Entrevista com J.M. Trevisan – Roteirista de Ledd

Continuando a parceria entre Video Quest, Gyabbo! e Ledd que começou oficialmente com a entrevista por parte de Fábio Urso e Leo Kitsune com o desenhista da série, Lobo Borges, ao vivo por um Hangout (Confira AQUI essa divertida e completa entrevista em vídeo), chega a vez de conhecermos a outra ponta desse manga. Consagrado entre os fãs de RPG no Brasil, experiente editor e roteirista, mas iniciante no mundo dos mangas, leia à entrevista e conheça J.M. Trevisan, roteirista de Ledd!

(Além de um grande mimo exclusivo para os leitores do Gyabbo! e do Video Quest ao final do post…)

Gyabbo! – Estamos aqui com J.M. Trevisan, autor do manga Ledd.

Trevisan, se estivéssemos em um site de RPG, seria fácil pular essa pergunta, mas falando para um público majoritariamente de fãs de animes e mangas, por favor apresente quem é J.M. Trevisan.

J.M. Trevisan – É até engraçado, porque normalmente me conhecem por causa do RPG, mas eu comecei mesmo foi escrevendo contos e histórias em quadrinhos dentro de uma revista de RPG, a Dragão Brasil. Só depois é que passei a produzir material de jogo. Fiz parte da equipe de 94 a 2005 e nesse meio tempo co-criei o cenário Tormenta com meus parceiros Marcelo Cassaro e Rogerio Saladino e dei uma forcinha ínfima na concepção inicial do mangá Holy Avenger. Em 2005 saímos da editora e da revista, nas o cenário continuou em produção em uma nova casa, a Jambô. Atualmente escrevo Ledd, coordeno as redes sociais da editora e faço traduções e resenhas de games para a Revista Rolling Stone Brasil, além de encher o saco do povo no Twitter, jogar FIFA e torcer pro Palmeiras.

Gyabbo! – Interessante notar que apesar da sua fama maior ser pelo lado do RPG, essa questão de criar histórias e dos quadrinhos já vem de muito tempo. Da mesma forma que temos Ledd que veio de uma ideia-base sua guardada desde 1998, certo?

J.M. Trevisan – É. No chutômetro é mais ou menos isso. O que tinha era algo bem curto, mais ou menos uma versão bem mais curta da fuga de Ripp e Ledd da prisão e uma cena posterior numa taverna. Mas se passava em outro cenário, nada a ver com Tormenta.

Gyabbo! – Resumindo o que já sabemos da entrevista com o Lobo no Video Quest, você acabou tendo contato com o Lobo Borges pelo Twitter, viu o portfólio dele e resolveu criar um manga. Mas por que, entre tantas ideias que você possui guardadas, logo essa de Ledd pareceu a mais certa para virar um manga?

J.M. Trevisan – Boa pergunta. Na real era a ideia que mais se encaixava. Já no texto preliminar existia a ideia das réplicas. E em uma versão em que eu trabalhei em 2008, se não me engano, com o Breno Tamura (que não desenha mangá) já tinha toda essa coisa da Drikka e do mistério da mãe dela. O fato de Ledd não ter memória é, na minha cabeça, um clássico dos RPGs japoneses. Todo esse pacote me pareceu bem sob medida para um mangá.

Gyabbo! – Você comentou que na época do “ponta pé” inicial de Ledd estava assistindo ao Fullmetal Alchemist Brotherhood e jogando Valkyria Chronicles e que isso foi um fator fundamental para tentar publicar algo nesse estilo, mas por que alguém com um forte background nos comics resolve se arriscar no mundo dos mangas?

J.M. Trevisan – Pois é. Houve um tempo da minha vida em que eu debatia por horas com o Cassaro, porque eu achava que mangá e anime era um troço repetitivo e infantilóide. Que no fim das contas era tudo igual. O primeiro anime (depois de Akira) que me fez baixar a guarda foi Lodoss. Gostei muito, principalmente por ter essa pegada de RPG. Depois veio Cowboy Bebop. E aí, conforme fui ficando menos idiota, me liguei que mesmo que os mangás e animes fossem o que achava que era (opinião da qual discordo já faz tempo) eu tinham, enquanto roteirista, obrigação de tentar entender porque eles funcionavam. E aí passei a acompanhar de longe, tentando absorver as particularidades, comparar com os comics e com o que eu estava acostumado a fazer. Pode parecer que foi uma decisão meio brusca, mas foi meio que um processo natural, acho.

Gyabbo! – Você comentou anteriormente de uma tentativa de trabalhar com o argumento de Ledd em 2008 usando uma arte não manga. Hoje você consegue imaginar Ledd feito de outra maneira?

J.M. Trevisan – Eu acho que daria pra fazer, mas seria outra coisa. O Lobo contribuiu demais com o projeto, preenchendo as lacunas do que me faltava de conhecimento de storytelling de mangá. Às vezes eu me prendo muito e ele fala “Cara, dá pra pirar mais. Isso aqui é mangá”.

Gyabbo! – Acaba que o Lobo tem uma grande influência não só na arte, mas no que é Ledd como um todo.

J.M. Trevisan – Ah sim. Ele não é “meu desenhista”. É um parceiro. A última palavra é minha, mas ele tem toda liberdade do mundo de opinar e tentar defender o que acha melhor pra série. Outra coisa importante é que apesar da ideia original ter sido minha, fiz questão de dividir os direito autorais 50/50. Somos co-criadores. (Se LEDD deixar alguém rico um dia, viramos os dois milionários).

Gyabbo! – Sendo entrevistados pelo Video Quest e pelo Gyabbo! isso é só questão de tempo agora…

J.M. Trevisan – Hahahaha! Verdade! Falta o ChuNan!

Gyabbo! – Falando um pouco mais desse processo criativo entre vocês dois, de maneira prática, como funciona tudo isso? Ainda mais pelo Lobo estar no Nordeste e você no Sudeste.

J.M. Trevisan – Na verdade Ledd envolve quatro estados: a editora é de Porto Alegre, eu sou de São Paulo, o Lobo de Pernambuco, a Alyne Leonel, nossa colorista, é do Piauí, e o Dan Ramos, que fez todo o design gráfico do volume impresso, é da Paraíba. Espero não ter errado o estado de ninguém! Mas é tranquilo. Eu e o Lobo conversamos bastante. Cada capítulo passa, sei lá, por uns quatro ou cinco estágios pelo menos. Tem roteiro aqui no meu HD que tem umas 10 versões. São modificações menores, mas que influenciam. O bizarro de tudo isso é que Ledd completa um ano mês que vem, dia 8, e não conheço nem o Lobo e nem a Alyne pessoalmente!

Gyabbo! – Você já havia feito parte de uma equipe tão diversificada geograficamente dessa forma? Percebe diferenças, boas ou ruins, entre se trabalhar assim e com alguém presente fisicamente?

J.M. Trevisan – Nah, nunca tinha feito parte. E na real nunca tinha tido uma equipe propriamente dita. Se for comparar com as poucas tentativas (frustradas) que eu fiz de fazer séries mais continuas, a gente já pode dizer que o trabalho a distancia funciona bem melhor, já que LEDD pelo menos saiu!

Gyabbo! – Sim, felizmente Ledd saiu. Pensando nas expectativas antes do lançamento de Ledd, como foi a reação dos fãs de manga, dos fãs de RPG (e de Tormenta) e de histórias em quadrinhos em geral? Que diferenças há na visão desses três públicos em cima de Ledd?

J.M. Trevisan – Cara, eu esperava mais gente metendo o pau. Eu acho o Episódio Um fraco, por exemplo, porque cumpre aquela função chata introdutória e eu não me sentia seguro o suficiente pra tentar inovar ou fazer algo mais bacana. Àquela altura eu já ficaria feliz se conseguisse terminar de escrever aquele troço. A gente correu o risco de o leitor bater o olho e pensar (“Ah, lá vem mais um mangá brasileiro bobinho e chupado!”). E sei lá, deve ter acontecido com alguém, mas a maioria apoiou. Não me lembro de nenhum comentário trollando (pelo menos não no site da série), e isso me surpreendeu.

O público de Tormenta já me conhece, manja do cenário e confia no que a gente faz. É uma galera muito parceira nesse sentido.

Mas o fato é que é cedo pra comemorar. A gente ainda tá muito longe de conseguir sequer chegar à mão do público otaku padrão.

Gyabbo! – Muitas das pessoas que compõe esse “público otaku padrão” ainda discutem sobre o que é e o que não é manga, seja aquilo que é publicado apenas no Japão ou coisas de outros países no dito estilo manga. Na pesquisa que fiz para essa entrevista percebi que no começo do projeto você preferia não identificar Ledd como um manga, mas hoje você já admite que ele é um, então, para você, o que pode ser considerado como um manga verdadeiro?

J.M. Trevisan – Bom, eu nem sei se existe “mangá verdadeiro”. Quem tem essa opinião se baseia na quantidade ínfima de material que chega aqui. Mas se você pegar TUDO o que sai lá, vai ver que a variedade (que é a grande força do mangá, acredito eu) é enorme. Dá pra enfiar tudo isso no mesmo saco só porque é produzido no mesmo país e o estilo de desenho segue uma certa linha?

O que a gente tem é algumas características mais marcantes, que definem o que é o mangá pra gente (e não pro japonês, porque pra ele tudo é mangá).

O mangá é mais humano. Os personagens falham mais, sentem mais, comem, tomam banho, passam fome.

O modo de contar a história é mais ágil. Você pode ter dois caras conversando e só, mas a câmera se mexe, os personagens agem, sempre tem alguma coisa acontecendo. O comic é mais estático.

O mangá também tem o silêncio como arma. Se os personagens se encaram, você vê os olhos, vê o punho fechado, mas também vê o por do sol, uma folha que se mexe em uma árvores próxima, depois pega uma tomada geral… entende?

Claro que isso não é um estudo, e como eu disse, não sou ninguém pra tentar definir esse tipo de coisa, mas é o que eu observei.

A gente costuma dizer que o mangá verdadeiro é o feito no Japão, por ser “puro”. Mas quando ajudei a entrevistar o Yoshitaka Amano aqui em SP, descobri que os quadrinhos americanos e a arte ocidental sempre serviram de influência, e que o sonho dele é fazer uma HQ de super-herói!

Vendo um documentário sobre o Naoki Urasawa, vi que uma das grandes influências da vida dele é o Bob Dylan. No fim, me dá a impressão que essa coisa de mangá de verdade é uma coisa que existe mais na cabeça do otaku do que no mundo real.

Gyabbo! – Durante as últimas décadas já tivemos muitas tentativas de criar quadrinhos no estilo manga no Brasil, com a gigantesca maioria dando errado no final. Percebo que muitas vezes as pessoas se arriscam nesse ramo ou por serem fãs ou por acreditarem que o manga é o grande filão para tirar um dinheiro, sem realmente se aprofundar nisso. Como roteirista profissional, o que você fez para conhecer, entender e criar um manga?

J.M. Trevisan – Li. Pra cacete. Li – e comprei – mais de 10 anos de One Piece em seis meses. Naruto, 20th Century Boys… li bastante coisa, tentando analisar enquanto lia. E foi do caralho, porque é o máximo você resolver encarar um tipo de leitura novo e se ver com décadas de histórias inéditas na mão! Foi o mais próximo que consegui chegar da sensação de deslumbramento que eu tinha quando era pirralho e lia as histórias da Marvel. Também procurei livros teóricos, que contassem a história da mídia.

Você nem precisa acertar de primeira, mas se vai tentar trabalhar com algo tão respeitado quanto é o mangá, tem que entrar na fila e respeitar também. Aprender a base. Você não chega na casa de um estranho roubando a cerveja dele e dando um tapa na bunda da esposa. Você pede licença, tira o sapato…

É o que eu venho tentando fazer.

Gyabbo! – Você comentou dessa experiência de deslumbramento com os quadrinhos, algo que eu acredito que todo fã de HQs que começou a ler na infância ainda consegue lembrar bem. Ledd é uma história para esse leitor? Para descobrir a diversão que os quadrinhos podem trazer, é para um público mais familiarizado, que conhece manga ou que conhece RPG. Afinal, em que leitor Ledd está focado?

J.M. Trevisan – Cara, eu queria que fosse pra ambos. O sonho é esse. Porque se você for analisar, não existe quadrinho nacional pra molecada fora da Turma da Mônica. E o moleque não tem muito essa de restringir o que vai ler. Ele lê o Hulk, lê o Naruto e poderia ler Ledd também. A gente que é mais nerd/otaku tem lá nossas regras, se interessa pelos bastidores da indústria… mas o garoto que vai na banca só quer ler uma história foda.

A experiência mais legal que eu tive com LEDD foi durante o FIQ, ano passado. Eu estava numa mesa no meio do evento, autografando ao lado do Danilo Beiruth (que tinha muito mais fãs que eu, alias) e um garotinho de uns 11 anos passou em frente, com um Naruto embaixo do braço. Ele viu o banner, me perguntou onde que tinha a revista, eu indiquei o stand, ele foi lá, comprou, voltou, pediu o autógrafo e foi embora. Era um moleque que não me conhecia, não sabia o que era RPG, Tormenta e nem o que era o LEDD. Ele só viu uma arte colorida que achou legal e quis ler a revista. Era essa galera que eu queria ter como público se pudesse.

Gyabbo! – Mas se olharmos para a realidade veremos que Ledd é publicado online e posteriormente vendido em livrarias, o que acaba dificultando o conhecimento da obra por um público mais abrangente. Mesmo o mercado de manga de banca acabou virando um nicho, fechando-se cada vez mais em torno dos já fãs. De que forma você pensa em fazer Ledd sair do nicho e ganhar o público geral?

J.M. Trevisan – Essa é a pergunta de um milhão de dólares. A primeira meta — ter público suficiente pra não afundar a editora — a gente já cumpriu. Chegar no “grande” público é um pouco mais difícil, mas o principal para começar seria poder ter as edições em estoque nas livrarias, coisa que não acontece. Normalmente você pode encomendar através das lojas físicas ou online, mas vai ter dificuldade em achar a edição na livraria, o que mata a compra por impulso ou afinidade. A Comix tem colocado LEDD pra vender, entretanto.

Gyabbo! – A primeira meta já foi cumprida, pode-se dizer que Ledd #1 vendeu bem? Como foi a recepção do primeiro volume encadernado?

J.M. Trevisan – Vendeu dentro das expectativas da editora. Venda de “livro” nem se compara a de quadrinho em banca com alta tiragem. Quem comprou ficou satisfeito, até onde eu sei. O que interessa é que as vendas estão aumentando, conforme a divulgação também aumenta. (Eu ficaria preocupado se a gente estivesse vendendo menos do que nos primeiros meses).

Obviamente o numero de vendas nem se compara ao numero de visitas que a gente tem no site. Fazer essa conta ou imaginar que cada um que entra no site deveria ter comprado a edição impressa e não comprou é pedir pra ficar deprimido.

Gyabbo! – A gente falando de vendas, mangas brasileiros, RPG, fica difícil não colocar Holy Avenger na roda. Como você leva as comparações feitas entre Ledd e Holy Avenger? De que forma a experiência de sucesso da obra de Marcelo Cassaro e Érica Awano influencia na publicação e nas suas próprias expectativas em cima de Ledd?

J.M. Trevisan – Em termos mercadológicos, não da pra comparar. Era outra época. Holy ia pra banca. Tinha tiragem entre 15, 20 mil exemplares. LEDD é um produto de livraria, com tiragem de três mil.

Holy foi parte fundamental do meu aprendizado prático de quadrinhos e de mangá. Eu ia à casa do Cassaro, lia a edição direto na diagramação dele. A gente discutia plots e tudo mais. Foi uma época legal demais. Sem puxa-saquismo, a naturalidade com que o Cassaro escreve e soluciona problemas nas histórias é algo que eu ainda vou levar uns bons anos pra aprender.

Do ponto de vista da história, não tem muito que comparar. Nossos estilos são muito diferentes.

Gyabbo! – Holy Avenger saiu em outra época, que entre outra diferenças poderíamos apontar a menor difusão da internet. Ainda que naquela época já existissem scans e pirataria, não havia a agilidade que se possui hoje.

Você já disse em diversas entrevistas que brigar contra a pirataria não dá resultados práticos, muito por isso Ledd foi pensado no ousado formato de publicação online antes e publicação física depois. Você acredita que o mercado online de quadrinhos (de qualquer país) é uma tendência inevitável ou o futuro é mais ou menos o formato equilibrado de Ledd entre o físico e online?

J.M. Trevisan – Eu apostaria nesse equilíbrio. Acho que o online, seja de graça, seja em forma de aplicativo, pode tentar tomar o espaço da edição mensal. O impresso fica como artigo de colecionador. Você compra o que realmente quer ter na prateleira pra mostrar para os amigos. Comigo funciona assim já há muito tempo.

Gyabbo! – Pensando então nesse equilíbrio do online com o físico, de que forma vocês veem o uso das tecnologias móveis na popularização de um quadrinho? Existem planos de criar meios específicos para Ledd ir para os tablets, celulares e similares?

J.M. Trevisan – A gente tem ideia de fazer isso, mas é algo que exige o envolvimento de terceiros e um planejamento a parte. E uma coisa que eu aprendi nesse ano de produção é que não dá pra abraçar o mundo E escrever uma série em quadrinhos. Por hora nosso objetivo é fazer com que LEDD alce voos mais altos dentro do que a gente já se propôs a fazer. Conforme a base for ficando mais forte, dá pra pensar em variações e outras alternativas. Minha preocupação nessa exato momento é continuar a escrever uma história que preste.

Gyabbo! – Você além de roteirista também é editor, essa experiência influencia nessa preocupação e no seu processo criativo de Ledd?

J.M. Trevisan – Ah sim. É um bônus, na real. Via de regra, ninguém deveria permitir que um autor se “auto edite”, mas o pessoal da Jambô tem um parafuso a menos mesmo.

Eu acabo juntando as duas coisas. Principalmente porque não faço só o roteiro faço o letreiramento da história, as onomatopeias e diagramo toda a versão impressa, com os extras e tudo mais.

Dá trabalho, mas é ótimo, porque me permite mudar coisas e corrigir erros até os 48 do segundo tempo.

Gyabbo! – Aproveitando a deixa dos extras existentes no material impresso, o Lobo já adiantou na entrevista feita pelo Video Quest que o segundo volume deve ser lançado entre o final de Julho e o meio de Agosto, poderia nos adiantar que tipo de extras teremos nessa segunda edição de Ledd?

J.M. Trevisan – A maior parte segue a mesma linha do que colocamos no vol.1 estudos de personagem, comentários, esquemas de cenário. Eu queria acrescentar mais coisas de texto. Tenho um log de um brainstorm que fiz com o Lobo pro último episódio do arco que acho bem legal. Queria tentar colocar, porque é o mais próximo que o leitor vai conseguir chegar de ver um episódio de LEDD nascer. Mas vai depender de como isso vai ficar na página diagramada, se a gente vai ter mais páginas de extras ou não.

Vou tentar incluir, porque quando eu era moleque eram esses textos que me faziam ter mais vontade de escrever. Queria poder causar a mesma sensação nos leitores. Aquela coisa de “Porra, então é assim que os caras fazem? Não é magia negra nem nada? Quer dizer que eu posso tentar também?”.

Gyabbo! – Seria algo bem interessante de se ter em mãos.

No próximo dia oito de Julho completa-se o primeiro ano de publicação de Ledd online. Olhando para trás como você avalia esse período, que coisas foram pensadas e que acabaram sendo modificadas? O que poderia ter sido feito de melhor? O que foi além das expectativas?

J.M. Trevisan – A reação do público foi além das expectativas. O fato de eu conseguir sustentar a história sem entrar em pânico e me esconder embaixo da cama foi além das expectativas. A arte do Lobo evoluiu ainda mais rápido do que eu imaginava.

Sendo sincero, não acho que faria alguma coisa diferente. Tudo faz parte do aprendizado e acho que mesmo não tendo feito um material perfeito, a gente conseguiu minimizar bastante qualquer tipo de erro.

Foi todo mundo sempre muito profissional. Acho que a gente fez o melhor que podia dentro das circunstâncias e a ideia é melhorar mais.

Gyabbo! – O traço do Lobo é inegavelmente bom, mas é visível a evolução rápida da arte do Lobo, principalmente se pensarmos que é a primeira vez que ele produz uma séria em quadrinhos.

J.M. Trevisan – Ele é muito dedicado. E já era fã de Tormenta, o que ajuda bastante. Prevejo um futuro muito bom pra ele na área.

Gyabbo! – Não teve certo receio no começo de arriscar com alguém iniciando?

J.M. Trevisan – Acho que aí entra a experiência como editor. Uma das coisas que você tem que saber fazer é identificar quem tem potencial e quem não tem. Quem sabe trabalhar e quem não sabe. Tem que bater o olho e decidir.

Quando vi os desenhos do Lobo vi que ali tinha coisa. Aí você passa testes, bota prazo, faz críticas, vê como a pessoa reage. Se reclama, se discute…

A vantagem é que quando você tem experiência, consegue pesar tudo isso muito rápido. Tem um caso engraçado que ilustra bem isso. É quase uma tradição minha passar trote no pessoal que tá começando com a gente. Então o Lobo mandou o primeiro episodio pra eu ver se tava legal e eu adorei. Mas, só pra assustar, entrei no messenger e fiz uma crítica metendo o pau. Dizendo o quanto eu tinha me decepcionado, que eu tinha me enganado, que ele talvez não estivesse pronto pra publicar, etc, etc.

Quando eu acabei ele só disse uma coisa “Tá, mas eu posso refazer tudo então?”.

Ali dava pra ver que o moleque não tava pra brincadeira.

Gyabbo! – De fato, é um caso que ilustra bem o caráter profissional e a vontade do Lobo em dar certo no ramo. Fosse eu teria levado um susto gigante e ficado sem reação alguma.

J.M. Trevisan – É o que normalmente acontece

Gyabbo! – Você já contou uma história de grande satisfação com Ledd. Existiu alguma coisa durante esse quase um ano que tenha sido decepcionante ou uma história ruim?

J.M. Trevisan – Sem sacanagem não. Trabalhar em uma série em quadrinhos era algo que eu queria fazer desde sempre. Problemas são normais, mas nada estraga a parte legal.

Gyabbo! – Bem, chegamos então ao fim dessa entrevista. Queria agradecer pelo espaço aberto em meu nome e no nome do pessoal do Video Quest e pedir para que você deixasse uma mensagem para os leitores e espectadores de ambos os sites.

Também pediria que argumentasse o porquê eles deveriam comprar Ledd, mas não simplesmente por ele ser produção sua, mas como se estivesse recomendando a um amigo uma boa leitura.

J.M. Trevisan – Acho que a melhor propaganda de LEDD é a própria série você pode entrar no site, ler tudo o que foi publicado até agora de graça, e resolver por si próprio se vale a grana que a gente pede. Impossível ser mais honesto que isso.

E se gostar, recomende para os amigos, sugira às livrarias que tenham em estoque e ajude a gente a divulgar. Pode parecer pouco, mas não é.

E eu que agradeço o espaço. O apoio da galera dos blogs tem sido fundamental pra gente!

Gyabbo! – Então é isso, muito obrigado Trevisan e que o sucesso com Ledd apenas aumente!

J.M. Trevisan – Valeu!

E se essa ótima entrevista não foi o bastante para você, o Gyabbo! e o Video Quest adiantam em primeira mão a capa já colorida do segundo volume de Ledd!

Capa de Ledd volume 2 dois Colorida edição final

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E não deixe de conferir a entrevista feita pelo Video Quest com o desenhista de Ledd, Lobo Borges:

Continuando a parceria entre Video Quest, Gyabbo! e Ledd que começou […]

10 thoughts on “Entrevista com J.M. Trevisan – Roteirista de Ledd”

  1. Muito boa a entrevista, o JM Trevisan parece ser muito gente boa!
    A história de Ledd tá fantástica na minha opinião, e esse arco da Drikka tá muito FODA!
    Que venha o volume 2!

  2. Eu gostei bastante da história! Tb achei bem legal o arco da Drikka (me lembrou muito da última campanha que participei, em que nos encontros aleatórios só rolava dragão de td tipo! viramos um verdadeiro grupo caçador de dragão! huahauhau
    Marion Katapof ficou rica, comprou Vectora e casou-se com seu grande amor: Vlad! <3 – tá… essa última parte não ocorreu…).
    Enfim… se eu pudesse fazer uma pergunta, eu gostaria de saber como a história de Ledd vai influenciar na história do universo de Tormenta!
    (e algumas observações/questões mais feministas…. temos 3 personagens femininas fortes logo no começo; gostaria de saber sobre a concepção delas como personagens… se houve algum estudo ou tudo foi se encaixando ao acaso… talvez isso tenha nos extras, ainda não tive acesso ao livro… bom… pergunto isso pq me incomoda muito certos estereótipos e também a 'homogeneização' do corpo feminino – a la Marvel/DC e tb considerando que minha primeira impressão sobre a Drikka era dela como uma adolescente quase em peito, só depois que ela se 'descobre' que aparece diferente -. Gostaria também de saber se há uma reflexão de gênero não só na construção dos personagens/história, mas também sobre o público (considerando que 'meninas' lêem todos os gêneros, em geral, enquanto 'meninos' se recusam a ler 'histórias de meninas' – ok, talvez isso seja um preconceito meu… hehe).)

    1. Oi Lala!

      Acho que eu sempre tentei fazer personagens femininas que pareçam fortes e decididas. Arton tem muito exemplos assim. Se o cenário é, como a gente diz desde 99, um mundo de heróis, nada mais justo que seja um mundo de heroínas também, certo?

      Escrever personagens femininas sempre é meio complicado para homens. O que eu costumo fazer é me basear em características de amigas e de outras mulheres que me cercam. E todas elas sempre tiveram muita personalidade.

      Não é algo intencional no sentido de levantar bandeira, mas existe sim a preocupação de que as meninas que leem Ledd tenham exemplos bacanas para se espelhar. No caso da Golinda, por exemplo, a ideia era ter uma personagem legal e carismática que não fosse alta, magra, com 10 km de perna! :)

      Espero que tenha funcionado!

      T.

      1. Ah! Que legal! Obrigada pela resposta!
        Sei que ficar levantando bandeira pode ser bem chato, é que cansa ver mais do mesmo.
        Sempre vi um cuidado por parte do pessoal de Tormenta sobre personagens femininos (ainda que se tenha a elfa peituda, tem-se a princesa rebelde, a Paladina…), mas ainda tateando em alguns pontos (talvez pela dificuldade de escrever sobre mulheres sendo homem – o inverso tb vale!).É bom ver o cuidado e a diversidade, independente de gênero! ^^~

  3. Vou fazer um comentário, não leve como crítica, é realmente só para “lhe informar”: você anda forçando tanto esse mangá nacional, que parece que estão te pagando pra isso. Ainda mais depois responder o seu questionário onde você cogitava fazer propagandas, é difícil pensar o contrário…

    Caso seja esse o caso, recomendo que deixe mais discreto, espaçando os posts sobre isso. Três seguidos é meio forte, não?

    No resto, eu sei que você está sem tempo para o blog e etc e etc… mas por favor, não abandone ele, sim? Estou sentindo falta dos seus posts de conclusões finais e espero que faça um bem caprichado para Sakamichi no Apollon. Até.

    1. @Anônimo

      Primeiro, sinta-se livre para fazer comentários e críticas se forem construtivas como essa, pode usar seu nome/nick sem problemas.

      Devo informar que não recebi nada para comentar sobre Ledd, foi tudo por vontade própria. A ideia de escrever três posts seguidos sobre Ledd (três posts com conteúdos diferentes e bem embasados – ok, tire a promoção -, diga-se de passagem) foi justamente para chamar a atenção dos leitores, “forçar” um pouco e fazê-lo ter vontade de ler esse manga que vale a pena.

      Se algum dia eu for pago para falar de algo, pode ter certeza que deixarei isso claro no post.

      E bem, como você deve ter visto o blog continuou com posts sobre mangas, animes, guest posts e com certeza virá um de conclusão para Sakamichi no Apollon!

      Gyabbo!

  4. Grande entrevista!

    Acompanho a série desde os primeiros rascunhos divulgados, comprei o vol. 1 no lançamento. Acredite, vale a pena passar no site e conferir por vc mesmo.

    Nada é perfeito, mas Ledd é alto nível e evolui muito rápido, meus humildes parabéns tanto ao Trevisan quanto ao Lobo e, meus sinceros agradecimentos pela contribuição de qualidade inquestionável a minha prateleira.

    Um grande e forte abraço a todos os envolvidos em Ledd (incluindo as cores, Alyne Leonel – adorei – e Dan Ramos pelo logo e design lindão).

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