Houkago no Pleaides

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Subaru e GAINAX se unem para fazer… um mahou shoujo?

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A propaganda, em um processo muito lento e gradual, saiu de uma base que lidava principalmente com as supostas vantagens práticas do produto a ser vendido para um modelo o qual baseado em sugestão e associação de determinados sentimentos ao uso do produto. Assim, saímos de longos e claros anúncios falados/escritos técnicos para chegar a marcas conhecidas por um símbolo em vez de seu nome e de propaganda cada vez mais indireta.

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Um modelo relativamente recente é o entretenimento feito diretamente como uma peça de propaganda, mas com a presença desta ocorrendo de maneira não-invasiva – de jogos simples disponíveis nos sites das empresas a programas de TV exibidos em horários comprados pelos patrocinadores.

Um grande exemplo [case] deste tipo de mídia foi o programa “Tô Frito” [ver mais AQUI] da Nestlé, que mostrava a história de um jovem recém-chegado a São Paulo e suas dificuldades na vida de morar sozinho na cidade grande – claro, cozinhar utilizando os produtos da criadora-patrocinadora é uma opção viável de roteiro, certamente menos incômoda que o merchandising, necessário para alcançar a massa e que já é utilizado como atenuador da artificialdade do comercial de 30 segundos.

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Assim, uma colaboração entre a montadora de carros japonesa Subaru e o estúdio de animação GAINAX é algo válido – o primeiro tem um produto de entretenimento pouco invasivo que ajuda a divulgar de forma positiva a imagem de sua marca para um público que é abordado marginalmente na propaganda tradicional; o segundo tem trabalho para fazer, afinal, é um estúdio comercial que precisa pagar as contas – além disso, houve certa liberdade para essa abordagem indireta da Subaru no episódio final de 24 minutos.

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Sim, é um episódio de 24 minutos dividido meio artificialmente em quatro de 6; assim, o número de visitas no YouTube, onde a animação original para a internet [ONA, na sigla em inglês] é inflada artificialmente em quatro vezes.

O resultado final é uma série simples [como o exíguo tempo pede] de garota mágica onde tudo é fofo e relaxante [como dita a tendência atual], pontuada de referências a patrocinadora. O roteiro apresenta Subaru, uma menina amante da observação de estrelas que um belo dia tem dois encontros – um com o misterioso galã Minato, outro com um grupo de garotas mágicas lideradas por um mascote [Presidente] vindo do planeta Plêaides, que buscam recuperar os pedaços do Motor da espaçonave do Presidente que caíram na Terra – que mudam a sua vida.

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A história toma um rumo bem previsível e demonstra ser claramente um estepe, afinal – como dito acima – a intenção é realmente mostrar algo relaxante e fofo na medida para provocar o sentimento de moe no público-alvo. O character design pode ser genérico, mas é muito bom – o traço é extremamente constante, o que equilibra a animação que sim, tem seus momentos de glória, mas no geral contenta-se em seguir a fraca média da animação japonesa para TV. Em contraste com o traço mantido em um bom nível genérico, no encerramento são oferecidas ilustrações de diversos desenhistas envolvidos que exploram possibilidades do character design [claro, em puro “estilo anime”].

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As dubladoras são novatas, os responsáveis pelo som, desconhecidos, assim não surpreende o resultado apenas passável – mesmo as vozes das meninas são totalmente baseadas em arquétipos [justo, dado que o principal traço de personalidade das personagens do anime são as roupas, cabelos e acessórios utilizados; eles jogam claramente com as primeiras impressões]. Mas há cuidado o suficiente para ser lembrados que os eixos/vassouras/varas mágicas da protagonista tem som de diferentes carros.

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Esse som, as referências como motor [engine], Pleaides [constelação que em japonês é Subaru], o nome da protagonista e as estrelas que no final aparecem em forma muito similar ao logotipo da montadora são os exemplos da estratégia sutil utilizada pela montadora e que pagou a conta desta produção. E de acordo com o Sankaku Complex AQUI, até mesmo alguns carros foram comprados graças a série, literalmente. Claro, nunca subestime os otakus – mas claro que é a ponta do iceberg no marketing.

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Exemplar como marketing, mas e como 20 minutos de diversão? Apenas razoável, e para fãs de moe. A principal qualidade técnica é o traço genérico ser bem constante, e isso tem aos montes; o principal motivo para assistir é uma história calma e facilmente esquecível – este review está sendo publicado 40 dias após o lançamento e talvez muitos dos que assistiram já tinham esquecido que a série existe. O que dirá em alguns anos.

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Texto originalmente publicado no falecido blog Subete Animes em 11 de Março de 2011.

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