida a Kirei, que julga ser mais “apto” para tal e o vê gradativamente se transformar em um monstro. Gilgamesh é demasiadamente arrogante, ao ponto de sempre fazer julgamentos se a pessoa vale ou não tal atitude por parte dele e ficou chateado quando a Saber recusou seu pedido de casamento na batalha final.

No geral, o desenvolvimento de tudo se dá segundo as rixas faladas acima, onde ambos tinham seus próprios motivos para lutar. Maiya e Kiritsugu são amantes, e não é mostrado em nenhum ponto como Irisviel se sente quanto a isso, mas concordam em alguns pontos sobre o homem. Enquanto isso, Kiritsugu não mostra nenhum amor à Saber e, na história toda, fala somente três vezes com ela (para dar ordens aos três Selos de Comando).

Legal notar que a filosofia dentre Saber, Rider (Alexandre) e Archer (Gilgamesh) fazem com que os dois últimos caçoem a primeira. Enquanto a primeira quer recuperar seu reino e vivia para o povo, os dois últimos idealizavam que os povos viviam em função deles, discutindo sempre termos de justiça e liderança. Isso cria um embate filosófico ao ponto que Rider afirma que Saber sequer pode ser chamado de “rei”. Saber também se depara diversas vezes com Lancelot, que tenta atacá-la a todo custo assim que a vê, mas não tem tempo para conversar entre si.

A medida que o Graal é preenchido, Irisviel (a mulher do Kiritsugu) cada vez mais deixa de ser humana. É ela quem dá origem ao Graal e, uma vez ccorrompido, Angra Mainyu a usa para falar com Kiritsugu, o que faz que ele entenda a verdadeira natureza do Cálice. Na última batalha, ele luta com Kirei e percebe que o Graal não é o que ele deseja e ao notar que a derrota de Saber é iminente, ele usa seus dois últimos Selos de Comando para dar uma única ordem: destruir o Cálice. Sem poder agir contra, Saber usa sua Excalibur, ao mesmo tempo que o amaldiçoa, visto que sua chance de recuperar o reino acaba de ir por água abaixo e se desmaterializa.

Com a destruição do Graal, um incêndio inicia-se na área dizimando a qualquer pessoa que possa estar por perto. Kiritsugu então sai vagando por aquela região, em busca de algum sobrevivente, mas nada havia lá. Quando estava perdendo as esperanças, ele ouve um choro de bebê e corre para tentar ajudá-lo. Era o Shirou, prestes a morrer e, desejando salvá-lo, Kiritsugu incorporou magicamente ao corpo dele a bainha da Excalibur, Avalon, que dá imortalidade a qualquer um que a possuir (o que explica o fato da Arthuria ter aparecido para ele, anos depois). Não só isso: após o fim da quarta guerra, Kiritsugu tentou resgatar Ilyasviel, sua filha, das mãos dos Einzbern, mas sem sucesso. Kiritsugu já estava esfraquecido pelo contato com “Angra Mainyu” e já estava se corroendo graças a essa maldição. Era como se ele estivesse em estado terminal, e logo ele entendeu que todas suas tentativas de resgatar Ilya eram em vão.

Após isso, ele pacificamente ficou em casa imerso em memórias enquanto passava o tempo ofuscado. “Sobre o que era a vida dele?”, e então teve o diálogo final com Shirou. Disse que, quando criança, queria ser um herói da justiça e que não conseguiu isso. E aquela criança, que nunca teve nada desde o início, prometeu que faria o sonho dele se tornar realidade. Mas mesmo que Shirou andasse no mesmo caminho que ele, jamais seria o mesmo homem. E então, com todas as cicatrizes do coração parecendo ter se curado ao ter entendido isso, Kiritsugu fechou seus olhos.

Então–
Este homem que nunca conseguiu nada na vida e sequer venceu uma vez parou de respirar. Seus últimos momentos foram cheios de alívio, e ele faleceu como se tivesse dormido.

– Kerry, que tipo de homem você gostaria de ser?

Ela perguntou em um sol deslumbrante.
Ele nunca esqueceria seu sorriso e sua gentileza.
Este mundo é tão bonito. Como ele desejou que o tempo parasse para sempre naquele belo momento.
E enquanto pensava nisso, ele falou sua promessa sem saber.
Eu nunca esquecerei o que senti hoje.

– Eu quero ser um herói da justiça!

Além de Kiritsugu, temos mais três sobreviventes da Guerra: Walver Velvet, Rin Tohsaka e Kirei Kotomine. O primeiro decidiu ficar na casa da família no Japão. A Rin Tohsaka, ainda pequena, acaba sendo a nova chefe de sua própria família, com o Kirei como guardião, sem saber que ele matou seu pai. Dez anos depois, acontecerá a Quinta Guerra do Cálice Sagrado, com Rin Tohsaka, Kirei Kotomine (e Gilgamesh), Emiya Shirou e, por um capricho do destino, a filha do Kiritsugu, Ilyasviel. Mas isso é história para uma outra hora.

– Daniel Araújo

NOTA HISTÓRICA

Grandes heróis da nossa história sempre me fascinaram, mas a história do ciclo Arthuriano é, de longe, a mais especial para mim. Não provavelmente por ter tido contato com ela quando criança, mas pela mensagem que tenta passar, e pela extensão que tomou ao longo dos tempos. Talvez a Excalibur seja, de longe, a arma mais conhecida de todos os tempos, quase sempre presente na maioria dos RPGs, assim como Hércules seria o herói por si só mais conhecido (com direito a série da Disney). Mas também é impossível esquecer gente como Júlio César ou Alexandre, que era famoso por nunca ter perdido uma batalha (mas pereceu para uma febre amarela). Em geral, no universo Fate, quanto mais conhecida uma lenda, mais poderoso seria o herói dela.

Sim, provavelmente existe muito mais para se falar, porém devo ter esquecido graças a pressa. Algum dia posso fazer uma nova review disso tudo, ou simplesmente deixar para lá. A minha segunda história refereriu-se a Fate/Stay Night, uma Visual Novel originalmente publicada pela TYPE-MOON em 2004 e que posteriormente ganhou versão animada em 2006, pelo Studio DEEN, e diversos spin-offs (Fate/kaleid Liner ou Fate/hollow Ataraxia). Já Fate/Zero, segundo o epílogo da Light Novel, foi de fato terminado antes do próprio Fate/stay Night, mas lançado bem depois, e recentemente ganhou uma versão animada pelo Studio ufotable. A diferença de qualidade atingida nas duas produções é facilmente observada nesta imagem aqui.

A série animada usou e abusou de CG de forma saudável, teve a primeira abertura cantada por LiSA e a segunda por Kalafina (grupo formado pela Yuki Kajiura para Kara no Kyoukai) enquanto os encerramentos foram por Aoi Eir e Luna Haruna e o storyboard foi acompanhado diretamente pelo Gen Urobuchi (era comum vê-lo postando fotos dos scripts no Twitter). No geral, como um todo, o trabalho foi super bem feito e não se tem muito a discutir.

Fate originalmente foi escrito pelo Kinoko Nasu durante seu colegial, e os rascunhos deram origem a um piloto chamado Fate/Prototype. Nele, vimos que a protagonista principal era uma mulher e que Arthuria era um homem, o que foi posteriormente invertido para um maior apelo com o público adulto. Também vale lembrar que, tanto em Fate/Zero quanto no Fate/stay Night, uma pesquisa muito forte foi feita, principalmente relacionada a Arthur Pendragon, mas o carisma de Alexandre, tanto no livro quanto na animação em si, chega a ser realmente impressionante, uma vez que ele, assim como Júlio César e Gêngis Khan, usava a tática de “conquistar e aliar”. Gilgamesh é o menos explorado: em nenhum momento se fala da sua lenda, mas o fato de ter possuído todas as armas do mundo é bastante ressaltado, e por isso ele é chamado de “Rei dos Reis”.

O nível de detalhes adicionados sempre foi enorme, e Fate/Zero por si só é complexo. Ninguém, excetuando o Mestre deste, realmente sabe o nome de um Servo até que ele use seu Noble Phantasm, uma espécie de “poder especial”, ao qual ela tinha que falar o nome do tal poder. Por exemplo, para a Arthuria, nada mais era que a própria Excalibur e, falando tal palavra, era fácil associar o dono ao objeto e achar sua fraqueza. Um ponto fraco é a bainha de Arthuria e que Kiritsugu usa para conjurá-la, que chamam de Avalon, quando na verdade este é o nome do local que se pensa que o Arthur foi para curar seus ferimentos após sua batalha com Mordred. Alexandre usava seu enorme exército, Gilgamesh tinha a Espada da Ruptura, Ea, que se acreditava que foi com ela ao qual fez seu império. O maior embate, entretanto, é Lancelot e Arthuria, cujas histórias são diretamente ligadas. Creio que se não tivessem chamado o Lancelot como Berserker, as chances do vencedor ser ele seriam bem maiores, uma vez que por ele ser o melhor com o manejo de armas, qualquer coisa que tocasse se transformava em um Noble Phantasm ao nível da Excalibur.

Talvez para ajudar a vender produtos, tipo card games ou bonecas infláveis, cada classe tinha seus próprios atributos, como se fosse em um RPG comum. Status, tamanho e habilidades são evidenciados, mas, por mais que uma classe tenha um atributo superior a outro, a estratégia em geral sempre prevalece e compensa o desequilibrio. Isso podia ter sido melhor explorado também.

No mais e por fim, é interessante notar que todo o conteúdo produzido por parte da TYPE-MOON compartilham bastante elementos em comum. Tsukihime, Kara no Kyoukai, Fate e, mais recentemente, Mahou Tsukai na Yoru compõem o universo criado por Nasu Kinoko, o Nasuverse. Em ambos, a ambientação é sempre no Japão e há a existência da Associação Magi e a Igreja, que lutavam desde o início entre si; além de vampiros designados Ancestrais Verdadeiros e Apóstolos Mortos, poucos citados em Fate, mas evidenciados principalmente em Tsukihime, que são responsáveis pela ilha de Kiritsugu e posterior destruição dela.

Tenho este texto em mente há quase três meses, mas preguiça de escrevê-lo e fazem alguns anos que não faço nada relacionado a isso. Espero que tenham gostado.

Este texto foi escrito entre os dias 26 a 30 de setembro de 2012.

No campo de batalha, não há lugar para esperança. O […]

6 thoughts on “Guest Post – De Fate/Stay Night a Fate/Zero – A História Não Contada da Quarta Guerra do Santo Cálice – Por Daniel Raijenki”

  1. Eu confesso que, inicialmente, não tive muito ânimo para ler essa, eu não sei, resenha? Mas tratando-se desta história em especial, eu simplesmente não pude resistir. Nunca tive a oportunidade de ler um dos livros que contam sobre a lenda do Rei Arthur, mas já fiz inúmeras pesquisas sobre o assunto e Fate é, de maneira geral, um dos meus animes favoritos (em especial Fate/Zero, talvez por sua riqueza em detalhes, complexidade, ou talvez até pela falta do romance entre Shirou e Saber, que sinceramente nunca me agradou muito, já que eu não aprecio o romance de forma geral).
    Se me permite, você, Daniel, tem muitos pontos comigo. Eu sinceramente não tenho energias para assistir às animações que você, apenas de passar os olhos na prévia, já diz que não vai ser lá essas coisas. Sou uma pessoa bem crítica com as histórias em si, e também com o traço que possuem. Um dos meus amigos tem o costume de vir atrás de mim para saber se eu tenho alguma sugestão para ele, já que aparentemente toda essa atenção que dou aos pequenos detalhes cria um filtro até para os animes “mais ou menos”. Mas, nos últimos meses, tenho apenas dito “Vá procurar no gyabbo, Breno. Faço das palavras dele, as minhas.” De fato, eu realmente admiro muito você, e qualquer anime que tenha a pretensão de assistir, não o faço antes de consultar o seu blog.
    Agora, voltando.
    Eu assisti Fate/stay Night há anos, possivelmente durante o seu lançamento (na realidade, não me recordo muito bem), e confesso ter ficado completamente embasbacada com o fato de terem transformado o Rei Arthur em uma mulher. Quer dizer, eu sempre fui uma fiel espectadora da Disney, do tipo que conhece todas as músicas de cabo a rabo até dos desenhos que não gosta. A Espada Era a Lei foi, com toda certeza, uma das minhas animações preferidas. Assistia-a sempre que tinha a oportunidade, e até hoje não larguei mão dos meus exemplares em VHS. Mesmo naquela época, eu busquei saber mais sobre aquele pequeno herói, que tirava uma grande e majestosa espada de uma pedra sem graça, que virava animais estranhos por conta de um bruxo e lavava panelas nas horas vagas.
    E foi com todo esse meu fanatismo que comecei a assistir Fate/stay Night. Você pode imaginar a minha surpresa, não é? De todo modo, sempre fui um pouco feminista, talvez por viver numa família patriarcal e conservadora demais (e por consequência sempre querer os meus direitos como igual, ou qualquer coisa do tipo), e ver um dos meus personagens favoritos ser transformado em uma mulher não foi nada mal. Em realidade, em estava bastante satisfeita com aquilo. Saber tornou-se a minha personagem preferida logo nos primeiros episódios que tiveram sua presença, e eu a adorava. Era como se fosse um conto de fadas levemente mais elaborado, em detrimento ao pseudo-romance que a guerreira teve com Shirou. Foi algo que me agradou, sem sombra de dúvidas. Quando o anime acabou, eu segui com a minha adoração. Nos meus “piores” dias, eu até fiz cosplay dela. Mas essa é uma história que não irei contar, pelo simples fato de não combinar muito com o assunto (?).
    Irei poupá-lo de comentários sobre as variações não-oficiais da série, como Fate/Prototype e derivados. Mas, então, chegou Fate/Zero. Toda a filosofia de Alexandre e Gilgamesh destruíram aquela Saber idealizada que eu sustentava desde 2006. E, sinceramente? Eu adorei. Ela era uma garota que deixou sua humanidade para trás em prol de seu povo, povo este que, mesmo sendo salvo por ela, não era guiado; todos eram perfeitamente passíveis de cometer erros. Arthuria Pendragon foi um Rei que privou-se de milhares de coisas para que seu povo e seu reino pudessem prosperar e, ainda assim, foi um projeto falho de governante, ainda que em sua visão estivesse fazendo tudo muito bem. Mesmo Lancelot foi uma evidência de que ela cometera demasiados erros, e que no final, nem mesmo o Santo Graal pôde fazer algo a respeito (ainda que tenha sido apenas pelo fato de Saber tê-lo destruído, mas enfim). Talvez toda aquela conversa de Alexandre sobre “perder, chorar, porém nunca se arrepender” tenha dado certo. Saber, talvez, tenha valorizado todas as suas batalhas e todas as vidas perdidas para que a Grã-Bretanha pudesse tornar-se o que, de fato, se tornou.
    Novamente, eu digo que lhe admiro muito. Espero que não tenha sido tão enfadonho quanto imagino. Peço desculpas por ter tomado-lhe tempo.
    Até~

  2. Wow, de começo achei que o texto se referia apenas a comparação do Arthur da lenda original e o da versão do Nasu, mas voce tambem revelou alguns segredos da guerra pelo calice sagrado que só são descobertos em Heaven’s Feel, acho cabível, até porque não são muitas pessoas que jogaram a VN aqui no brasil, ficou claro quando Fate/Zero estava sendo exibido e revelando essas historias pode ajudar a compreender a timeline da série.
    Gostei do seu texto, é algo informativo e ao mesmo tempo reflexivo, eu já estava com a idéia de fazer algo assim em escala maior sobre a série Fate, mas a fadiga falou mais alto.

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