Guest Post – Soul Eater – Manga – Por Gabriel G. R.

Conforme eu havia dito no meu post de aniversário, a partir de fevereiro, buscando expandir o núcleo de temas e opiniões no Gyabbo!, irei receber mensalmente um convidado para falar sobre algo.

Muitos de vocês me pediram para falar mais de mangas, então para começar essa nova iniciativa do blog, trago um dos melhores blogueiros do recente boom de blogs sobre animes e mangas, Gabriel G. R., mais conhecido como @OJudeuAteu no Twitter, dono do blog Mangas Undergrounds, um dos parceiros do blog e uma visita altamente recomendada.

Então, sem mais delongas, espero que gostem e não deixem de comentar tanto para que eu e o Gabriel tenhamos um bom feedback do texto!

Como ser underground e mainstream ao mesmo tempo? De uma forma: fazendo um post  do Mangás Undergrounds como convidado no Gyabbo!… ah é! Com Soul Eater também.

De autoria de Atsushi Ookubo, lançado em 2003 pela revista mensal Shounen Gangan (casa de FullMetal Alchemist, 666 Satan, entre outros), Soul Eater é um mangá ainda em lançamento, possuindo assim 93 capítulos e 20 volumes já publicados.

Apesar de acreditar que a maioria já conheça esse mangá (nem que seja pelo anime), vou dar uma pequena sinopse só pra ciar um clima: quando uma Arma consegue derrotar e comer 99 almas de Ovos de Kinshin e uma alma de Bruxa, ela se torna uma Death Scythe, uma alma extremamente poderosa, digna de ser utilizada pelo próprio deus da morte: Shinigami-sama. Neste contexto foi criada a Shibusen, uma escola que treina Armas e Artesãos (que controlam as Armas) para evitar a ressurreição de Asura, o primeiro Kinshin que existiu.

Somos então apresentados a Maka, Soul, Black Star, Tsubaki, Kid, Payy, Liz, Stein e inúmeros outros originais e divertidos personagens que residem e estudam na Shibusen, cada um com suas manias, características próprias e objetivos, mas unidos para combater as Bruxas e os Ovos de Kinshin.

Soul Eater, apesar de já ser considerado um sucesso mesmo antes do anime, ganhou considerável notoriedade após a exibição de sua versão para a TV. Animado pelo estúdio Bones, o anime possui 51 episódios e segue razoavelmente fiel ao mangá até o episódio 30, no qual começa a divergir da história original e se encerra independentemente e de forma (quase que em consenso geral) péssima.

Mesmo assim, o anime foi sim bem mais popular que o mangá, ainda mais aqui no Glorioso Brasil, no qual acredito que poucos conheçam como a história continua… O que na verdade é uma tristeza só, já que considero o mangá infinitamente superior ao anime, e vou além, considero este mangá o melhor Shonen da nossa geração.

Soul Eater me lembra bastante Slam Dunk em seu começo. Calma, não em termos de enredo, mas em termos de escolha de público. Assim como o mangá de basquete, a obra de Atsushi abrange um publico bem grande, faz bonito na apresentação de personagens e dá a entender que o mangá será só mais um do seu gênero, para no final dar uma reviravolta na situação e apresentar uma ótima história.

Assim como Slam Dunk começa focado no basquete, mas abrange ao mesmo tempo a vida escolar, delinquentes e até romance, para só depois focar-se única e exclusivamente no basquete (e depois ser o melhor mangá de esporte já escrito), Soul Eater também começa focado em sua história e desenvolvimento, mas ao mesmo tempo, visando alcançar um publico maior. Entrega bastante fan-service e ecchi aos seus leitores para só depois largar dessas “ferramentas” e mostrar aos já conquistados uma história incrivelmente rica em arte e enredo.

Por isso que digo que este é um mangá que consegue ser Mainstream e Underground ao mesmo tempo. Soul Eater conquista lentamente os seus leitores, vagarosamente tirando o fanservice e acrescentando mais e mais do seu estilo único, e quando o leitor para pra reparar, percebe que já está tudo mudado e praticamente não existe mais o ecchi, que poderia ter sido o principal motivo pelo qual ele começou a ler.

Tudo isso pode ser visto muito claramente na arte, que (propositalmente ou não) mudou bastante com o tempo. Se antes, apesar já ter um estilo arte-gótica bem específico, os personagens eram mais arredondados, certinhos e agradáveis ao olhar, hoje o mangaka brinca e inova muito mais com a sua arte:

ANTES:

Aqui é possível observar claramente a mudança, observe os olhos da Maka, toda a caracterização dos personagens, tudo tinha um ar mais agradável e convidativo ao leitor. Mesmo em páginas duplas de impacto, o autor ousava muito pouco, ainda mais se comparado com hoje em dia. O enredo também tinha várias cenas voltadas para a comédia-ecchi.

DEPOIS:

Que diferença! Principalmente o sombreamento que dá um toque bem mais realista pro mangá. O cenário agora também é bem mais rico, o autor se aventura bem menos em colocar fundos brancos, só usa mesmo em alguns diálogos ou se quer dar destaque aos personagens. Apesar de ainda apelar um pouco para fan-service, isso já não é uma constante como antigamente, o foco agora é no contexto maior da história e nos conflitos internos de cada personagem.

E não é como se a arte do autor fosse ruim no começo, tecnicamente falando a qualidade não fica tão diferente, isso já é prova o bastante pra que eu acredite que a evolução da arte em Soul Eater não é uma “simples evolução”, o autor propositalmente mudou o seu estilo para que se acerte à um público maior e depois de já acostumados retomou ao seu padrão original.

Mas essa não é uma obra cult-pop “só” na escolha de público e na arte, o próprio enredo apela pra isso. Toda a história tem um ar bem obscuro e vários capítulos são destinados exclusivamente para explorar conflitos internos e psicológicos dos personagens, mas ainda assim Maka grita alto o seu ataque toda vez. É uma mistura harmônica entre o original e o clichê.

É isso que faz Soul Eater ser Soul Eater, essa mistura de inúmeros conflitos harmônicos que ele possui. Faz ele ser totalmente único; a mistura entre o óbvio e a surpresa, o clichê e o criativo, protagonista feminina numa revista voltada pra homens, uma obra que consegue agradar a poucos e a muitos ao mesmo, isso é Soul Eater.

Enfim, Soul Eater é um equilíbrio de desequilíbrios, quase que um ponto médio entre o Shounen e o Seinen. Se você já viu o anime e quer começar a ler o mangá, recomendo mesmo que recomece desde o 1º volume, terá alguns extras que não tiveram no anime, não será “tempo perdido”. Mas se isso for te impedir de ler, então comece do capítulo 38 ou um pouco antes caso queira relembrar o cenário, que ainda irá conseguir acompanhar e entender o mangá tranquilamente.

Então, se você quer ler um dos melhores e mais originais shonens da nova geração, um mangá que simplesmente merece muito mais atenção do que tem, ou quer ver algo novo e intrigante, mas ao mesmo tempo divertido por inércia, então…

Eu te recomendo: Soul Eater.

Para outras opiniões sobre Soul Eater confira a edição do Video Quest sobre este ótimo manga!

Conforme eu havia dito no meu post de aniversário, a […]

29 thoughts on “Guest Post – Soul Eater – Manga – Por Gabriel G. R.”

  1. Esse texto me fez fazer o seguinte analogia:
    Soul Eater usou a tática tradicional de sedução amorosa: você sai a noite todo perfeitinho, arrumadinho, cheirosinho, com a melhor roupa — ou no caso feminino, com um decote a mais — pra chamar todos os tipos de olhares possíveis. Ataca pra todos os lados. Pra depois mostrar o seu lado menos perfeito e ver, aos poucos, se seu aprceiro estar gostando.
    Mas… ao mesmo tempo, isso afasta alguns olhares, principalmente daqueles com uma certa experiencia de que todo esse “fanservice” da balada (rs) no fim é um grande mentira, ou um filme repetido, e que não há pote de ouro no fim do arco íris. Ou seja, você pode pensar que esse tanto de fanservice não leve a pessoas — ou o mangá — a nenhuma parte mais séria no relacionamento.
    Quantos mangás vocês droparam — ou pelo menos pensou em — no inicio por serem iguaizinhos aos outros que você já viu?
    Aparenta ser uma formula fácil, e mais correta, mas me parece também bem a mais arriscada. Um inicio mais impactante e original e depois arriscando menos e usando formulas já usadas – clichês – pra manter o publico parece sempre mais atrativo e seguro.

    Soul Eater ter conseguido um razoável sucesso no anime pelo o seu inicio mostra que ele consegui vencer essa preconceito sendo mais sedutor do que o preconceito ao clichê, ao ponto de conseguir ser levado a serio pra mais de uma noite. Ou melhor, pra mais de um episódio.

    —-

    Só digo que irei retomar o mangá. Vi o anime todo, mas como ainda estava fresco na memória, não conseguir ver mais do que alguns capítulos. Deixa eu pagar minhas dividas com alguns capítulos de outros mangás que tenho, que começo a pagar essa divida que tenho com Soul Eater.

    Não acho — e nem tenho expectativas — que seja tão bom quanto O Judeu Ateu disse (melhor shounen da nossa época, pff) Mas é um grande anime (menos o final) e acho que é também um grande mangá que merece ser lido e adorado.

      1. Tenho que concordar com o Oberdan: Soul Eater tinha tudo pra ser um anime ótimo, mas da metade pra frente descamba e termina da pior forma possível, até hoje tenho traumas com aquilo.

        Gyabbo!

  2. Cara, eu baixei o 1º volume desse mangá depois de uma matéria muito boa publicada na revista Neo Tokyo (revista excelente na minha opinião). Mas esse volume não definia bem qual era o começo do mangá, pois tinha 3 introduções e uma pasta com o “Capítulo 01”. Vou tentar baixar novamente e começar a ler.
    Parabéns pelo texto, que consegue despertar o interesse mesmo sem dar spoilers (que eu odeio).

  3. Muito bom o seu artigo Judeu Ateu, sempre via seus coments em blogs mas não sabia que vc tinha um XD
    É irônico como, atualmente, se encontra pouco o praticamente nada de SE na blogosfera especializada (pfff) mas é um dos meus mangás favoritos, tem bons personagens, um universo pseudo-gótico atraente e uma trama que te leva a loucura (literalmente XD)

  4. Se você não assistiu Soul Eater ainda, corra, antes que o mundo acabae, ou algum meteoro caia na sua cabeça e te impeça de ver uma obra única, que te faz gostar de praticamente todos os personagens (eu mesmo só não gostei de 1).Já estava louco pra ler o mangá a anos, já é o próximo da minha lista, logo depois de terminar Enigma (que também recomendo muito).

  5. *muito bom o post, por não conhecer o judeu ateu fiquei com medo de ter spoilers, mas felizmente eu estava enganado,e eu gostei tanto do anime e queria tanto ler um mangá que um spoiler errado me mataria por dentro (hahaha), enfim… belo post judeu ateu, depois dessa vou até acompanhar seu blog.
    ;D
    Bom trabalho!

  6. Belo post. Não acho SE o melhor shonen da geração, mas quase certamente entra no meu top3. Um grupo grande de personagens bem trabalhados (consigo gostar de todos os membros do grupo principal, apesar do Black Star me dar abuso de vez em quando, e da grande maioria dos coadjuvantes), protagonismo quase inexistente (o povo é foda porque é foda, não porque arruma poderes do nada), um traço que fica muito interessante com o amadurecimento do mangá, entre outros fatores já citados. Um ótimo mangá, sem dúvidas.

  7. Melhor shonen da geração foi uma forçação de barra infinita. .__. Da geração que você fala é o que ainda é publicado, obviamente, né? Mesmo assim é um absurdo. ~_~ Tem muita coisa melhor sendo publicado… Sim, é só uma questão de opinião, mas enfim…

    1. Não acho, apresentei vários argumentos favoráveis para que o mangá seja o melhor ainda em lançamento.
      No mínimo consigo dizer sem medo que é melhor qualquer mangá da trindade da jump, tanto em arte quanto em enredo.

  8. Um ótimo anime ( acho que sou o único que não achou tão ruim o final) e com certeza, um ótimo mangá. Conheço alguns amigos que abandonaram o mangá justamente por causa do ecchi, principalmente porque já haviam visto o anime. Como citou o Johnny, é uma formula bem arriscada.

    1. Sim, com certeza, deve afastar bastante um público potencial.
      Mas se pensarmos que o mangá saiu antes do anime, é uma ótimo estratégia comercial, com certeza ganhou muito mais do que perdeu com isso.

  9. Acho soul eater forçado,insuportável,e se mudou eu não sei,parei no volume 8 de tão enjoado que estava,não aguentava mais a chorna(?),personagens forçados enfiam,um PORRE.
    Se melhorou,ótimo,daqui uns 10 anos eu termino de ler,só pra não dizer que não vi o final.

  10. olha, eu curto SE, mas não considero o melhor Shounen da geraçao. ainda acho one piece bem mais fodastico (em estória e arte). Gosto que as coisas vao acontecendo, e não perdem um tempo do caralho com uma coisinha. lutas começam, logo terminam, e lá vem mais coisa acontecendo. quanto à arte, no início NÃO, mas depois acho bem bom, o designe. o que acho legal na arte acaba voltando conta si proprio, que é a comicdade nos personagens, mas no ambiente, perde o impacto. https://mangasundergrounds.files.wordpress.com/2012/01/soul_eater_v01_c01_64-65.jpg nessa imagem parece que o pai da maka saiu de saber marionet (xD papo, mas tá…), mó feio. :)

    1. Engraçado, você diz que acha One Piece melhor que Soul Eater e depois diz que o que você mais gostou em Soul Eater foi que não existe enrolação, que não se desperdiça muito tempo com coisas pequenas, o que chega a ser irônico, pois é exatamente o contrário de One Piece, que leva eternidades para se desenvolver as coisas mais insignificantes. Diz também que as lutas são agilizadas, elas começam, logo terminam e já vem mais coisa pela frente, o que também é o oposto de One Piece. Engraçado isso, não?

Deixe sua opinião