#TezukaDay – Apollo's Song – O amor e a verdadeira essência do ser

Análise da versão da editora americana Vertical

Quando me propus a analisar uma obra do Osamu Tezuka para esse evento, não sabia exatamente sobre qual falar. Fui pesquisando, precisava de algo relativamente pequeno, mas que me parecesse interessante de verdade, além de ter algum significado para mim. Felizmente o catálogo do autor é vastíssimo e conseguir achar Apollo’s Song, manga que conseguia cumprir todos os meus pré-requisitos. Um deles era que tivesse sido publicado pelo menos em inglês, pois gostaria de fazer essa leitura tão importante em mãos.

Encomendei pela BookDepository os dois volumes, torcendo para que chegassem a tempo e quando chegaram foi uma grande felicidade! Não só pela encomenda ter chego a tempo hábil para eu ler e escrever sobre com calma, mas também pelo que recebi.

O título, originalmente em um volume, foi dividido em dois que contam com uma capa cartonada envernizada, ambas com design belíssimos e que empolgam o leitor para a leitura.

Traduzido por Camellia Nieh, os textos fluem muito bem, mesmo para um leitor com nível intermediário de inglês como eu. Poucos foram os momentos em que eu me confundi com alguma fala. Mais culpa minha do que da edição. O papel e a impressão são de ótima qualidade, gostosos de folhear e observar, principalmente quando o Tezuka resolve fazer suas ilustrações gigantescas que, por mais diferente que seja seu traço com o que estamos acostumados no nosso cotidiano de fãs de animes e mangas, consegue impressionar muito.

Realmente não tenho do que reclamar da edição da editora Vertical e gostaria muito de ver esse padrão de publicação no Brasil. Em contato conosco nesse processo todo do #TezukaDay, a editora confirmou que tem interesse no mercado brasileiro. É algo para realmente se ter esperanças. No mais, fiquem com o rápido preview que a editora disponibiliza em seu site e se impressionem com uma das cenas mais intensas dessa grande obra.

Termino aqui minha participação neste que pode ser considerado o maior evento do fandom de animes e mangas do Brasil na internet. Apesar das dificuldades e de certo sofrimento que foi passar por tudo isso, deixo aqui minha satisfação por ter lido uma obra incrível e, se possível, ter dado a minha contribuição para a melhor dispersão do mestre Osamu Tezuka em nosso país. Obrigado a todos.

 Onde comprar

Se você se interessou pela obra, ela está a venda na livraria online BookDepository por menos de 10 dólares cada volume e com frete grátis! Como eu disse, a edição da Vertical está ótima e por esse preço é imperdível, todos deveriam comprar para ter um desses nas suas coleções.

Volume 1

Volume 2

Epílogo

Este texto faz parte do evento mundial #TezukaDay, concebido e construído pelos blogueiros brasileiros, mas que está acordando reações nas mais diversas partes do mundo.

Confira na página do grupo todas as informações, tais como quiz, concursos, sorteios, mas principalmente, a fonte para encontrar outros textos de grande valor que falam do legado de Osamu Tezuka.

Artigos sobre o autor, Osamu Tezuka

– Gyabbo – Apollo’s Song – O amor e a verdadeira essência do ser
– Blog do GraveHeart – Buda
– Video Quest – Adolf
– Subete Animes – Astro Boy, o estudo de um fóssil
– Anikenkai – Phoenix 2772
– Chuva de Nanquim – Pluto
– Troca Equivalente – Tezuka no pós guerra
– Elfen Lied Brasil – Barbara: O Lado Perverso e Doentio da Mente Humana
– Mangás Undergrounds – Ode to Kirihito
– Mangás Cult – Tetsu no Senritsu
– Blog Netoin! – Fushigi Wa Meimo
– J-Wave – Metropolis
– Nahel Argama – Osamu Tezuka
– Maximum Cosmo – Tezuka para todas as idades
– Maximum Cosmo – Kimba: O Leão Branco
– JBox – Dororo Volumes 1 e 2 – Editora NewPOP
– Otakismo – A influência do pop americano na obra de Osamu Tezuka
– Mangatologia – Tezuka por outros autores
– Animangá – The Amazing 3
– Mais de Oito Mil – Don Drácula
– Moon Stitch – Angel no Oka
– Across The Starlight – Metropolis
– Planeta do Moe – Ribon no Kishi
– Otaku Yousai – Maa-chan No Nikkichou
– Virtual Meinsanity – MW
– Radix – Dororo
– Visual Novel Brasil – Fuusuke
– Visual Novel Brasil – Osamu Tezuka, não considero um ídolo nem um deus
– Folha Nerd – Parceria Tezuka x Mauricio
– Anime Portfolio – Yoakejō
– Shoujo Café – O que seria de nós sem Osamu Tezuka? Algumas reflexões sobre as contribuições do grande mestre
– Special Days – Black Jack e a Genialidade de Osamu Tezuka
– Blog do Coringa – Biografia do Osamu Tezuka
– EuroQuadrinhos – Tonkaradani, a obra mais obscura de Osamu Tezuka 

Análise da versão da editora americana Vertical Quando me propus […]

20 thoughts on “#TezukaDay – Apollo's Song – O amor e a verdadeira essência do ser”

  1. Ótimo texto, Denys. Não sei se deveria fazer esse comentário aqui,mas, seus post’s tem ganharam uma “pegada” de análise literária (que,por sinal,eu aprecio muito). Espero que tenha abandonado as “primeiras impressões” U.U.
    Lerei as outras partes depois. o/

  2. Post grande,mais adorei ler, o Tezuka sabe como prender a atenção de alguém,minha mãe é fã da Princesa e o Cavaleiro, já eu como nunca tive a oportunidade de ver não posso dar uma critica … Parabéns Gyabbo adorei o texto,pode ser grande,mais não é tedioso :D quem não ficou com preguiça de ler com certeza também gostou!! :D

  3. Post demais tão bem escrito que me imaginei folhando as páginas do mangá, uma história com um tom mais maduro que deve vir a prender o leitor ao mangá (já que eu fiquei presso ao post). Apollo’s Song necessito na minha coleção!

  4. Já na primeira página, o único pensamento que me vinha sobre o seu artigo era: Freud Approves This. O que veio a se confirmar na segunda página.

    Eu achei que não ficou mto claro o contexto da mitologia grega como você colocou, e a parte psicanalítica… Bem, se ele não tinha figura para lhe criar o complexo de castração, como poderia então rejeitar (com nojo, como, se não me engano, você disse) a possibilidade de um incesto? Afinal, o conceito de incesto não é inerente ao ser humano, e sim algo que se introjeta na hora da escolha objetal. A estrutura psiquica desse garoto estaria totalmente desmantelada se for seguir o conceito.

    Mas fora essas duas observações, achei um ótimo texto e uma leitura demasiadamente aprazivel.

    Parabéns.

    1. @Pss
      Na verdade o protagonista teve figuras parentais, mas elas nunca foram sólidas. Ele chegou a passar pelo complexo de édipo, desejando a mãe e “brigando” por ela com todos os amantes que ela possuia com quem ele tentava, ativamente, se identificar como figura masculina, mas sempre barrado. Como eu comentei no texto, Tezuka utiliza-se das bases do complexo de édipo freudino, algo superficial que o autor deve ter conhecido na faculdade de medicina, profissão que nunca exerceu. Estamos falando dos anos 70, é uma visão da psicanálise diferente. Ao conceito básico do freud, o horror ao incesto é algo antológico, vindo das relações tribais que o homem exercicia. Shogo, justamente por não ter consiguido uma figura paterna, digamos “completa”, ficou no meio termo; não conseguia rejeitar o desejo pela mãe, mas também não o possuia por completo. O protagonista tem a fase do complexo de édipo quebrantada. Por isso mesmo ele não chega a ter uma estrutura de personalidade psicótica, todas as suas incursões, e eu tomei cuidado de me atender a isso, em outras “realidades” são frutos de produtos extrínsecos (drogas, choque, hipnose, traumatismo no crânio etc), nunca produções de uma mente em fragalhos. Pelo que vi na internet Shogo é muito colocado como anti-social, mas isso também não poderia estar certo, visto todo o sentimento de culpa que o persegue durante a história. Existe um quadro muito interessante onde o personagem joga uma pedra e mata dois pássaros (acho que são passáros, precisaria ver de novo). A expressão dele não é de prazer, não é de satisfação, é de tristeza, quase remorso. Para mim, e aqui eu também preciso dizer que não fiz nenhuma análise profunda da personalidade do personagem, apenas fluí com o pensamento, ele está mais para bourderline ou neurótico no limite da psicose.

      E realmente, deveria ter abordado melhor o lado grego da questão. Mas eu mesmo não sei muita coisa das lendas gregas e iria falar muita besteira. Mas esse é um tema que possui toda uma simbologia por trás de Apollo’s Song. Aliás, grega não, romana, já que estamos falando de Apollo.

      Gyabbo!

  5. Ótimo post, que aliás não é grande. Eu considero grande coisas que eu acabo por fim achando tedioso e chato. Um livro de 700 páginas, para mim se for interessante, pode ser muito bem considerado pequeno.
    O teu post foi muito bem feito, mostrando claramente o teu ponto, digno do termo “profissional”.
    Adorei lê-lo do começo ao fim e, com certeza Osamu Tezuka é um grande mestre. Ensinando a “criançada” a fazer mangá desde antes, agora, depois e sempre.

  6. Limite da psicose, então. Eu não posso analizar, já q não li, só fiquei com uma impressão errada de que ele não tinha tido nenhuma figura paterna.

    Tanto na grega qnto na romana o deus do sol se chama Apolo, eu me referi como grega pq vc disse Atena (se fosse romana seria Minerva). Mas tdo bem.

    Obrigada pela recíproca para uma kouhai tão inconveniente.

  7. Excelente texto. Após lê-lo, corri atrás da obra imediatamente para leitura e terminei de ler há poucos minutos atrás.

    O mangá realmente me surpreendeu desde aquela passagem inicial sobre a fecundação, nunca vi o Tezuka mostrar algo poético assim nos mangás dele (pelo menos, dentre os que eu li). Em alguns momentos, eu me identifiquei com os conflitos pelos quais o Shogo passa em suas “encarnações”, principalmente na última que se passa no futuro, que foi a que mais me impressionou com algumas cenas realmente impactantes (como a que você citou do cemitério) e mais ainda na passagem final do mangá quando ele pensa que se o amor é a razão para se viver, então se ele não tivesse o amor da Hiromi, ele precisaria morrer. Impressionante em ver que algo naquele nível de profundidade saiu em uma revista shounen no começo da década de 70 (coisa que só vi com mangás como Devilman, de Go Nagai e The Drifting Classroom, de Kazuo Umezu, que na minha opinião, possuem o mesmo nível de profundidade)

    Foi uma obra belíssima de se ler. Gostei bastante mesmo, sou eternamente grato pela recomendação.

  8. @Suzi
    Agradeço os elogios. Na verdade eu sempre tive essa possibilidade de fazer posts assim, mas a falta de tempo acaba impossibilitando. Por isso saem com menos frequência. Mas não, não irei abandonar as “Primeiras impressões”, é algo que eu gosto de fazer e sei que muita gente gosta de ler. Dá pra levar os dois estilos.

    @Jorge (@mahoutail)
    Se souber inglês, recomendo muita a compra. Está muito barato pela Book Depository e o frete é grátis, além da qualidade gráfica da editora Vertical ser ótima! E obrigado pelos elogios.

    @Nintakun
    De fato é interessante ver como mesmo o Japão, que muitos vem como um conversador liberal (isso ficou meio sem sentido, mas espero que dê pra entender) nos seus comportamentos, especialmente nas produções de entretenimento, passou por grande mudanças. Nunca veríamos uma história dessa em uma revista shounen de hoje em dia. Até porque é como eu comentei no textol. Na época que Apollo’s Song foi lançado os jovens queria outra coisa, eles estavam em movimento, diferente do imenso conformismo da juventude atual (não só japonesa).

    E que bom que gostou do texto a ponto de ir ler a obra em seguida. Recomendo a compra também, está bem barato na Book Depository!

    Gyabbo!

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