Corrente de Reviews – Mushishi

E é chegada a hora da participação do Nahel Argama na Corrente de Reviews, evento idealizado pelo Didcart lá do blog Anikenkai e com conta com a participação de mais de 30 blogs. A indicação do anime para o nosso post veio do blog Only Good Animes e a obra em questão é, digamos que, muito consagrada por quem já a assistiu, e como eu ainda não havia tido contato com ela anteriormente, apenas havia “ouvido falar”, posso dizer que foi um grande desafio. Então, vamos falar um pouquinho sobre Mushishi.

Mushishi mais parece um apanhado de lendas e contos do que qualquer outra coisa e, bem, de fato é. Acompanhamos a jornada do “caçador de mushis” Ginko em 26 episódios que apresentam uma atmosfera de mistério encantadora, mas ao mesmo tempo um desenvolvimento desanimador. Explicarei a seguir.

Nós temos todos os enredos envolvendo os mushis: criaturas sobrenaturais que habitam a linha tênue entre a morte e a vida, podem também ser confundidas com fungos ou bactérias e não podem ser vistas por todas as pessoas. Ginko é um mushishi, ou seja, um “caçador de mushis”, mas acima de tudo ele busca saber cada vez mais sobre este tipo de ser ao invés de apenas livrar os humanos dos problemas causados por eles.

Cada episódio apresenta novos personagens em uma história fechada. Ginko, o protagonista, é o único a se fazer presente em todos os episódios. Outro personagem exceção é Adashino, médico amigo de Ginko (e que também é um grande colecionador de relíquias relacionadas a mushis), que aparece em três episódios. Assim sendo, é o tipo de enredo que não instiga o espectador à esperar ansiosamente pelo próximo capítulo, o que dá a impressão de ser um anime desanimador. Em contrapartida, você acaba se envolvendo muito com a trama que necessitará de um desfecho, bom ou ruim, nos próximos vinte minutos.

Ao longo da série nos deparamos com diversas situações que envolvem o ato de ser humano: medo, egoísmo, amor, ganância, amizade, inveja, preconceito… Os mushis estão lá mais como um pano de fundo para todos os dramas apresentados do que para serem o problema principal. É possível afirmar também que, através de metáforas, existe uma espécie de alerta para a preservação da natureza, ou melhor, para a interação entre os seres vivos de uma maneira respeitosa, sem prejudicar nenhum dos lados, já que por tentar tirar proveito das vantagens que um mushi pode trazer, o humano pode causar um grande desequilíbrio em sua vida e na dos seus semelhantes.

A época em que os fatos ocorrem é no Japão feudal, Ginko atravessa inúmeras florestas, montanhas e vilarejos atendendo a chamados de pessoas desesperadas ou mesmo descobrindo por si só os problemas daquela região, que para os moradores trataria-se de uma normalidade, uma característica natural sem possibilidade de resolução.

Ginko tem uma aparência estranha em relação às outras pessoas: o jovem homem de cabelos brancos e apenas um dos olhos, de uma cor verde muito viva, perambula sem destino, sem residência fixa, sempre prestando seus serviços em troca de comida, artefatos ou abrigo temporário. Esta vida lhe permite conhecer todo o tipo de história, todo o tipo de gente, mas não o permite se fixar à lugar nenhum nem se apegar à ninguém, pois ele possui a habilidade de atrair mushis, ou seja, permanecendo em um único lugar, acabaria por desequilibrar aquele habitat e indo de encontro aos seus princípios como mushishi.

É uma situação dramática, mas ele não parece se importar. Mesmo nos casos mais críticos, Ginko tenta achar alguma solução para o problema apresentado, mesmo que esta não seja totalmente benéfica e provoque alguns sacrifícios.

Mushishi é um anime bastante complexo para ser resenhando, pelo menos a meu ver, já que por abordar várias pequenas histórias sem uma trama principal e sem tirar a peculiaridade de cada relato, é complexo. Além disso, não é o tipo de anime que eu assistiria por minha espontânea vontade, não no momento, já que a premissa em si não havia chamado a minha atenção.

Apesar de não ser o tipo de série para encarar “maratonas”, ela é muito bem conduzida, o desfecho de cada episódio é bem feito, não há pressa, não há “ponto sem nó”. É claro que algumas mensagens são mais complicadas de serem compreendidas, e por isso é uma animação que deve ser “consumida” lentamente, refletir a sutileza de cada pequeno drama apresentado.

Na série você encontrará desde um menino que dá vida aos seus desenhos, até um vilarejo que, para receber uma boa colheita todos os anos, precisa do sacrifício da vida de um dos moradores. Da ilha em que seus entes queridos podem renascer até a garota que um dia foi “sugada” para o céu e desapareceu aos olhos de quase todos. São inúmeras lendas, fábulas, uma animação muito bonita, soluções para problemas que te prendem, tem deixam curioso e ansioso pelo final, que pode nem sempre ser bom, mas é realista dentro daquele contexto proposto.

O tema de abertura é o que eu mais gostei, na série toda, e a melodia transmite a “calma” com a qual a trama é conduzida.

A propósito, a série foi transmitida aqui no Brasil pelo extinto (e saudoso?) Animax lá pelos anos de 2008~2009 e muita gente a conheceu por lá, eu mesma via as chamadas mas não me interessava.

Se eu recomendo o anime? Depois de olhar torto, certamente recomendo e entendo o motivo dele possuir tantos admiradores. Não assista um episódio atrás do outro, vá com calma, reflita. Acredito que será uma experiência bem interessante, assim como foi para mim.

“O mundo é cheio de vidas desconhecidas ao homem.”

E a corrente continua! O próximo blog a apresentar seu texto será o Netoin!. O anime indicado aqui pelo Nahel foi Kaiji, a primeira temporada. Justamente por ser um anime de temática que foge um pouco do foco que o blogueiro está habituado, decidimos por esta proposta. Assim como Mushishi foi uma experiência diferente para mim, creio que a mesma coisa acontecerá na próxima review da corrente. Continue acompanhando!

E é chegada a hora da participação do Nahel Argama […]

16 thoughts on “Corrente de Reviews – Mushishi”

  1. Ótimo post Josi.
    Certa vez, tentei assistir a Mushishi, mas NÃO CONSEGUI! Não é meu estilo.
    Gosto de coisas bem viadinhas, coloridas e que tenham continuidade.
    No mais, gostei bastante do visual do anime. Parece ser um ponto a se fixar, no momento de escolher assistí-lo ou não. Probably, darei uma chance ao anime (depois que estiver esgotada de animes viadinhos).

    1. Obrigada, Mibs! =D

      Te entendo perfeitamente, acontece o mesmo comigo, mas sabe que foi uma ótima experiência? Recomendo, mas claro, assistir com cautela, um pouco de cada vez, maratonar é ruim XD!

  2. Muto bacana Josi, Texto interessante e anime com premissa “peculiar”. Pessoalmente creio que não iria ver, ainda assim é um daqueles animes “tranquilos” que devem ser gostosos de se ver entre “porradas alheias”. Continue com os ótimos textos.

    1. Muuuito obrigada por ter lido e comentado =D! Mas sério, se um dia tu não tiver com nada mais importante, dá uma olhadinha em alguns episódios, vale a pena ;D!

  3. Seu nome eh Josemares ?? Vc eh recem formada em direito pela FKB ??

    Me parece algumas coincidências, por isso estou na duvida

  4. Uma palavra define Mushishi: denso. É um anime que tem como consequência certa reflexão. Isso se o espectador colaborar, é claro. Tenho ele como um de meus animes preferidos já há algum tempo. Além de sua clara beleza, da trilha sonora linda e das histórias que, apesar de lentas, envolvem é um anime que não foi feito para devorar os 26 episódios num domingo só. É mais para se “digerir” lentamente.

    Gostei do texto. 🙂

    1. Exatamente isso! É um anime que fui induzida à assistir em função da Corrente e que foi uma grata surpresa =)!

      Obrigada pelo comentário! ^^

  5. Sou suspeita para falar de Mushishi…Vai parecer bobagem o que vou dizer sobre esse animê. Mas, até certo tempo, o Mangá² (aquele cast do Judeu e do Estranho) estava falando sobre “Mangá Arte”. E, aqui, está um “Animê Arte”.Mushishi é lindo. Animação,roteiro,densidade.

  6. Aliás, vi o mangá que deu origem à série (foi publicado na Afternoon, uma revista que publica bons mangás alternativos).
    Dentre os títulos já publicados e os que ainda estão sendo publicados na Afternoon, vale destacar: Aa, Megami-sama !(Oh, My Goddess!), Mugen no Juunin (Blade – A Lâmina do Imortal), Eden: It’s a Endless World, You’re Under Arrest, Narutaru (de Mohiro Kitoh, o mesmo de Bokurano), Gunsmith Cats, Milk Closet, Yume Tsukai e, é claro, Nazo no Kanojo X (sem dúvida, um dos títulos que vale a pena acompanhar. E eu já venho acompanhando Nazokano X muito antes de sua versão anime, que foi lançada neste ano. Foi a melhor série que eu já assisti este ano, e portanto, eu a considero a melhor série de 2012).
    Sobre o mangá de Mushishi: se comparado ao anime, pode-se perceber que a versão anime foi fidelíssima à versão mangá, em todos os episódios. Se tivessem continuado com a versão anime, haveria mais episódios do qua apenas os 26 episódios produzidos, já que as histórias continuaram depois do último episódio. Quem quiser conferir, é só procurar por todos os 10 volumes do mangá.

  7. Não sei porque não apareceu aqui no blog, mas eu posto de novo, não é problema.
    Vi Mushishi na extinta Animax, e na minha opinião, a série tem um quê de produção dos estúdios Ghibli, de Hayao Miyazaki (Mononoke Hime, Sen to Chihiro no Kamikakushi). Até o estilo dos personagens da série parece, aida que vagamente, com os dos personagens dos animes do famoso diretor de animação japonês. Não sei se perceberam ou se concordam, mas…esta é a minha opinião.
    E, é claro, a série é muito boa, devo dizer.

    1. A diferença básica: os filmes do Ghibli não pretendem te fazer refletir, apenas dar lições de moral e passar certos valores prezados pelo estúdio.
      Mushishi é pra um público mais adulto, por isso acabo não enxergando o denso Ginko em nenhum personagem do Ghibli.
      A semelhança primordial é o sorriso que os filmes Ghibli e Mushishi proporcionam.

      Animes assim são obras de arte.

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