Shingeki no Kyojin: Pinceladas

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Um artigo sobre o Primeiro Episódio sem ser um artigo de Primeiras Impressões.

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Já tivemos artigos de Primeiras Impressões sobre Shingeki no Kyojin o suficiente para encher um blog inteiro sobre o assunto – dentro do Genkidama tivemos o Anikenkai e o Gyabbo comentando sobre o anime mais hypado do ano; e também vale citar o belo texto do Elfen Lied Brasil acerca deste tópico. E não é incrível que mesmo assim alguns aspectos deixaram de ser comentados? Assim, torna-se válido um pequeno mas útil artigo explanando alguns aspectos de Attack on Titan que passaram batidos – ou não. Enfim, como diz o título, algumas simples pinceladas.

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Animação: excelente, dentro de um orçamento não tão alto.

Um dos mangas mais vendidos no Japão certamente iria ganhar uma animação em grande estilo, certo? Provavelmente – mas mais no sentido de ter um excelente horário de exibição que no de ter o melhor orçamento do mundo; é assim que Toriko passa no mesmo bloco de One Piece e é feio que dói.

Shingeki no Kyojin sem dúvidas teve um tratamento classe A mas dentro das possibilidades do financiador principal Pony Canyon, que é grande mas não tem o poder de fogo do ANIPLEX ou Bandai Visual [financiador dos grandes deleites visuais da temporada de Abril/2013, Suisei no Gargantia e Uchuu Senkan Yamato 2199].

Com não mais que razoável dinheiro, o diretor Tetsuro Araki [Death Note, Highschool of the Dead, Guilty Crown] pode oferecer uma direção de arte muito boa ao mesmo tempo que inseria o bê-a-bá dos animes: foco na consistência usando o mínimo de frames possíveis durante a maior parte do tempo para em alguns momentos de ação termos algumas sequências simplesmente impressionantes [o que deram origem aqueles trailers divinos]. E isto funcionou de forma maravilhosa, apesar de – como sempre – gerar algumas opiniões negativas.

Algo que apareceu de relance mas pode ter papel mais destacado futuramente é o uso do 3DCG nas armas; em uma cena que aparece logo no começo seu uso pareceu excessivo, mas como também a cena demonstra que com muitos cortes feitos de maneira precisa o anime provavelmente conseguirá a díficil missão de fazer o espectador simplesmente esquecer que está vendo esses elementos computadorizados que tanto ajudam – desde que se saiba utilizá-los.

Para manter o orçamento sob controle, em alguns momentos o diretor e sua equipe tiveram que utilizar recursos manjados como câmera tremida e as fatídicas linhas de movimento [speed lines] em algumas cenas; claro que alguns espectadores perceberam assim que ainda estamos dentro de um orçamento limitado que pode se acentuar com o passar dos episódios, mas fica difícil reclamar quando o resultado geral, acentuada por uma arte, fotografia e colorização que dão o tom certo a ponto de parecer que o original de Hajime Isayama foi feito assim.

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Tetsuro Araki e o “excesso de drama”

As linhas de movimento utilizadas em Shingeki no Kyojin acabam tendo outro significado ao acentuar a marca do diretor – justamente seu poder de dramatizar qualquer obra. O primeiro volume do manga é, entre outros adjetivos, frio a ponto de o leitor ser também um espectador de toda a situação em vez de ser envolver emocionalmente com os sentimentos daquela humanidade em ruínas.

Já o anime conta com uma trilha envolvente de Hiroyuki Sawano [Guilty Crown, Gundam Unicorn, Ao no Exorcist] que complementa o feeling dramático e desesperador imposto por Araki em uma adaptação que tecnicamente é fiel ao manga; sem muitas adições e subtrações no conteúdo utilizado vindo diretamente das páginas do original, o diretor consegue um tom algo exagerado em que o drama é mostrado na tela que o anime torna-se em parte outra obra.

Ao menos neste Primeiro Episódio isto funciona muito bem, a menos que seja um purista do manga até neste sentido. O que não deixa de ser arriscado ao pensarmos que temos 25 episódios nesta Primeira Temporada [sim, podemos ter outras a depender do sucesso desta] que terá que equilibrar-se na corda bamba de ser fiel ao original, uma obra completa por si só e, claro, divertir seu espectador.

A abertura e o feeling de filme de monstro

Desde Godzilla que o Japão é conhecido pelos filmes de monstros gigantes [ou kaiju], sempre ameaçadores e a um passo de destruir a humanidade [ou ao menos Tokyo] as vezes sem o menor motivo aparente – e mesmo misturado a largas doses de battle shounen e um futuro pós-apocalíptico, temos aqui um manga – e anime – de monstros gigantes nada típicos mas que ainda assim compartilham características do gênero.

E o que na obra costuma ser apenas mais um elemento foi potencializado nesta que talvez seja a abertura do ano. Claro, temos uma abertura típica do Araki – tanto que é recheada de filtros como de costume – mas também sabe evocar, de uma maneira moderna, o feeling daqueles filmes antigos [chamados no Japão de era Showa [1926-89], equivalente ao reinado do imperador Hirohito] recheados de heroísmo. Um toque que diz muito sobre isso é o fato de em certo trecho a letra da música aparecer, em tamanho cavalar e com jeito de produção clássica, na tela. Estiloso e efetivo, dá realmente vontade de cantar junto.

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Repercussão

Mesmo sendo um anime dos mais esperados, principalmente aqui no Ocidente, a repercussão positiva ao primeiro episódio de Shingeki no Kyojin foi assustadora; no My Anime List, a obra que aparecia atrás da Segunda Temporada de Ore no Imouto já é o anime mais popular da temporada com quase 35 mil membros [os fãs de Kirino e cia. atualmente estão em pouco mais de 26 mil em 13/04/2013]. A nota atual de 8.73 com certeza é inflada e deve sofrer ajustes ao longo dos 2-cours, 25 episódios planejados, mas ainda é um bom termômetro de como os titãs já estão entrando no imaginário popular dos fãs de animação japonesa.

Outro indicador de como a recepção está sendo positiva é o fato dos rankings de pré-venda estarem indicando uma corrida aos discos de intensidade quase similar a, novamente, Kirino e cia. – e quando o Amazon Stalker anuncia quase três mil pontos acumulados, ou seja, teoricamente três mil discos já teriam sido encomendados, um patamar de vinte mil unidades vendidas por volume já pode ser considerada uma possibilidade real – e se for confirmada teremos o shounen típico mais vendido dos últimos anos, juntamente com Kuroko no Basket e talvezu um pouco acima mesmo de JoJo’s Bizarre Adventure. Ou seja, um feito e tanto para uma obra que mesmo em manga é, junto com Saint Young Man, o grande sucesso mais improvável em um bom tempo.

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P.S.: O Segundo Episódio acabou de confirmar que o anime de Shingeki no Kyojin misturará a bel-prazer os capítulos do manga em uma ordem mais cronológica e estruturada; o manga prefere algo menos linear, tanto que dá um timeskip gigantesco de cara. Pode ficar melhor que no original – ou pior; mas pelo menos é diferente. E, novamente, uma tentativa de fazer algo que seja completo por si só – e só por isso já merece destaque [que claro, terá somente se entregar um ótimo resultado].

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8 thoughts on “Shingeki no Kyojin: Pinceladas”

  1. Boa ideia, comentar o que foi esquecido. Bora comentar os comentários, rss:

    Também tinha reparado nesse lance da animação. Muita gente elogiou a
    animação do episódio dizendo que estava linda e coisa e tal, mas, mais do que
    bonita, ela soube é ser eficiente: usar mais frames nas cenas movimentadas, e
    retirá-los das cenas mais estáticas. Uma escolha sábia para quem tem pouca
    verba para gastar.

    Confesso que não assisti nenhuma das outras séries de Tetsuro Akari para
    saber se ele exagera ou não no drama, mas só digo uma coisa: Se esse primeiro
    episódio não tivesse toda a carga emocional que teve, não teria sido tão épico.
    O único momento que soou um pouco over para mim foi esse que você capturou no
    screenshot, do guarda da patrulha chorando e gritando por causa das perdas na
    missão. Ficou Speedwagon demais, IMO – por mais que a situação seja terrível, é
    possível transmitir emoção sem todo esse carnaval. Exagero só cai bem em séries
    que são naturalmente exageradas, como JoJo – e esse não parece ser o caso de SnK.

    Aliás, ainda nesse ponto da emoção, uma coisa que eu gostei muito é como
    a série mostra que, por mais bem intencionados que sejamos, ainda somos meros
    humanos, guiados não apenas pela razão, mas também pelos nossos instintos. A
    respeito desse aspecto muita gente lembrou da cena do soldado se borrando
    quando fica cara a cara com o gigante, mas o que mais me chamou atenção foram
    os derradeiros momentos da mãe – símbolo do auto sacrifício por excelência, em
    praticamente todas as culturas do mundo. Em um primeiro momento ela manda os
    filhos fugirem, mas quando percebe o que está para acontecer não consegue
    deixar de dizer, “Não me deixem aqui sozinha!”, nem de se debater
    inutilmente nas mãos do titã, diante da morte inevitável. Foi uma cena
    poderosa, e me deixou estática na cadeira por alguns minutos após o término do
    episódio.

    O tal feeling de filme de monstro me fez lembrar do jogo “Shadow of
    the Colossus”, do PS2. No jogo em questão os gigantes não comiam humanos,
    mas o arrepio na espinha ao início de cada batalha, em que você via aquela
    coisa gigantesca vindo na direção do personagem, sabendo que, caso não desse
    cabo do bichão logo, ele seria pisoteado ou arremessado para a morte, era
    indescritível. SnK conseguiu me passar esse mesmo feeling, utilizando praticamente
    as mesmas “armas” que o jogo em questão: bons enquadramentos de cena,
    e principalmente uma boa utilização dos silêncios em contraste com a trilha sonora
    dramática.

    Se a série conseguir manter o fôlego, tem tudo para ser o anime da
    temporada – e talvez até do ano.

  2. Todo esse feeling medieval + monstro + sobrevivência ressoou em mim similar às produções europeias (que possuíam mais requinte) e as americanas de nível B e a trilha sonora ajuda a passar esse sentimento pra mim. Tinha inclusive um desenho antigo chamado “Gargulas”, que tinha bem esse toque. Talvez por eu nunca ter assistido séries de monstro japoneses.

    E olha só a OP entregando um possível spoiler

    http://www.genkidama.com.br/argama/files/2013/04/attack_on_titan_10_061-1024×576.jpg

    1. Nossa, eu adorava Gárgulas quando era pequena! A moça que cuidava de mim ficava me atazanando dizendo que era “coisa do demônio”, huehuehue. E eu não entendi o possível spoiler…tirando que o rosto desse gigante tem um jeito mais feminino (apesar que eu acredito que os gigantes não tenham sexo; para mim eles se reproduzem de uma maneira diferente, talvez sobrenatural…acho que no futuro isso será revelado, *ou não*).

      1. Eu não me lembro dos “Gárgulas” =/ Eu só tenho a imagem vaga na mente por causa da abertura, aquilo me chocou na época huehueehuehue. Depois soube que o desenho foi cancelado por ser considerado maduro demais para crianças.

        http://www.youtube.com/watch?v=OUyvelEARmM

        O que eu quis dizer com possível spoilers, é que essa gigantona aí está com como uma humana normal, com pele e tudo, só tá lhe faltando os seios (aparentemente) hahahah. Dias atrás vieram com uma teoria de que os titãs foram humanos… bem, creio que descobrirei isso logo, logo.

        1. Também não lembro com muita clareza de “Gárgulas”,
          mas pelo que eu consigo lembrar era algo estilo Tartarugas Ninja, só que mais
          sério (os gárgulas eram quatro, tinha uma moça – repórter, acho – que os ajudava…
          só faltou o mestre Splinter,rss). Também já vi esses boatos da relação entre
          gigantes e humanos por aí. Na verdade, acho que outro dia li um spoiler
          violento sobre isso no MAL, =/ (apesar que eu não descarto a possibilidade de
          ser um comentário troll, rss).

  3. Vamos dizer o que me chamou atençao e fez disconfiar q era um diretor de linha, musica aquelas q vc q ter no seu mp3,mp4 ou celular, anime q faz vc sentir o drama dos personagens, aquele momento de raiva ou de alegria q vc sente junto, essa e minha opiniao

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