Review: Jogo do Rei (Ousama Game)

Afinal, é preciso falar das surpresas desagradáveis também…

O último volume de Jogo do Rei chegou em Abril para a fase 1 (SP/RJ), com previsão de sair em Julho para os demais estados. Por conta dessa diferença, tentarei fazer essa review com o mínimo de spoilers possível. Ainda assim, com conclusões suficientes até mesmo para ajudar quem ainda não terminou sua coleção, dando uma base para refletirem se vale a pena concluí-la ou não.

ousama

Antes de tudo, acho importante começar deixando bem claro que, para mim, Jogo do Rei foi decepcionante. Com uma proposta de suspense com um pouco de horror, o mangá desaponta nos dois quesitos.

Fazendo um breve resumo do plot, pode-se dizer que a história sofre de uma total falta de foco,  abordando desde romance, amizade e relações sociais ao terror diante da situação desesperadora do jogo em si. Não estou criticando a variedade de temas por si só – afinal, Battle Royale é considerado uma obra-prima do survival exatamente por trabalhar tão perfeitamente todos esses campos e seus personagens -, mas por considerar que, para um mangá de apenas 5 volumes, os assuntos foram mais jogados que trabalhados de fato.

Claro que há um abismo entre Battle Royale e Jogo do Rei, uma comparação direta chega a ser injusta. Enquanto um foi baseado em um dos livros mais vendidos do Japão, contando com 15 volumes para explorar a obra original, o outro é uma adaptação de 5 volumes de uma cellphone novel. Como o próprio Diogo já mencionou em sua avaliação do primeiro volume do mangá, é normal que os personagens e a própria história sejam rasos, dando ênfase à situação, assim como deve ser na novel. O problema em questão é que tudo é tão raso e “arquetipado”, que  não só é difícil se importar com qualquer coisa que ocorre na história, como a própria situação se torna repetitiva e desestimulante. Sinceramente, não sei como cheguei a comprar todos os volumes, devo ser mais teimosa do que pensava ser!

Agora me aprofundando na análise do mangá, gostaria de elogiar duas coisas em específico (enquanto ainda não destruí todo o resto rs):

  •  o primeiro volume, apesar das falhas na obra no geral, é divertido! Pelo menos pra mim, o ritmo da leitura correu muito bem, ajudado pelo sistema que a JBC adotou de não demarcar os capítulos. Em Senhor dos Espinhos tivemos um caso semelhante que também otimizou a leitura, que foi a ausência de índice, portanto a primeira página de todos os volumes já caía direto na história.  Ponto para a JBC!
  • em meio a tantos personagens sem-graça alguma, houve quem se salvasse: o Naoya! Claro que ele também é a representação de algum arquétipo batido como todos os outros (no caso, “melhor amigo do principal”), mas consigo dizer que ele tem sim suas características próprias e é o único personagem que tem algum desenvolvimento. Enquanto no início ele é covarde, desistente e completamente dependente do Nobuaki,  há momentos em que vemos ele tomando decisões por si só, indo contra a opinião de seu melhor amigo e honrando os próprios motivos.

naoya

No entanto, temo que seja necessário dizer que, com um desenvolvimento tão fraco, os acertos na série são completamente ofuscados. A mediocridade de Jogo do Rei é tão absoluta que, interessantemente, acho que o mangá se tornou o meu principal exemplo de decepção em todos os sentidos. Ao terminar o primeiro volume da obra, fiquei com muitas expectativas: consegui ver o comportamento em grupo sendo ainda mais explorado, o terror invadindo o psicológico das personagens e pondo suas relações em conflito… Ansiosa em ler o clímax de uma história cujo primeiro volume já havia sido frenético, pelas pistas que viriam sobre a identidade do Rei…. Posso dizer, tendo terminado o mangá, que foi tão ridículo que chega a ser cansativo recordar.

Acredito que não é pedir demais que um suspense apresente pistas, instigue interesse e curiosidade, que seja divertido ficar tentando descobrir quem é o culpado (no caso, o “Rei”) antes das personagens. Não só o desenrolar da história foi chato nesse sentido, como toda informação era simplesmente jogada, não vemos muito raciocínio por parte de nenhum personagem (no máximo, a Ria cumpriria esse papel, mas nada empolgante). Para piorar, as explicações para todas as mortes e o Jogo em si são cuspidas na cara do leitor, deixando insatisfeito qualquer um que esperava um mínimo de sentido.

Como já dito, os personagens são bem rasos, então não é de surpreender que suas relações sejam igualmente mal trabalhadas. Chega a ser difícil escolher o que é mais artificial, a interação com os colegas ou suas personalidades em si. Poucos fazem qualquer coisa em relação ao jogo, diria até que apenas quatro dos trinta e dois estudantes envolvidos naquela situação absurda parecem ter entendido de fato o que estava acontecendo. Enquanto nosso fantástico protagonista se encarrega da missão de pôr um fim ao jogo do rei e salvar seus coleguinhas, estes parecem que continuaram tocando suas vidas normalmente, apenas a espera de novas ordens, torcendo que estas não os afetassem. Com personagens tão vagos e apáticos, se torna difícil adicionar terror na série. Muito sangue rolou em Jogo do Rei, tivemos várias mortes diferentes… Todas tão absurdas e sem importância, que acredito que ao virar as páginas entediada, eu não estava mais impressionada que as próprias vítimas do jogo. Tem algo mais desestimulante?

nobuaki

Com meia dúzia de momentos interessantes e um desenvolvimento que deixou muito a desejar, Jogo do Rei termina sua história com um final que poderia ter sido muito pior, vide que faltando apenas 8 páginas eu, pelo menos, ainda não tinha ideia do que me aguardava. Depois de toda uma explicação às pressas e do clima apontando para um final que se ocorresse, sinceramente, tornaria o mangá um dos mais idiotas que já li, estava esperando pelo pior… Não direi que foi um bom final, mas dá para ver que o autor tinha uma ideia em mente desde o início, não foi tão bagunçado quanto pareceu. Pena que todo o resto foi mal executado, poderia ter sido um mangá interessante… Nota final: 6/10. Se recomendaria? Apenas o 1º volume, por parecer um spin-off de Bakuman (falo sério, percebendo as semelhanças, é bem engraçado! rs).

Sobre Clara

Sou apaixonada por quadrinhos desde que me entendo por gente, mas desenhar tem espaço no meu coração há mais tempo ainda. Nas horas vagas, costumo ler, assistir anime e fingir que toco piano. Quando não estou tendo pesadelos, estou sonhando com as figures que nunca terei. </3

Afinal, é preciso falar das surpresas desagradáveis também… O último […]

13 thoughts on “Review: Jogo do Rei (Ousama Game)”

  1. 6/10? Jura? Acho que você foi muito boazinha.
    Eu quase joguei meus 5 volumes fora depois de terminar de ler.

    1. Você tem sua razão, sem dúvida… kkkk
      Acho que só não me livro dos meus por ter me apegado um pouco ao Naoya (e realmente ter me divertido com o 1º volume)… Vou tomar o cuidado de nunca reler, a nota provavelmente cairia bastante~ rs

      1. Você lembrou uma questão importante: eu também gostei do primeiro volume. Ou seja, o marketing funcionou. 🙂

  2. Boa, gostei do review. Acho que vou comprar todos os volumes para ler, pois me interessei bastante. (Uai, se interessar por um mangá por meio de um review negativo? Pois é, acontece…).

    1. Que interessante, não esperava por essa! (: Fico feliz que tenha gostado do review.
      Acho muito válido querer tirar as próprias conclusões, depois comenta aqui suas impressões também!

  3. Eu gostei. Claro que o desenvolvimento é meio duvidoso e tem mortas absurdas (morte do decapitação, dai a pessoa da cabeça simplesmente caia). O final foi simplesmente ridiculo e me deu vontade de queimar o último volume, até certa parte eu estava gostando, mas aquelas últimas páginas….podia completamente ter passado sem. Tirando o fato de uma explicação tosca para a identidade do rei e o que motivava as mortes.
    Gostei muito do naoya também, era um personagem fofo. No geral, foi mais para passar tempo, eu comprei já esperando uma obra simplista.

    1. “Tirando o fato de uma explicação tosca para a identidade do rei e o que motivava as mortes.” – eu já não estava gostando muito do mangá desde o 2º volume, mas realmente, essas explicações dadas no 5º vol. foram o pior de tudo.
      No 4º já começam a inventar um monte de coisa, “Vila Yonaki”… Fala sério… Tem até um momento em que o Nobuaki grita pra Chiemi algo como “e você não estranhou nada disso?!”, de tão absurdo que estava a situação… lol Achei tão irônico, nem mesmo os personagens viam credibilidade no plot mais… kkkk

  4. Concordo com alguns dos pontos negativos que foram citados,porém eu gostei,o final não me foi decepcionante apesar de certos absurdos serem realmente jogados e aceitos pelos protagonistas (rasos) e coadjuvantes(ainda piores),também achei a leitura dinâmica e o próprio ritmo da história em si,a arte também é interessante.No fim pra mim que não tinha tanta expectativa valeu a pena pelo mistério e ação frequente.

  5. bom eu muitas vezes me decepcionei com a historia mas nada comparado com o final foi totalmente desestimulante uma explicação ridícula para o Rei porém realmente o final (ultima pagina) foi algo interessante deu a entender se realmente a historia fosse melhor trabalha seria um excelente mangá.

  6. Boa resenha, mas dar 6? Nesse mangá os personagens choram e gritam o tempo inteiro, chega a doer a cabeça quando você está fazendo a recapitulação do capítulo. Sem contar o egoísmo maluco das pessoas envolvidas, quase todos só vão atrás de sobreviver. E o pior de tudo, o diabo dos “closes” no rosto dos personagens, com aqueles tracinhos em volta para dar sensação de movimento, lembra até os comerciais japoneses. Foi uma boa review, mas eu daria um 4.

  7. Eu entendo essa semelhança com Bakuman… Parecia “A sala da verdade”. Eu realmente achei que o final ia ser igual, mas pra mim pareceu que ele morreu no final, certo?

  8. Hahauahuaha, po Clara, adorei as palavras de decepção XD
    Mas sério, 6/10 chega a ser bondade até… Eu dei 4/10 e ainda me acho bonzinho ^^
    E sim, o volume 1 parece spin-off de Bakuman (ainda mais do mangá Classroom of Truth, apresentado dentro de Bakuman).

  9. 6/10? Nossa, quanta gentileza! Eu daria um 3/10 me esforçando pra ser simpática.
    Este mangá é, simplesmente, ridículo! A única coisa que salva é a arte – quando mais realista -, e ainda com esforço, porque tem tantas cenas de emoções exacerbadas que chega a doer! Sabe como é, né? O autor não tem conteúdo, daí capricha nos desenho desnecessário. rsrs

    Todo mundo no mangá era estereotipado, em especial as mulheres.
    A Chiemi conseguiu a proeza de ter a histórinha mais desenvolvida, ainda que tenha sido estuprada (((Aliás, Nobuaki consegue o feito de estuprar duas pessoas diferentes: Chiemi e Naoya. Porque, bem, apagar alguém pra que seja estuprado é: ding, ding, ding! Estupro! E Coagir a sua namorada a estuprar seu melhor amigo pq “vc quer q ele morra, Chiemi?! Seja uma boa garotinha!” também é estupro. Fica a pergunta: Por que o próprio Nobuaki não transou com o Naoya, se queria tanto salvar a vida dele? A ordem não especificou que tinha de ser sexo com uma fêmea))) e servido unicamente como atrativo visual e motivação do protagonista durante o mangá inteiro.

    Todas as mulheres só serviram pra entrar nos arquétipos misóginos de “puta” e “santa”, inclusive. Fora a necessidade gritante que o autor parecia sentir de delinear excessivamente os corpos delas, quase que de forma compulsiva. “É mulher? Então vamos sexualizar muito!” As minas que tiveram mais destaque na história, novamente, só serviram como motivação ao protagonista egomaníaco.
    Violência contra mulheres também é naturalizada na trama. Nobuaki pensa, na humilda, em aconselhar Naoya a estuprar alguém, antes de ter a brilhante ideia do estupro. E eventualmente mulheres são tratadas como objetos e até apanham e a reação geral é: “nossa, gente! Pra q brigar?”. Como se um moleque de uns 90kg enchendo de bolacha uma mulher de, no máximo 40kg, enquanto brada ofensas machistas, fosse só “consequência do stress” e tivesse o mesmo peso de uns gritinhos.

    Lembrar do tipo de personagem com “Complexo do Salvador” que o Nobuaki era já dá enjoo também!
    Basicamente a personalidade dele é composta por “vou salvar todo mundo/Salvar todas princesa!” e “Dsclp q eu n salvei todo mundo”. zzzZZZzZZZ

    Esse final foi, como você bem disse, “Jogado”. Tudo nesse mangá foi “jogado”! Enfiar essa tentativa psicologia fajuta foi patético! Tô com vergonha pelo autor!
    Sugestão pode te fazer se “auto-desmembrar”? Sérinho, podia ter enfiado umas história de demônio e lenda japonesa que tinha sido menos vexatório!

    Não sei se gosto menos dos personagens ou da história em si. Mal consigo contar nos dedos as vezes em que senti profundo tédio durante a leitura!
    Sabe, costumo ler os mangás devagar, para apreciar a arte do mangaká, mas desta vez foi impossível! Ainda que a arte fosse linda, era tãããão repetitiva! E o enredo era tão sem graça que tudo o que eu queria era terminar logo! Só passei do segundo volume porque estava curiosa sobre o final e até nisso me decepcionei, porque foi uma desgraça!
    Me arrependo, amargamente, das horas de vida que eu perdi lendo este lixo! Salvando este autor na minha lista negra, pra nunca mais ler nada do que ele escreva!

    Gostaria de poder voltar no tempo e ler este review antes de perder tanto tempo!

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